21 de novembro de 2024
Trindade

Médica é detida após exigência de policiais por atendimento prioritário

A profissional relatou ter sido obrigada a deixar os pacientes da unidade e se dirigir à delegacia, onde relata ainda ter sido coagida por uma policial
Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin) - Foto: Divulgação
Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin) - Foto: Divulgação

Uma médica denunciou ter sido detida após questionar policiais civis que, acompanhados de um detento, exigiram prioridade na realização de um exame de corpo de delito durante o plantão dela no Hospital Estadual de Trindade (Hetrin). A informação é do G1, que explica que o caso ocorreu durante o plantão da última segunda-feira (18).

Segundo o relato da profissional, os policiais entraram no consultório sem serem chamados, enquanto ela atendia outro paciente. Em seguida, ela disse que informou aos policiais que eles precisariam esperar para serem chamados e que não podiam interromper a consulta. Nesse momento, um dos policiais teria se alterado e gritado com ela.

“Solicitei que ele aguardasse do lado de fora para que eu pudesse fazer o corpo de delito do paciente. No entanto, colocando a mão no coldre e me intimidando, gritou que não iria sair”, explicou a médica, À reportagem. “A presença dele não era necessária no atendimento, pois, embora ele estivesse escoltando o preso, havia outra policial no consultório que poderia fazer a escolta”, completou.

A médica contou que terminou o exame de corpo de delito por volta das 20h40 e, às 21h, os policiais retornaram. A profissional disse que foi surpreendida quando eles entraram no consultório, começaram a filmá-la e, em seguida, deram voz de prisão em flagrante por desacato, afirmando que ela deveria acompanhá-los “por bem ou por mal”.

“Levantei e fui sem questionar nada. Naquele momento, o hospital estava lotado, com cerca de 40 pacientes esperando atendimento, inúmeros retornos e a sala vermelha cheia. Perguntei a eles se iriam deixar o hospital sem médico e eles disseram que sim”, relatou a médica.

Ao G1, a profissional, que preferiu não se identificar, contou que, ao chegar à delegacia, teve seu celular apreendido e foi informada de que estava presa. Quando foi chamada pelo delegado para prestar depoimento, relatou os acontecimentos e ele a informou de que seria liberada após o depoimento.

No local, uma das policiais envolvidas na prisão teria tentado, inclusive, coagir a médica psicologicamente, segundo ela, a acusando de tirar fotos dela de forma escondida, o que, de acordo com a profissional, não aconteceu. Desesperada, a médica afirmou, conforme o G1, que entrou em contato com sua advogada e mencionou a possibilidade de denunciar abuso de autoridade.

Ao ouvir a conversa, a policial a intimidou novamente, dizendo que ela poderia processá-la, mas sem provas teria de arcar com a consequência de um falso testemunho. “Foi até mim e disse: “Você pode até entrar com processo contra, mas pensa bem porque você não tem como provar, né? A pena para falso testemunho é alta, viu? Daí, que deixaríamos você presa mesmo. Cito palavras dela”, disse a médica.

“Fui liberada às 23h50 e mandaram que eu pedisse um Uber para ir embora, o que foi bem difícil de conseguir devido ao horário e à chuva. Retornei ao hospital, mas não consegui finalizar o plantão por estar emocionalmente abalada e ansiosa”, salientou a profissional.

Ao G1, o Hospital Estadual de Trindade (Hetrin) afirmou que lamenta o ocorrido e informou que está colaborando com a apuração dos fatos. A unidade disse que segue “empenhada em oferecer o melhor atendimento à população, prestando apoio a todos os profissionais que com ela se relacionam, incluindo servidores da saúde e autoridades policiais”.

Já a Polícia Civil de Goiás informou, em nota, que os fatos noticiados estão sendo apurados pela Corregedoria da instituição, e que todas as providências necessárias serão adotadas para a elucidação do caso.


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