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Nara Almeida é modelo e influenciadora digital. Tem 24 anos, 1,60 m e 40 quilos. O baixo peso é consequência de um câncer de estômago que descobriu em agosto -e o tumor se alastrou para o pâncreas e o peritônio. Desde que teve o primeiro diagnóstico, divide com seus 1,9 milhão de seguidores do Instaram -muitos deles famosos como Tatá Werneck e padre Fábio de Melo que lhe mandam com frequência mensagens de apoio- no dia a dia do tratamento.
“As pessoas têm curiosidade de saber como é que funciona a vida de uma pessoa com câncer. E eu compartilho tudo que eu aprendo, inclusive as dificuldades. Isso vai ajudando os outros também”, diz em entrevista.
Nara -apelido de Elianara- já era conhecida na rede social antes de descobrir a doença, mas sabe que a maioria dos seus fãs virtuais surgiu após seu relato sobre o choque que sentiu ao ler comentários de meninas elogiando sua magreza viralizar.
“Tô chocada com a quantidade de mensagens que recebi perguntando qual dieta eu fiz pra ficar magrinha, todas elogiando e afirmando que estou com o corpo dos sonhos. A realidade é que estou muito abaixo do meu peso, me sinto cansada, estou com anemia e vários outros problemas”, diz o texto publicado na rede social em outubro.
Por causa da doença, Nara não consegue comer. Se alimenta apenas por meio de uma sonda ligada ao seu corpo pelas narinas e que só sai com cirurgia. “Não como nada. No começo, até conseguia tomar sorvete, mas aí passei a vomitar também. De vez em quando, consigo tomar um pouquinho de água, mas é bem pouco.”
MUDANÇA PARA SÃO PAULO
Filha de pais separados, a garota nasceu em Imperatriz, interior do Maranhão, e foi criada pela avó materna desde pequena. A mãe mudou-se de cidade e, por questões financeiras, nunca mais conseguiram se ver.
Só retomaram contato nos últimos dias, com a vida da mãe para São Paulo, onde Nara mora há dois anos. “Vim pra cá [São Paulo] sozinha para trabalhar como modelo, mas já vim com contratos todos assinados”.
A mudança de cidade coincide com as primeiras dores no estômago. “Mas elas só se intensificaram a ponto de eu procurar um médico no começo deste ano.”
NAMORADO
Quando descobriu o câncer, o então “ficante” virou namorado. Decidiram morar juntos, no bairro de Pinheiros, próximo ao ICESP (Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), hospital onde faz o tratamento.
“Ele resolveu cuidar de mim totalmente. Me trouxe para a casa dele e cuida de mim 24 horas, inclusive a noite, nas vezes que eu passo mal.” Pedro Rocha é engenheiro civil e trabalha durante o dia, período em que sua mãe passa na casa do casal, cuidando de Nara.
Sem plano de saúde, todo o tratamento é feito pelo SUS, mas a garota não tem nenhuma queixa de programa governamental. “Minha médica é ótima e sei que estou muito bem assistida. Não teria tratamento diferente se estive no particular.”
Na medida que consegue, continua fazendo trabalhos como modelo. “Esse é o meu sustento. Preciso desse dinheiro para me manter aqui em São Paulo.”
Para a garota, a maior dificuldade do tratamento é lidar com a depressão ?desde que descobriu o câncer, toma antidepressivos e não consegue dormir sem remédio.
“Via histórias de câncer em filmes e nunca imaginava que pudesse acontecer comigo. Sempre achei isso uma coisa muito distante. Foi e continua sendo difícil, mas a gente vai se adaptando, vai se acostumando. Muitas meninas que também estão tratando câncer estão vindo falar comigo e essa troca é muito boa.”
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