A Justiça de Goiás determinou que os dois meninos trocados ao nascer na maternidade do Hospital da Mulher, em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, passem a ter em suas certidões de nascimento os nomes dos quatro pais, os biológicos e os socioafetivos. A decisão reconhece oficialmente a maternidade e paternidade socioafetiva de Yasmin Kessia da Silva e Cláudio Alves, além da paternidade e maternidade biológica de Isamara Cristina Mendanha e Guilherme Luiz de Souza.
Segundo o juiz responsável pelo caso, a medida busca assegurar o melhor interesse das crianças, garantindo o direito de convivência tanto com as famílias biológicas quanto com aquelas que as criaram desde o nascimento. “As duas famílias construíram laços de amor, afeto e cuidado com as crianças, e isso também deve ser respeitado juridicamente”, destacou o magistrado na sentença.
Convivência compartilhada
De acordo com a decisão, as crianças ficarão durante a semana com os pais biológicos, enquanto os fins de semana serão alternados entre as famílias. O acordo prevê um sistema de convivência compartilhada: em um final de semana, os dois meninos ficam com um dos casais; no seguinte, com o outro; e no terceiro, cada criança passa o tempo com seus pais biológicos.
A mudança começou nesta terça-feira (7), quando um dos pais biológicos buscou o filho na escola para levá-lo à nova casa. As famílias afirmaram ter preparado as crianças de forma gradual para a transição.
Processo judicial segue em andamento
Apesar do acordo e do reconhecimento da dupla filiação, o processo judicial contra o Hospital da Mulher de Inhumas continua em tramitação. Segundo o advogado das famílias, Kuniyoshi Watanabe, ainda será realizada a audiência de instrução e julgamento para definição das provas. “Todas as medidas estão sendo tomadas de forma ética e técnica, com foco na proteção das crianças, no esclarecimento dos fatos e no respeito ao sigilo”, afirmou a defesa.
O hospital, procurado pela imprensa, não tem se manifestado sobre o caso. Em dezembro do ano passado, por meio de sua assessoria jurídica, informou que não comentaria o assunto por envolver menores de idade.
Entenda o caso
Os dois meninos nasceram no dia 15 de outubro de 2021 no Hospital da Mulher de Inhumas. As famílias chegaram a se conhecer na maternidade, mas a troca só foi descoberta três anos depois, em outubro de 2024.
A desconfiança surgiu quando Cláudio Alves, então marido de Yasmin, pediu um exame de DNA após a separação do casal. O resultado mostrou que a criança não possuía laços biológicos com nenhum dos dois. Diante da surpresa, eles procuraram o outro casal que também havia tido um bebê no mesmo dia. Novos testes de DNA confirmaram a troca.
Desde então, os casais mantêm uma relação próxima e afirmam o desejo de criar os meninos como irmãos. Em entrevistas anteriores, Guilherme e Isamara disseram que planejam se mudar para um bairro próximo ao de Yasmin, para facilitar a convivência entre as crianças.
A decisão judicial que reconhece oficialmente os quatro pais marca um desfecho histórico e humanizado para o caso, valorizando tanto o vínculo biológico quanto o amor construído nos primeiros anos de vida.
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