12 de setembro de 2024
Brasil

Militares da Venezuela abrem fogo contra opositores e matam 2 perto da fronteira com o Brasil

Aplicativo Flight Radar mostra imagens do desvio do espaço aéreo na Venezuela em 22fev2019
Aplicativo Flight Radar mostra imagens do desvio do espaço aéreo na Venezuela em 22fev2019

Militares venezuelanos abriram fogo contra um grupo de civis que tentava manter aberto um trecho da fronteira da Venezuela com o Brasil na manhã desta sexta-feira (22). Ao menos duas pessoas morreram e outras 22 ficaram feridas.
O ditador Nicolás Maduro ordenou o bloqueio da fronteira entre os dois países na noite de quinta-feira (21), para impedir a entrada de ajuda humanitária no país.
Segundo o jornal Washington Post, às 6h30 desta sexta, um comboio militar se aproximou de um ponto de controle próximo a uma comunidade indígena na vila de Kumarakapai, perto de uma das vias que ligam os dois países.
Quando um grupo de pessoas tentou bloquear a passagem do comboio, soldados abriram fogo, ferindo ao menos 22 pessoas, segundo o jornal El Nacional. Uma das vítimas é Zorayda Rodriguez, 42.
Pessoas que foram feridas na parte de cima do corpo foram levadas para Boa Vista, em Roraima, segundo o El Nacional.
Após o ataque, ao menos 30 moradores dos arredores foram ao local e sequestraram três funcionários do governo. Segundo Tamara Suju, advogada e defensora dos Direitos Humanos, eles só serão liberados pelos indígenas caso o ministro da Defesa da Venezuela, Padrino López, vá buscá-los pessoalmente.
Os ativistas que fizeram o bloqueio pertencem ao grupo indígena Pemones, que se uniu ao esforço da oposição para ajudar a receber a ajuda humanitária enviada pelos EUA.
O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido por 50 países (incluindo o Brasil) como presidente interino, se comprometeu a fazer chegar “de uma forma ou de outra” a ajuda humanitária ao país a partir de diversos pontos na fronteira, neste sábado (23).
O envio de ajuda para os venezuelanos que sofrem com a crise econômica se tornou um foco de luta de poder entre Maduro e Guaidó. O ditador teme que a entrega seja um disfarce para facilitar uma intervenção dos Estados Unidos, e ordenou aos militares que impeçam a entrada dos mantimentos, enquanto o opositor pede ao Exército que libere a passagem dos carregamentos. As Forças Armadas seguem leais a Maduro.
Os Estados Undos dizem que “todas as opções estão sobre a mesa” e, nos últimos dias, têm pressionado o Brasil para que o país use força militar para entregar ajuda humanitária à Venezuela.
A área de Defesa brasileira resiste à ideia por temer que a situação escale para um conflito, e também vetou a sugestão de que soldados americanos participassem da operação.
Nesta sexta, a Rússia acusou os Estados Unidos de usar a ajuda humanitária enviada à Venezuela como “um pretexto para uma ação militar” para derrubar o presidente Nicolás Maduro.
“Há informações de que empresas norte-americanas e aliados dos Estados Unidos na Otan estudam a compra de uma importante quantidade de armas e munições de um país do leste da Europa, com o objetivo de entregá-las para as forças de oposição da Venezuela”, disse Maria Zajarova, porta-voz da diplomacia russa.
A China também questionou a entrega de comida e remédios. “Se a chamada ajuda humanitária chegar a ser enviada à força para a Venezuela, poderá desencadear um conflito e provocar graves consequências”, disse Geng Shuang, porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China. “Isso é o que ninguém quer ver.”


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