Todos os anos os incêndios consomem a mata do Parque Altamiro de Moura Pacheco (PEAMP). Na região da Área de Proteção do Reservatório João Leite, os chacareiros da Fazenda Serrania são os primeiros a avisar o Corpo de Bombeiros. Enquanto as viaturas não chegam, eles se arriscam e improvisam para apagar os focos de incêndio, que muitas vezes, nem mesmo a própria corporação tem dificuldades.
Nesta quarta, 12 de setembro de 2018 não foi diferente. Um grupo de vizinhos que avistou um foco de incêndio tentava apagar as labaredas, enquanto outros faziam a ocorrência para o Corpo de Bombeiros. Enquanto tentavam apagar o fogo com bombas costais, mangueiras e baldes, receberam a notícia pelo grupo de whatsapp dos moradores de que um grande foco de incêndio seguia do meio do Parque para as extremidades. No grupo, há relatos detalhados dos incêndios e o desespero de moradores convocando os vizinhos a ajudarem.
Morador em uma das chácaras da proximidade, Valdis Andris Grants conta que desde que nasceu mora na região e convive com a tristeza quase anual de ver animais e mata queimados. Segundo Valdis, foram sete incêndios em um espaço de 10 anos, o que atingiu cerca de 60% da floresta. Próximo ao reservatório, o pouco da floresta que ainda sobrou na região está localizada nas chácaras, onde as famílias mantiveram espécies nativas e plantaram outras árvores típicas do cerrado.
“Nossos pomares é que alimentam as aves e animais que fogem todos os anos dos incêndios”, diz a chacareira Carmem Lúcia Sousa Lima. Ela ainda informa que muitos já plantaram árvores na tentativa de recuperar as áreas destruídas pelo fogo na floresta, mas o fogo vem e queima tudo novamente. “Nossas propriedades é que estão resguardando o pouco da área verde nativa existente aqui hoje”, lamenta ela.
Os moradores, cerca de 50 famílias, estão participando das discussões da revisão do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Reservatório João Leite e cobraram medidas mais eficazes para o combate aos incêndios. A ideia é transformar a Associação de Moradores da Fazenda Serrania em Associação de Proteção da APA João Leite. “Nós que sempre estamos aqui para cuidar. Podemos ajudar muito”, afirma Carmem.
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