O Ministério Público de Goiás (MPGO) e a Corregedoria da PMGO em investigação sigilosa denunciaram 7 policiais militares por tortura e tentativa de homicídio contra um major durante um curso do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Base Aérea de Anápolis. Segundo o Metrópoles, os crimes aconteceram em 2021, mas a denúncia do MPGO contra 7 PMs, que ainda não foi acatada pelo Judiciário, foi feita apenas agora em 2024.
Segundo as investigações, o major foi torturado com varadas, pedaços de madeira e açoites de corda durante três dias seguidos no evento do curso chamado “Momento Pedagógico”. Como resultado, o major desmaiou e entrou em coma, precisando ficar vários dias intubado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nos autos do processo consta que os policiais esconderam o caso dos familiares e tentaram forjar uma possível morte dele, simulando que a causa seria uma infecção por Covid-19.
Certos de que o estado de saúde do ofendido havia atingido níveis críticos e que, por certo, ele não se recuperaria, preferiram aguardar até o seu esperado falecimento, quando poderiam entregar o seu corpo em um caixão lacrado à família, alegando a contaminação pela Covid e impedindo que os fatos viessem à tona e fossem investigados.
Ministério Público por meio de denúncia assinada por três promotores por questões de segurança
Diagnóstico de Covid descartado
Após ser atendida em um hospital de Anápolis, a vítima foi transferida para um hospital de confiança dos militares e era monitorada por um coronel médico, integrante do curso do Bope. A descoberta aconteceu após a mulher do major, que é promotora de Justiça, estranhar o fato do marido estar hospitalizado com o corpo completamente coberto por um lençol e acompanhado por um médico fardado e armado.
Na unidade, ele estava sem receber os procedimentos necessários e, ao ter acesso ao laudo do primeiro hospital, a mulher percebeu que não se tratava de Covid-19. Por fim, ele foi transferido para o Hospital Anis Rassi, em Goiânia, onde foram descobertas as lesões corporais gravíssimas. O diagnóstico de Covid foi novamente descartado.
Major teve sequelas após tortura
Após ter alta médica, o major sofreu uma perda parcial de movimentos de um lado do corpo e teve 30% dos rins comprometidos. Ele também foi promovido para tenente-coronel, e teve o diploma do curso aceito pela PM. Porém, os acusados seguem atuando normalmente e apenas 3 deles foram punidos com 12 horas de serviço, mesmo com o indiciamento da Corregedoria. O MP pede que os denunciados sejam afastados de suas funções e que seus armamentos sejam recolhidos.
Em nota, a PM de Goiás informou que o inquérito policial militar sobre o caso foi concluído e devidamente encaminhado para a Justiça Militar. “A Polícia Militar reafirma seu compromisso com o cumprimento da lei e a colaboração com as autoridades judiciais”, escreveu no documento.
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