A médica neurologista, Cláudia Soares Alves, que sequestrou um bebê em um hospital de Uberlândia (MG) em julho de 2024 e o levou para casa, em Itumbiara, foi presa nesta quarta-feira (5) suspeita de contratar a morte de uma farmacêutica para ficar com a filha dela, uma menina de 10 anos. O crime também foi em Uberlândia e, além dela, dois homens, pai e filho, foram presos suspeitos de serem os executores da farmacêutica Renata Bocatto Derani, em 2020.
Nesta quarta, na casa de Cláudia, em Itumbiara, policiais mineiros e de Goiás se surpreenderam com um quarto decorado, cheio de peças de roupas e brinquedos infantis, além de um berço com uma bebê reborn dentro.
Homicídio em Uberlândia
A investigação em Uberlândia ligou Cláudia com o homicídio de Renata, mãe da enteada da médica, porque a farmacêutica não tinha inimigos, foi executada à luz do dia, em frente à farmácia, de onde nada foi levado. A neurologista tinha feito denúncias falsas contra a vítima, alegando maus-tratos à menina, durante o relacionamento com o pai e ex-marido de Renata.
A intenção das denúncias era tirar o poder familiar da mãe e assumir a maternidade da criança. Isto porque, desconfiada do comportamento da médica, Renata havia proibido o pai de ter acesso à menina enquanto vivesse com Cláudia, o que levou à separação do casal.
Inconformada porque queria ser mãe de uma menina – ela já tem um filho adolescente -, Cláudia então teria planejado a morte de Renata, que foi alvejada com quatro tiros.
Como essa tentativa de tomar a filha da farmacêutica não deu certo, a médica também tentou comprar um recém-nascido na Bahia e foi denunciada pelo pai da criança.

Depois disso, se aproveitando que era professora do curso de Medicina na Universidade Federal de Uberlândia, ela entrou em uma maternidade da instituição e sequestrou uma recém-nascida. A criança foi localizada após intensas buscas das polícias dos dois estados e encontrada no dia seguinte com a neurologista na casa dela, em Itumbiara.
A médica Cláudia Soares Alves também era professora da Universidade Estadual de Goiás, de onde pediu exoneração alguns dias antes do sequestro. Na época, essa atitude foi vista como forte indício de premeditação para focar nos cuidados à bebê ou até se mudar com a criança.
A situação dela no Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), continua regular, enquanto caminham medidas internas a respeito das graves acusações que pairam contra a médica.
Obsessão para ter uma filha
O delegado de Itumbiara, Eduardo Leal, destacou em entrevista à TV Anhanguera nesta quarta-feira, que Cláudia sempre manifestou obsessão por ser mãe de uma menina e chegou a fazer fertilizações para tentar engravidar, sem êxito. Depois ela optou por ações criminosas neste sentido: “Ela tentou adoções fraudulentas com documentos falsos. Ela tentou comprar um bebê no estado da Bahia. E sequestrou uma recém-nascida, tirando a bebê do colo da mãe”, relembra o delegado.
Os dois homens que foram presos também seriam de Itumbiara, onde são vizinhos da médica. Eles foram presos temporariamente e seus nomes não foram informados. Os três foram encaminhados para Uberlândia onde correm as investigações policiais e a ação criminal.
Sequestro dramático em 2024
Por volta das 20h do dia 23 de julho de 2024, na ala da maternidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, uma câmera de segurança captou os momentos em que a médica chegava ao hospital.
Ela usava uniforme e seu crachá de professora de Clínica Médica. Também usava máscara facial, o que não chamou a atenção por se tratar de unidade hospitalar. A câmera filma também a saída, carregando uma mochila onde estava a bebê que ela tirou dos braços da mãe com uma desculpa, e colocando no carro que estava no estacionamento, sem levantar suspeitas naquele momento.
Cláudia dirigiu da maternidade em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, até a casa dela, no Jardim Morumbi, em Itumbiara, um percurso de 135 km. Após buscas policiais baseadas nas imagens e muitas informações compartilhadas, a recém-nascida foi localizada bem, na casa da neurologista que havia feito compras de vários itens para cuidar da bebê. Na época, a defesa apontou bipolaridade, mas a polícia contestou diante da capacidade para as fraudes que ela demonstrou, e depois a premeditação para o sequestro, tendo até pedido exoneração da UEG para ter disponibilidade para ficar com a criança.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Cláudia e dos outros dois presos nesta quarta.
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