“Meu papel como presidente da Câmara é não ter posição sobre esse assunto”, disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao ser questionado sobre as denúncias contra o presidente Michel Temer. A declaração foi dada em entrevista ao programa “Conexão Roberto D’Avila”, transmitido nesta segunda (17) à noite pela “Globonews”.
“Nesse momento tenho trabalhado diariamente para me colocar mais como presidente da Câmara do que aliado do governo”, continuou.
Maia colocou panos quentes na crise política enfrentada pelo governo e garantiu lealdade a Temer, negando articulações para substituí-lo. “Da minha parte não haverá movimento que prejudique Michel Temer. Dentro de casa sou cobrado todo dia a ser leal. Isso que tenho tentado fazer. O que me resta a não ser cobrar do meu partido lealdade?”
O presidente da Câmara ressaltou que a Casa tem um papel fundamental na estabilidade do país e que, por isso, precisa “tomar muito cuidado com as palavras”.
“Qualquer posição minha pode atrapalhar.” Ele também criticou as “fofocas e intrigas” que circulam no Planalto. “O Palácio tem que falar menos, isso é uma coisa que atrapalha o governo. Muita gente falando em off.”
Maia também minimizou as trocas de parlamentares na Comissão de Constituição e Justiça, orquestradas pelo governo para rejeitar o parecer do então relator Sergio Zveiter (PMDB), favorável à aceitação da denúncia. “Cada um dos parlamentares que não estava na comissão poderá votar no plenário”, afirmou, ressaltando que o regimento permite a manobra.
Indagado sobre o fatiamento das denúncias contra Temer, Maia afirmou que o ideal para o Brasil era que houvesse apenas uma votação. “Mas a decisão foi essa e não estou aqui para fazer críticas a outras instituições.”
DELAÇÃO DA ODEBRECHT
Alvo de dois inquéritos no STF resultantes das colaborações premiadas de ex-executivos da Odebrecht na Lava Jato, Maia disse que fará a defesa quando for chamado e que provará a própria inocência. “É importante que o inquérito avance para mostrar que não existem provas em relação ao que foi dito”, afirmou.
SISTEMA ELEITORAL
O presidente da Câmara disse que o sistema eleitoral brasileiro faliu e precisa ser renovado. “Não defendo apenas o fim das coligações e a cláusula de desempenho. É pouco. O sistema que tentamos colocar é o distrital misto.”
REFORMAS
Maia defendeu a reforma trabalhista e afirmou que o modelo anterior “falava em proteção, mas gerava desemprego”. Ele também disse que a reforma da previdência é fundamental. “O deficit é tão brutal e crescente que vai chegar o momento que ou a inflação vai voltar muito forte ou o governo não vai ter dinheiro para pagar a aposentadoria.”
“Estamos reduzindo os privilégios dos que ganham muito para que o trabalhador simples possa ter certeza de que vai receber sua aposentadoria no futuro”, concluiu.
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