A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados enviou à Corregedoria Parlamentar as denúncias contra 15 envolvidos no protesto que resultou na invasão da mesa e no atraso da abertura dos trabalhos da Casa, e agora eles podem ter seus mandatos suspensos. Até a quarta-feira (13), a Corregedoria analisa os fatos. Cabe ao Conselho de Ética a decisão final.
Em nota divulgada na sexta-feira (8), a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara confirmou que a Mesa Diretora decidiu “pelo imediato encaminhamento de todas as denúncias à Corregedoria Parlamentar para a devida análise”.
Após passarem pela Corregedoria, onde as imagens serão analisadas, os processos voltarão à Mesa Diretora para, então, irem ao Conselho de Ética. A suspensão pode durar até seis meses.
As representações envolvem inclusive líderes de partidos: o do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o do Novo, Marcel van Hattem (Novo-RS), o da oposição, Luciano Zucco (PL-RS). Mas no bolo também constam vice-líderes do bloco, como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ). Além disso, sobrou até para o presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, Paulo Bilynskyj (PL-SP), mas também há uma parlamentar governista, Camila Jara (PT-MS).
Imagens
Fotografias e vídeos mostram o tumulto em torno da ocupação da Mesa Diretora ao longo da semana, além de confusão e afronta ao presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) quando ele tenta assumir os trabalhos. Os deputados alegavam que não sairiam enquanto ele não se comprometesse a pautar a anistia aos réus por envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Mas estava em jogo no motim, também o projeto que busca acabar com o foro privilegiado porque muitos deles querem escapar de provável julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em processos sobre desvios de emendas parlamentares.
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O local foi desocupado sem acordo com Motta, mas com sinalização de parte do Colégio de Líderes de que a maioria dos partidos apoiariam o projeto relativo ao fim do foro.
O empurrão em Nikolas
Na lista estão 14 oposicionistas denunciados e a governista Camila Jara também que acabou se tornando alvo de representação, apresentada por Sóstenes Cavalcante. Ela foi acusada pelo deputado Nikolas Ferreira de tê-lo empurrado na confusão, momento em que ele caiu.
Fisicamente franzina, a deputada ironizou a acusação e a assessoria dela negou qualquer agressão alegando ter havido um “empurra-empurra” em que a parlamentar afastou Nikolas, que teria se desequilibrado e caído no chão.
Confira a lista de deputados representados à Corregedoria Parlamentar:
- Nikolas Ferreira (PL-MG)
- Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
- Carlos Jordy (PL-RJ)
- Zucco (PL-RS)
- Marcel van Hattem (Novo-RS)
- Zé Trovão (PL-SC)
- Bia Kicis (PL-DF)
- Paulo Bilynskyj (PL-SP)
- Marcos Pollon (PL-MS)
- Júlia Zanatta (PL-SC)
- Allan Garcês (PP-MA)
- Caroline de Toni (PL-SC)
- Marco Feliciano (PL-SP)
- Domingos Sávio (PL-MG)
- Camila Jara (PT-MS)
Ofício de petistas pede a suspensão
Na sexta-feira, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), apresentou à Mesa Diretora um ofício em que pedia a abertura de processo disciplinar e a suspensão cautelar de cinco parlamentares bolsonaristas que protagonizaram a invasão e tomaram posse da Mesa Diretora.
Marcos Pollon foi o último a levantar-se da cadeira da Presidência da Câmara. Acusado de impedir a retomada dos trabalhos, ele já tinha xingado o presidente Hugo Motta (Republicanos/PB) alguns dias antes.
O deputado respondeu pelas redes sociais sobre as acusações que podem custar a suspensão do mandato. Alegando ser “autista” e que não entendia o que estava acontecendo, disse que apenas sentou-se momentaneamente na cadeira de Motta para pedir conselhos a Van Hattem, que ocupava a cadeira ao lado.
Já o deputado Zé Trovão, segundo o PT, o PSB e o PSOL, é acusado de tentar impedir fisicamente o retorno de Motta à Mesa Diretora.
A deputada Júlia Zanatta é acusada de usar a filha de quatro meses como “escudo”, além de colocar a bebê em ambiente de risco e de tensão.
Já Bilynskyj é acusado de “tomar de assalto e sequestrar” a Mesa Diretora do Plenário e de ocupar a Mesa da Comissão de Direitos Humanos, impedindo o presidente da comissão de exercer suas funções. O ofício, segundo publicou a Agência Brasil, também citou uma agressão ao jornalista Guga Noblat, flagrada por câmeras.
Os demais parlamentares do PL foram incluídos em uma representação individual do deputado João Daniel (PT-SE).
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