20 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:57

Ministério da Agricultura cita outras irregularidades e afasta 33 servidores

O Ministério da Agricultura afirmou que, além de carne bovina, a operação “Carne Fraca” identificou irregularidades em outros produtos, como mortadela, salsicha, carne de aves e ração de animais de estimação.

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, afirmou nesta sexta-feira (17) que interditou três unidades de empresas investigadas.

No caso da BRF, foi interditado um frigoríficos de carne de aves em Mineiros (GO). Já a Peccin Agroindustrial teve duas unidades de embutidos (salsicha e mortadela) interditadas pela pasta, uma em Jaraguá do Sul (SC) e outra em Curitiba (PR).

Segundo Novacki, a pasta afastou 33 servidores envolvidos na operação -destes, quatro servidores exerciam cargos de confiança e foram exonerados.

“As primeiras denúncias aconteceram há quase sete anos, e as investigações começaram há dois anos”, disse o secretário. “Desde que chegamos, o ministro determinou que a série de procedimentos fossem estudados e verificados, entre eles o procedimentos de inspeção. Situações como essa causam um dano à imagem”.

Apesar de admitir que é possível rastrear, na embalagem dos produtos, de qual frigorífico ele se originou, o secretário não informou os códigos, afirmando que estes estão sendo levantados e serão informados na próxima segunda-feira. Ele aconselhou a população a verificar o estado da carne, e informar a pasta se detectar alguma irregularidade.

A pasta organizou uma coletiva de imprensa nesta sexta para se posicionar sobre a Operação “Carne Fraca”, que pretende desarticular uma suposta organização criminosa liderada por fiscais do Ministério da Agricultura, que, com o pagamento de propina, facilitavam a produção de produtos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.

A investigação revelou até mesmo o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, por alguns frigoríficos, e a re-embalagem de produtos vencidos.

Segundo a investigação, os frigoríficos exerciam influência direta no Ministério da Agricultura para escolher os servidores que iriam efetuar as fiscalizações na empresa, por meio do pagamento de vantagens indevidas.

Os fiscais recebiam os valores, muitas vezes, dentro de isopores, por transferências bancárias em nome de terceiros ou até como picanhas e outras carnes nobres.

Alguns dos principais frigoríficos do país estão na mira da operação, como BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e JBS, dona das marcas Seara e Big Frango. No total, cerca de 30 empresas estão na mira da operação, incluindo fornecedoras dos grandes frigoríficos.

Outro lado

As empresas investigadas negam irregularidades e asseguram a qualidade dos produtos.

A JBS, por meio de sua assessoria, afirma em nota que a empresa “e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas”.

A BRF diz, por meio de comunicado, que está colaborando com as autoridades. Ela afirma não compactuar com práticas ilícitas e que seus produtos e a comercialização deles seguem “rigorosos processos e controles”.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que todos os produtos exportados pelo país são fiscalizados por técnicos nacionais e estrangeiros. “O Brasil é reconhecido internacionalmente pela qualidade e status sanitário de seus produtos, que são auditados não apenas pelos órgãos brasileiros como também por técnicos sanitários dos mais de 160 países para os quais exporta”, diz em nota.

A entidade ainda afirma que eventuais falhas são exceções. “São questões pontuais, que não refletem todo o trabalho desenvolvido pelas empresas brasileiras durante décadas de pesquisas e investimentos, para ofertar produtos de alta qualidade.” (Folhapress)

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