A redução da taxa básica de juros pelo Banco Central não vem alcançando o efeito esperado na economia porque os bancos, temerosos diante do aumento da inadimplência, não estão repassando essa queda para as empresas e as famílias, mas sim absorvendo-a no spread, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em palestra nesta segunda (12).
O evento do setor financeiro contou com a presença dos principais banqueiros do país. A declaração de Meirelles foi um pedido indireto ao mercado para que siga o movimento do BC e reduza os juros, estimulando a retomada do consumo e dos investimentos.
“Diante de um grande grupo de banqueiros”, destacou o ministro em sua fala, “houve queda no endividamento, mas o comprometimento da renda das famílias com o serviço da dívida praticamente não mudou. A maior explicação para isso é que a queda da Selic foi contrabalançada pelo aumento do spread”.
Para Meirelles, isso é compreensível na medida em que a inadimplência continua alta e os bancos precisam “preservar seus balanços”, mas é essa resistência do setor em repassar as quedas que tem levado a uma transmissão mais lenta das decisões do BC à economia como um todo.
A expansão do crédito é uma dos motores da retomada da atividade, na visão da equipe econômica. Os resultados do PIB do terceiro trimestre mostraram um cenário de investimento pior do que o antecipado pelo mercado, colocando economistas e governo em alerta.
A redução do spread é uma das propriedades do setor, disse o presidente da Febraban (federação brasileira dos bancos), Murilo Portugal. Para isso acontecer, porém, os bancos precisam de um ambiente mais estável e maior segurança em relação à inadimplência -justificando a posição do mercado de não repassar as reduções de juros ao consumidor por enquanto.
(Folhapress)
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