O Ministério Publico de Goiás resolveu agir em relação aos envolvidos na Operação Monte Carlo, em Goiás. Mas, é perceptível uma disputa interna sobre a condução da investigação. É fato que o MPE-GO é um corpo com pensamentos diferentes que aparecem principalmente nas disputas internas. Por exemplo, na sessão do dia 23 de março passado, o procurador Ailton Vecci manifestou “solidariedade” ao investigado Demóstenes Torres. Independente, disso, foi aberto procedimento de investigação contra Marconi Perillo(PSDB).
A Portaria nº 1/2012, que instituiu a investigação foi publicada nesta quinta-feira (17/5), no Diário Oficial Eletrônico do Ministério Público de Goiás. O documento instaura procedimento preparatório para apuração inicial de suspeitas de irregularidades que pesam contra o governador Marconi Perillo em decorrência de informações divulgadas relativas às Operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal (PF).
A portaria é assinada pelo procurador Pedro Tavares, em exercício como Procurador-Geral de Justiça, tendo em vista o impedimento declarado pelo procurador Benedito Torres Neto, irmão de Demóstenes Torres(SEM PARTIDO).
O procurador Pedro Tavares já havia determinado a distribuição de todas as representações relativas a envolvidos na Operação Monte Carlo à promotora Fabiana Zamalhoa, do Núcleo de Defesa do Patrimônio do Ministério Público de Goiás (MPE). E são várias que chegaram por lá, originadas de diversos lugares.
Em outra via, mais ampla e específica, envolvendo outros participantes além de Perillo, o promotor Fernando Krebs, também do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, representou ao decano ao procurador Pedro Tavares, a solicitação para abertura de inquérito por improbidade contra o governador Marconi Perillo e outros envolvidos na Operação Monte Carlo. (LEIA O DOCUMENTO )
Krebs, escreveu, na representação pela abertura da investigação que “As relações de “Carlinhos Cachoeira” com o Governador Marconi Perillo e todo o seu governo merece uma profunda investigação do Ministério Público, vez que foi noticiado que o bicheiro exercia larga influência no Poder Executivo goiano”. Ele cita indicações feitas para cargos, entre eles, secretaria da indústria e comércio, chefia do gabinete do governador e Detran/GO.
A investigação por improbidade administrativa alcança apenas o governador Marconi Perillo, em virtude do foro privilegiado que tem e do limite da ação do Ministério Público contra ele. Enquanto isso, secretário da segurança pública, João Furtado, os procuradores do Estado, Ronaldo Bicca e Marcelo Marques Siqueira, são investigados também conforme os artigos 317 e 319 do Código Penal, além da suspeita de improbidade.
Na petição do promotor Fernando Krebs, indica que “pesa sobre o governador de Goiás fundadas suspeitas de que teria vendido uma casa localizada no condomínio de luxo goianiense Alphaville Flamboyant a Carlinhos Cachoeira, pelo valor de R$ 1,4 milhão, sendo que havia declarado o imóvel no valor de R$ 417.816,13 ao Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de 2010”.
O promotor relata as dúvidas sobre quem seria o real comprador da casa vendida pelo governador e o processo de intermediação supostamente feito por Wladmir Garcez, ex-vereador, e que está preso pela Operação Monte Carlo. Há várias ligações e contatos de Garcez com o governador nas escutas telefônicas da investigação.
A justificativa de Fernando Krebs é indicado que a casa de Marconi Perillo tem como compradora a Mestra. Mas, “em declarações prestadas na CPMI do Cachoeira, o Delegado de Polícia Federal Matheus Mela Rodrigues afirmou que os três cheques dados pela casa que pertenceu a Marconi Perillo eram de Leonardo Almeida Ramos, sobrinho de Carlinhos Cachoeira”.
A instauração do procedimento de investigação do Ministério Público de Goiás aponta também as suspeitas sobre a evolução patrimonial do governador Marconi Perillo, a partir das notícias divulgadas na transação comercial da casa do condomínio Alphaville com Carlinhos Cachoeira.
Em relação ao secretário de segurança pública, João Furtado, a iniciativa do inquérito aponta que “a suspeita de receber mensalmente R$10.000,00 do grupo de Carlinhos Cachoeira e de cobrar pedágio para realizar os pagamentos pelos contratos firmados pelo Estado de Goiás, com a interveniência da SSP/GO, com a DELTA”.
Além disso, os indícios relatados pelo Ministério Público envolvem dois procuradores do Estado de Goiás.
O documento relata: “O grupo de “Carlinhos Cachoeira” seria responsável em pagar o aluguel da casa de RONALD BICCA no condomínio Jardins Atenas, em Goiânia. De seu turno, MARCELO MARQUES SIQUEIRA teria perseguido apenas contraventores adversários de “Carlinhos Cachoeira”, preservando este da ação fiscalizadora do Estado. No mais, nos áudios da Operação Monte Carlo, vazados na imprensa, o “Marcelão da AGANP” mencionado por “Carlinhos Cachoeira” seria Marcelo Marques Siqueira, que, inclusive, teria participado da entrega dos R$ 500.000,00 na sede do Governo do Estado de Goiás”.
Enquanto não é divulgada a resposta à representação feita pelo promotor Fernando Krebs, o procurador Pedro Tavares informou, na portaria 01/12, que a solicitação ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, do compartilhamento integral das provas obtidas, com o encaminhamento de cópia das informações e dados colhidos nos inquéritos ou peças de informação relacionados às Operações Vegas e Monte Carlo.
Na portaria, o procurador determinou a tramitação em sigilo do procedimento, “por se tratar de informações derivadas de interceptações telefônicas”.
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