19 de dezembro de 2024
Economia • atualizado em 13/02/2020 às 01:07

Meirelles condena protecionismo de países desenvolvidos no FMI

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. (Foto: Agência Brasil)
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. (Foto: Agência Brasil)

Sem mencionar os Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, condenou neste sábado (22), em reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional), a possível retomada do protecionismo por países desenvolvidos e defendeu uma “responsabilidade global compartilhada” na atual recuperação mundial.

Segundo Meirelles, o “cenário positivo” visto na recuperação do Brasil e de outros países em desenvolvimento deve ser ajudado por um maior crescimento nas economias avançadas.

“No entanto, há duas precondições para uma contribuição significativa dessas economias avançadas para o crescimento. Em primeiro lugar, não deve haver revitalização do protecionismo”, disse o ministro brasileiro, nos Encontros de Primavera do FMI, em Washington.

A outra precondição seria que os mercados emergentes “devem estar prontos para suportar os choques de condições financeiras mais apertadas”.

Meirelles disse ainda que os países devem ter uma responsabilidade compartilhada para manter a recuperação vista no crescimento mundial, que subirá de 3,1% em 2016 para 3,5% em 2017, segundo projeções do FMI.

Neste sentido, segundo o ministro, as economias avançadas devem evitar a retirada prematura do apoio político ao crescimento e, “mais criticamente, resistir às pressões internas para reverter a integração econômica”.

Os mercados emergentes, por sua vez, e algumas economias avançadas precisam avançar com reformas estruturais para sustentar o crescimento, segundo Meirelles, citando o exemplo das reformas -em especial a Previdenciária- em discussão no Brasil.

“Isso exige uma agenda econômica audaciosa, como, por exemplo, a que estamos tentando implementar no Brasil para reformar a seguridade social e nosso quadro de gastos públicos”, disse.

Meirelles afirmou que o Brasil está “totalmente comprometido com as políticas fiscais e monetárias sólidas que trouxeram estabilidade macroeconômica ao país”, incluindo manter a inflação na meta. Disse ainda que o país está “pronto” para se beneficiar de uma recuperação cíclica.

Segundo ele, a agenda de reformas estruturais iniciada no ano passado apoiará altas taxas de crescimento “no mais longo prazo que já vimos nos últimos anos”. Meirelles afirmou ainda que o Brasil deverá estar crescendo, de qualquer forma, a uma taxa de mais de 2% no último trimestre do ano.

Reforma “justa”

Em outro discurso na manhã de sábado, em nome de onze países que o Brasil representa no FMI, Meirelles já havia destacado que a “longa recessão está chegando ao fim” no Brasil e que a reforma da Previdência em discussão no país garantirá um futuro “justo” para as próximas gerações.

“A confiança vem crescendo no Brasil e há sinais de que a longa recessão está chegando ao fim. O crescimento deve ganhar impulso até o fim do ano, apoiando a criação de empregos e o aumento de renda real”, disse o ministro.

Como vinha fazendo desde que chegou a Washington, o ministro defendeu as reformas propostas pelo governo Temer, ressaltando a já aprovada PEC do teto de gastos.

“Outra peça-chave é a proposta enviada para o Congresso de reforma do sistema previdenciário, que previne uma trajetória explosiva para os compromissos de seguridade social e permite uma aplicação prudente do limite máximo de despesas”, disse.

“Assegurar uma consolidação fiscal adequada é não apenas um requisito para o crescimento sustentável, mas também é justo para as gerações futuras, impedindo a transferência de um legado indevido de elevados encargos da dívida.”

Meirelles também afirmou que o sistema financeiro do Brasil foi aprovado no “teste real de estresse da recessão”. “Regulamentação prudente e supervisão ativa contribuíram para a solidez do setor financeiro.”

A possibilidade de aprovação da reforma da Previdência tem sido o tema de interesse geral sobre o Brasil nos encontros do FMI desta semana. Meirelles, que teve reuniões com investidores nos últimos dois dias em Washington, disse ter sido bastante questionado sobre a aprovação da reforma da Previdência.

“As pessoas estão acreditando que vai ser aprovada”, afirmou aos jornalistas, acrescentando que, apesar da expectativa, “não é algo que está todo mundo parado, esperando”. “O fluxo de investimentos para o Brasil tem sido continuamente forte. Mas é claro que pode consolidar-se na medida em que haja aprovação dessas reformas”, disse.

As projeções feitas pelo fundo de um crescimento de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil neste ano -e de 1,7% para 2018- já levam em consideração a aprovação da reforma, e o FMI enviará uma equipe ao Brasil nas próximas duas semanas para fazer uma análise sobre como a reforma da Previdência deve ficar após as mudanças feitas no Congresso. (Folhapress)

Leia mais:

 

 

 


Leia mais sobre: Economia