07 de agosto de 2024
Brasil • atualizado em 26/11/2020 às 09:52

“Mercado está de olho no cronograma da vacina”, afirma presidente do Banco Central

Campos Neto participou de um evento promovido pelo Banco Sicoob
Campos Neto participou de um evento promovido pelo Banco Sicoob

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto disse na tarde desta quarta-feira (24/11) que o setor financeiro está bastante interessado na concepção de uma vacina para imunização do novo coronavírus e que o olhar agora se dirige à um cronograma para vacinação. “A pandemia foi o que ditou a política macroeconômica de curto prazo”, pontuou.

Neto participava do 4º Painel de Cooperativismo Financeiro, promovido pelo cooperativa financeira, Sicoob Engecred. Ele destacou que o mercado agora deixa de olhar para o que os governos estão fazendo com relação à ajudas financeiras e pacotes fiscais e mira no cronograma da vacinação. “Minha leitura de mercado é que o mercado parou de se concentrar nas ajudas financeiras de países, pacotes fiscais e o mercado passou a se concentrar mais no cronograma de vacinação. Isso significa que os agentes de mercado que tem uma vacina a caminho e agora a preocupação é com o cronograma da vacinação e a logística do processo”, salientou.

Ele destaca que apesar da segunda onda da covid-19 ter vindo na maioria dos países europeus, ela foi menos letal que a primeira, o que de certa forma, também dá confiança ao mercado no processo de reabertura dos países. “Apesar da segunda onda ter sido maior, quando a gente olha o gráfico de óbitos, é bem menor. Apesar da segunda onda ser maior em casos, os óbitos caíram por várias razões: a contaminação na segunda onda é mais em jovens, os métodos de tratamento melhoraram, estão testando mais, então casos diários confirmados estão relacionados a teste.”

Neto também pontuou que a queda da indústria brasileira foi uma das menores no mundo. “Quando falamos de indústria mundial o Brasil foi um dos que menos caiu. É o que recuperou mais rápido de todos. A gente tem uma recuperação bastante forte. Em termos de PMI é um dos mais altos do mundo”.

Plano fiscal
No evento, o presidente do BC voltou a defender a necessidade de que o país retome as reformas estruturais após o fim da pandemia. Segundo ele, um plano fiscal precisa ser levado a cabo para conter a dívida pública, que cresceu durante o surto global de covid-19.

“O problema principal do Brasil agora é a dívida grande para administrar. Um ponto super importante, talvez ponto chave, é conquistar credibilidade com a continuação das reformas e com um plano que indique a clara percepção para investidores que país está preocupado com trajetória da dívida pública”, comentou.

Campos Neto lembrou que a curva de juros doméstica atualmente é uma das mais inclinadas do mundo, atribuindo o fato às incertezas em relação ao quadro fiscal. Apesar de a Selic (taxa de mais curto prazo) ter caído para o menor nível da história, as taxas dos títulos públicos de médio e de longo prazo aumentaram desde o início da pandemia por causa dos receios sobre a economia brasileira. Quanto maior a inclinação, maior a desconfiança dos investidores.

Na avaliação de Campos Neto, os agentes de mercado estão preocupados com o impacto de uma eventual extensão do auxílio emergencial sobre as contas públicas. Ele reiterou que hoje não há quase nenhum espaço para novos gastos do governo.


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