19 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:22

Morador resiste, e prefeitura adia estrutura na nova cracolândia

A gestão Doria (PSDB) suspendeu, na manhã desta quarta-feira (31), a instalação de um ponto para atender e acolher os usuários da nova cracolândia, na praça Princesa Isabel, no centro da capital paulista.

O local concentra o maior número de usuários de drogas desde a realização da operação policial na antiga cracolândia, no dia 21.

Uma série de contêineres com estrutura para chuveiros, banheiros, refeitórios e dormitórios seriam montados em um terreno que pertence à Cohab, na rua general Rondon, a uma quadra da praça. O espaço é murado e a ideia da prefeitura era derrubar o muro para garantir a circulação e um melhor atendimento aos viciados.

Homens da Guarda Civil Metropolitana chegaram a isolar a área para um trator derrubar o muro do terreno, mas a ação foi cancelada após um tumulto no local.

Os moradores e comerciantes da rua disseram que não foram avisados e ficaram revoltados com a iniciativa. A prefeitura decidiu cancelar a instalação da estrutura, mas não informou qual medida irá tomar.

“Não fomos avisados de nada”, confirmou a aposentada Marlene de Oliveira, 57, que reside na rua general Rondon há 23 anos. Segundo ela, a preocupação é que o espaço de atendimento atraia ainda mais usuários à região. “Os dependentes químicos não estão no seu juízo normal, andam com faca e pela droga podem fazer qualquer coisa. Após a chegada deles aumentou a insegurança por aqui”, disse.

Segundo Oliveira, a prefeitura informou aos moradores que os contêineres funcionariam por até quatro meses. “Mas sabemos que isso não vai acontecer. Essa estrutura será permanente e nada será feito para garantir a nossa segurança aqui”, disse a aposentada. Um abaixo-assinado de moradores e comerciantes que será encaminhado à prefeitura pede a retirada da nova cracolândia da praça Princesa Isabel.

Outro aposentado, de 75 anos, que pediu para não ser identificado, diz que a estrutura só vai levar mais sujeira e também maior sensação de insegurança.

“Os usuários fazem as necessidades fisiológicas no asfalto e as mulheres tiram a roupa na frente das crianças. Não tem respeito nenhum”, afirma o morador. Ainda segundo ele, a prefeitura lava a rua todos os dias, mas a sujeira persiste.

Nesta semana, segundo o morador, a fiação de energia elétrica que abastece a iluminação pública da rua General Rondon foi cortada quatro vezes. “Isso é para facilitar a chegada da droga aqui e ninguém ver”, diz.

Resistência

O trabalho de abordagem aos usuários de drogas tem encontrado resistência. De acordo com dados da gestão Doria, dos 5.900 atendimentos realizados por assistentes sociais na região da Luz desde o dia 21, 2.368 não obtiveram êxito.

Outros 3.532 viciados foram encaminhados para acolhimento na rede assistencial da prefeitura, como o Complexo Prates e o CTA (Centro Temporário de Acolhimento). Desde o início da ação, 92 usuários foram internados por conta própria, afirma a prefeitura. (Folhapress)

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