O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, afirmou nesta segunda-feira (18), em entrevista ao Diário de Goiás, que acredita na recuperação do ano letivo da instituição em sua integralidade, mesmo que a readequação por conta da epidemia de Covid-19 demande tempo.
As aulas na UFG estão suspensas desde 16 de março, quando também houve a paralisação nas escolas públicas e privadas de Goiás. Apesar do tempo perdido e da incerteza que o cenário oferece, o reitor vislumbra uma readequação de calendário que não comprometerá o ano letivo.
“É absolutamente recuperável. Não jogo a toalha. Tem muitas pessoas nessa expectativa. Precisamos garantir segurança, isonomia e qualidade. Já tivemos paralisações de mais de 90 dias e hoje estamos com 60 dias. A gente já conseguiu recuperar paralisações superiores a 90 dias. O ano da UFG não está submetido ao ano civil. Vamos reajustar o calendário e, certamente, vamos gastar dois ou três anos para cair no ano civil de novo. Mas isso não é um impeditivo”, ponderou.
Sem perspectiva de retorno
Madureira acredita na integralidade do ano letivo, mas pontua que ainda não há nenhuma perspectiva de volta às aulas. Conforme o reitor, a evolução da epidemia ainda traça um cenário totalmente nebuloso para o retorno das atividades na UFG.
“A pergunta recorrente de todos é ‘quando a universidade volta? quando voltam as aulas?’ Essa resposta estou procurando também. Ninguém consegue dar essa resposta, pois não temos um quadro definido para falarmos que vamos voltar em julho, agosto ou janeiro. Mesmo especialistas não conseguem dizer isso com precisão. E é muito compreensível, pois não temos ainda o tratamento para a doença. Não temos uma quantidade de testes em grande volume para testar a população em massa e não temos vacina. Qualquer volta agora traz muito risco”, argumentou.
O reitor prega respeito às normas sanitárias e diz que vai “andar em sintonia com os demais níveis da educação”. Ele também cita exemplos de universidades dos Estados Unidos, que descartaram retorno de aulas presenciais em 2020, mas ressalta que este, não necessariamente, será o quadro da UFG. “Alguns especialistas acham que não voltamos este ano. Não afirmo isso, pois não tenho elementos para isso”.
EaD
Como os demais níveis da educação, a UFG também recorrerá ao Ensino a Distância (EaD). A universidade não tem um planejamento pronto, mas vem discutindo a formatação de um modelo há cerca de um mês. Conforme Madureira, nem todas as atividades podem ser realizadas remotamente. As que puderem, terão que cumprir requisitos de segurança, isonomia e qualidade.
Um grupo de trabalho vem discutindo a implementação do EaD, avaliando a infraestrutura que a UFG dispõe para ofertar a modalidade e quais atividades poderão ser incluídas. “Não nos preparamos para cursos presenciais migrarem imediatamente para EaD. O próprio professor precisa ser capacitado. Nem todos estão prontos. Os conteúdos não estão prontos”, disse Madureira.
A principal preocupação é com estudantes que não dispõem das ferramentas necessárias para acompanhar aulas a distância. “Temos estudantes de baixíssima renda e precisamos prover os bens para esse estudante ter acesso”, afirmou o reitor. Um questionário foi aplicado a 8 mil alunos e, a partir dele, o Conselho Universitário fará uma resolução de como e em quais atividades o EaD será implementado.
Aulas a distância, conforme o reitor, devem se tornar comuns na universidade num período de 12 a 18 meses, até que a Covid-19 esteja totalmente sob controle. A necessidade de oferecer um espaço seguro, sem aglomerações, marcará modificações na UFG por um grande período.
“Quando voltarmos, a gente não tem como voltar na situação plena de uma universidade. Teremos que combinar atividades remotas com presenciais, talvez fazendo rodízio de turmas, disciplinas. Isso será um processo contínuo, com vigilância evento a evento para saber como tratar. Tudo será muito novo”, destaca.
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