23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:18

Ministro do PSB decide até quarta-feira se entrega o cargo

Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho. (Foto: EBC)
Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho. (Foto: EBC)

O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB-PE), enviou mensagem a seus correligionários nesta segunda-feira (22), informando que quer consultar as bancadas do partido na Câmara e no Senado antes de definir se entregará ou não o cargo.

O ministro esteve com o presidente Michel Temer tanto no sábado (20), quando disse que não entregaria o cargo, como no domingo (21). Os encontros aconteceram após a cúpula do PSB pedir a renúncia do peemedebista, mas não ter se pronunciado oficialmente sobre a entrega do cargo.

As reuniões com as bancadas do PSB na Câmara e no Senado acontecem nestas terça (23) e quarta-feira (24), respectivamente.

“O mais fácil e mais cômodo, sem dúvida nenhuma, seria entregar o cargo o quanto antes. Porém, os meus princípios me afastam da comodidade da covardia e me fazem ter a necessária consideração e respeito com as pessoas que me prestaram sua total confiança, incluindo, logicamente, a bancada do meu partido, com quem irei debater minha situação antes de qualquer posicionamento definitivo”, afirma o ministro.

“Tendo em vista a reunião da bancada na Câmara Federal amanhã e a do Senado na quarta, aguardarei a realização das duas reuniões para final avaliação”, diz Fernando Filho na mensagem.

O governo contabiliza ter 14 ou 15 votos dos 35 integrantes da bancada. A ala pró-governo do partido tem uma reunião nesta segunda-feira.

O Palácio do Planalto tem procurado minimizar as deserções na base, mas já sentiu o impacto da crise sobre os aliados neste domingo, quando Temer se viu obrigado a transformar um jantar no Palácio da Alvorada em uma reunião informal, devido ao baixo quórum.

Além da possibilidade de Fernando Filho entregar seu ministério nesta semana, o governo pode ver a saída de seu principal aliado, o PSDB. Os tucanos aguardam a sessão de quarta-feira do STF (Supremo Tribunal Federal), quando o plenário decidirá sobre o pedido feito por Temer para suspender o inquérito aberto contra ele por corrupção passiva, obstrução de Justiça e formação de organização criminosa.

O PSDB do Rio de Janeiro, com apenas um deputado federal, pediu a renúncia de Temer no fim de semana.

A expectativa é de que um eventual desembarque do PSDB tenha a saída do DEM como consequência imediata, apesar dos esforços do presidente da legenda, senador Agripino Maia (RN), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assumiria a Presidência da República caso Temer deixe o cargo.

No PPS, partido que entregou o Ministério da Cultura, mas manteve-se no Ministério da Defesa, o governo conta com três dos nove deputados.

Segundo dois auxiliares do presidente ouvidos pela reportagem, o Podemos (ex-PTN), que também havia rebelado publicamente, acalmou-se com a manutenção de seus cargos na Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e deve manter o apoio de seus 13 deputados.

Esses auxiliares dizem que a legenda vai se manter no governo, apesar de ter se declarado independente para receber os senadores Álvaro Dias (PV-PR) e Romário (PSB-RJ).

Leia a íntegra da mensagem do ministro Fernando Filho (Minas e Energia):

“Caros colegas,

Os últimos dias não tem sido fáceis, tenho conversado com muitos na bancada e no parlamento para poder interpretar esse momento que estamos vivendo.

Quero, antes de mais nada, esclarecer a todos que não dei entrevista para nenhum veículo de comunicação.

Esse ano, faço 12 anos de filiado ao PSB e 10 anos como deputado federal do partido na Câmara e durante todo esse período pautei minha atuação, sobretudo, respeitando as pessoas.

Fui indicado para o Ministério pelo apoio de nossa bancada, a quem sou imensamente grato, e contei durante todo o tempo com a total confiança do Presidente da República para construirmos uma alternativa ao país que tirasse o Brasil da maior recessão de sua história. Infelizmente, nos primeiros sinais de recuperação da nossa economia, mais uma crise.

O mais fácil e mais cômodo, sem duvida nenhuma, seria entregar o cargo o quanto antes. Porém, os meus princípios me afastam da comodidade da covardia e me fazem ter a necessária consideração e respeito com as pessoas que me prestaram sua total confiança, incluindo logicamente a bancada do meu partido, com quem irei debater minha situação antes de qualquer posicionamento definitivo.

Tendo em vista a reunião da bancada na Câmara Federal amanhã e a do Senado na quarta, aguardarei a realização das duas reuniões para final avaliação.” (Folhapress)

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