O Ministério da Saúde emitiu nesta sexta-feira, 26, uma “comunicação de risco” sobre a nova variante do coronavírus identificada como B.1.1.529 na África do Sul. No alerta, a pasta afirma que a vacinação “provavelmente” contribuirá na resposta à doença, destaca que medidas como o uso de máscara, o distanciamento social e o isolamento de casos suspeitos são “essenciais” e aponta que, até agora, nenhum caso dessa variante foi identificado no Brasil.
A “comunicação de risco” é um documento produzido pelo Ministério da Saúde para “apoiar na divulgação rápida e eficaz” de dados que ajudem na “tomada de medidas de proteção e controle em situações de emergência em saúde pública”. “Estar vigilante é fundamental”, aponta o documento de 12 páginas.
O Estadão apurou que a Saúde já fez reuniões multidisciplinares, com servidores de diferentes secretarias, como a de Vigilância em Saúde (SVS) e a Extraordinária de Enfrentamento à Covid (Secovid) para tratar da nova variante. A previsão é de que as equipes continuem discutindo a extensão do que está ocorrendo na África do Sul e os impactos em outros países, incluindo o Brasil, durante o fim de semana.
A avaliação da Saúde, no comunicado, é de que “a vacinação irá provavelmente contribuir para a resposta” e “as medidas não farmacológicas continuam sendo essenciais até que as vacinas estejam disponíveis em número suficiente e demonstrem ter um efeito atenuante”.
O número de pessoas vacinadas com ao menos uma dose contra a covid-19 no Brasil até esta quinta-feira, 25, chegou a 158.447 349, o equivalente a 74,28% da população. Um total de 52 mil pessoas receberam a primeira aplicação da vacina, de acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto a secretarias de 26 Estados e Distrito Federal.
Entre os mais de 158 milhões de vacinados, 131,64 milhões estão com a imunização completa contra o coronavírus, o que representa 61,72% da população total. Em 24 horas, 1,27 milhão de pessoas receberam a segunda dose e outras 23,1 mil receberam um imunizante de aplicação única.
As diretrizes de prevenção e controle para a B.1.1.529 continuam as mesmas já apontadas pela própria Saúde, segundo o documento. Os procedimentos devem ser seguidos “de forma integrada, a fim de controlar a transmissão da covid-19 e suas variantes, permitindo também a retomada gradual das atividades desenvolvidas pelos vários setores e o retorno seguro do convívio social”.
“Entre as medidas indicadas pelo MS, estão as não farmacológicas, como distanciamento social, etiqueta respiratória e de higienização das mãos, uso de máscaras, limpeza e desinfeção de ambientes e isolamento de casos suspeitos e confirmados conforme orientações médicas”, informa o comunicado.
O documento da Saúde também destaca as ações que devem ser tomadas pelos profissionais de saúde na identificação de qualquer nova variante, incluindo a B.1.1.529. A notificação deve ser “imediata” à vigilância epidemiológica local.
Segundo o Ministério da Saúde a investigação de casos de novas variantes deve seguir um passo a passo, que inclui o monitoramento de viajantes com sinais e sintomas declarados por pelo menos 14 dias e de viajantes assintomáticos pelo menos por 7 dias.
NOVA VARIANTE
A comunicação do Ministério da Saúde afirma que a pasta sul-africana emitiu um alerta ontem sobre a nova variante. A B.1 1.529 foi identificada em 23 de novembro em amostras coletadas entre 12 e 20 do mesmo mês, na província de Gauteng, de acordo com o documento da Saúde brasileira.
“O expressivo aumento de casos entre as Semanas Epidemiológicas de 44 a 46 em Tshwane detectados por PCR, identificou nova variante, com mais de 30 mutações na proteína S, a partir do sequenciamento completo. Houve aumento de casos em várias províncias do país”, destaca trecho do relatório do Ministério da Saúde.
“Existem 66 isolados registrados distribuídos entre 58 África/Gauteng; 6 África/Botswana; 2 Ásia/Hong Kong. Os dados do Ministério da Saúde da África do Sul apresentam, até o momento, 77 casos localizados na província da Gauteng, mas acredita-se que os casos possam estar nas demais províncias devido ao aumento de casos exponencialmente.”
Por Julia Affonso – Estadão Conteúdo
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