O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, recebeu mais de R$ 215 milhões em pagamentos no exterior por serviços prestados como consultor de empresas antes de assumir o ministério, de acordo com reportagem do site “BuzzFeed” publicada nesta quarta-feira (26).
Documentos encontrados pelo site na Junta Comercial do Estado de São Paulo indicam que Meirelles recebeu pelo menos R$ 167 milhões em fevereiro do ano passado, três meses antes de assumir a pasta, e outros R$ 50 milhões em setembro.
Entre os clientes que Meirelles teve antes de entrar no governo estiveram o grupo J&F, controlado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, o fundo de investimentos americano KKR e o grupo financeiro Lazard.
Em resposta aos questionamentos do site e nota de sua assessoria de imprensa, Meirelles afirmou que os pagamentos foram feitos no exterior por conveniência dos seus clientes, todos empresas com atividades globais.
Ainda de acordo com o ministro, os rendimentos que recebeu de sua empresa de consultoria em 2016 se referem a serviços prestados ao longo de quatro anos para vários clientes, em projetos de duração variável que foram concluídos em 2015.
Meirelles, que presidiu o Banco Central de 2003 a 2010, trabalhou como consultor de empresas de 2011 até assumir o Ministério da Fazenda, no ano passado.
O ministro informou que o dinheiro que ganhou antes de voltar ao governo é administrado por um gestor independente sem sua interferência, por meio de um veículo de investimentos conhecido no mercado financeiro como “blind trust”.
Após assumir o ministério, Meirelles mudou a natureza de sua empresa, que deixou de atuar como consultoria e passou a ser a administradora de seus bens.
Os pagamentos, de acordo com o ministro, foram informados ao fisco na declaração anual do Imposto de Renda e refletem um “padrão de rendimentos consistente com sua experiência”.
A nota observa que sua atuação à frente do Banco Original, do grupo J&F, é notória. “É fato público que o ministro orientou a construção da plataforma digital do Banco Original”, diz.
EXPERIÊNCIA
“O ministro foi presidente de uma grande instituição global e manteve o padrão de rendimentos consistente com sua experiência”, afirmou a nota da Fazenda, referindo-se à carreira de Meirelles como executivo do antigo BankBoston.
A assessoria do ministro não revelou quanto ele recebeu exatamente de cada cliente. Apenas apontou, em linhas gerais, quais foram os serviços que ele prestou.
Com o Lazard, o contrato previa orientação para expansão da companhia no continente americano. No KKR, Meirelles teria ajudado a organizar a implantação da empresa no Brasil.
Meirelles informou a Comissão de Ética Pública da Presidência da República sobre os lucros de suas atividades privadas e a gestão do seu patrimônio no ano passado. A comissão informou nesta quarta que considerou regulares as operações.
Leia mais sobre: Notícias do Estado