08 de agosto de 2024
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Mauro Rubem ““Vamos eleger o governador e aumentar as bancadas”

 

Otimista, deputado petista acredita que o eleitor reprovará os 16 anos de governo da base aliada em outubro. Ele fez essa declaração em entrevista a equipe de politica do jornal Tribuna do Planalto.

( publicada originalmente pelo jornal Tribuna do Planalto)

 

O deputado estadual Mauro Rubem (PT) está em seus últimos meses na Assembleia Legislativa. O parlamentar já tomou a decisão de concorrer a uma vaga de deputado federal em outubro. Mauro explica que o motivo para isso é porque suas bandeiras de luta estão mais na esfera federal do que a local. O petista quer trabalhar para que seja convocada uma Assembleia Constituinte exclusiva para se fazer uma reforma política no país. Além disso, Mauro Rubem também é militante das áreas da saúde e direitos humanos. Em relação ao Estado, o deputado acredita que as eleições em Goiás serão um momento onde a população avaliará os “16 anos que a base aliada do governador Marconi Perillo está no poder”. Mauro defende a pré-candidatura do ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide, mas não fecha o diálogo com o restante da oposição, principalmente no caso de um segundo turno. E é bem otimista – para ele o grupo de oposição vencerá e fará mais deputados do que a base. Mauro Rubem visitou a Tribuna na quinta, 24, onde concedeu entrevista.

 

Tribuna do Planalto – Como que o senhor avalia a legislatura atual e a oposição?
Mauro Rubem – Eu faço uma avaliação que é uma legislatura mais difícil. Eu diria que é uma legislatura menos criativa no seu conjunto. É uma legislatura fraca tanto na oposição quanto na situação. Tanto o fato da oposição com dificuldade e a situação também, acho que é por ser um mandato de final de período político do Executivo. Por ser um mandato violento, agressivo do atual governo, isso reflete também no papel da oposição. Eu considero a legislatura muito frágil, fraca e a razão central é esse governo violento que já começou tumultuado.

Hoje a Assembleia é totalmente vinculada ao poder executivo?
É. Nós temos esse problema. A Assembleia aprovou uma Emenda Constitucional na legislatura passada para reproduzir no orçamento do Estado que acontece no Congresso Nacional (emendas obrigatórias), mas o governo não executa. Ele já tem uma relação muito promiscua com a base aliada na Assembleia e ela por sua vez não executa o seu papel. Então isso tudo rebaixa a Assembleia. Apesar de nesse período que eu estou lá a gente viu uma mudança positiva no funcionamento da Assembleia. Acredito que a Casa poderia estar melhor.

Como é que o sr. acompanha o embate entre o governo estadual e prefeitura de Goiânia?
Duas coisas graves: primeira é que a capital fica sempre prejudicada, pois a maior parte da oposição tem sempre uma votação boa na capital. E também o fato do governador virar prefeito. Quer dizer, o prefeito já tem, nós precisamos é de governador. Você não precisa colocar mais hospitais em Goiânia. Nós precisamos de hospital no norte do Estado, no nordeste, no sul. Se não construir, pelo menos colocar pra funcionar melhor os que já existem. Se você vai em Itumbiara é um desastre o hospital que está lá. Em Porangatu é a dificuldade que está lá. Quer dizer, o Estado não faz o seu papel. Por último agora nós estamos vendo os ataques que o governo esta fazendo à prefeitura de Goiânia. A prefeitura sempre vai ter problemas, mas no meu entendimento não são do tamanho que são anunciados. Se você analisar o índice de funcionamento da educação, as ações que tem de melhoria da cidade são muito superiores ao que é divulgado hoje.

Hoje, o problema de Goiânia é principalmente político?
No meu entendimento o problema maior que a administração enfrenta é político por parte do governo em multiplicar por dez, 20, qualquer problema que a cidade tem. É muito difícil conviver com o lixo na rua. É um problema de gestão. Agora isso é um problema maior do que Goiânia bater o recorde de homicídios? Eu não quero lixo e nem quero mortes. Agora, o problema é como isso é passado para a sociedade.

O sr. acredita que a mídia trata com medidas diferentes as questões do Estado e da prefeitura?
Claro. É notável. É vergonhoso. Eu sou defensor da democratização dos meios de comunicação. Acho que a sociedade só vai conseguir ser mais evoluída quando nos tivermos a mídia submetida a esse principio. Agora um governo que gasta quase que o dobro em mídia do que na Universidade Estadual é um negócio sério.

Mas hoje a prefeitura também tem problemas, principalmente com o orçamento. Como resolver isso?
Qual foi o erro dos gastos da prefeitura? Foi um erro positivo. A prefeitura ampliou a oferta na rede pública de educação e na rede pública de saúde, contratou e melhorou salário. Também fez isso com outros setores. Então ele deu uma qualificada nos seus funcionários. Isso é errado? Quando o Pedro Wilson assumiu, nós tínhamos um déficit de quase 50 mil crianças fora dos Cmeis. Hoje essa diferença está em menos de três mil. Isso precisa de uma estrutura de funcionário, salário. Precisa de gente. Então a prefeitura tem esse componente. Acho até que o prefeito, às vezes, é tímido e acaba não indo nos detalhes para mostrar essa dificuldade. A segunda questão é que eu acho que a prefeitura precisa aumentar a receita. Mas eu acho que não deve aumentar vendendo patrimônio. Isso não resolve. Eu acho que o prefeito tem que tomar uma atitude e discutir, politicamente, os problemas.

Com está o PT, que tem como pré-candidato ao governo o ex-prefeito Antônio Gomide, em relação ao PMDB para outubro?
Essa aliança que temos com o PMDB, ela tem a liberdade de estarmos juntos para uma chapa no primeiro turno, ou não. Na minha leitura hoje está mais pra estarmos em chapas separadas. Então nós estamos convencidos da importância e viabilidade da candidatura do ex-prefeto Antônio Gomide. É o novo em 30 anos. E ele já mostrou a capacidade de gestão, a eficiência e seriedade. A candidatura do Gomide está colocada, é o nosso candidato. No futuro podemos unificar, caso o Marconi vá para o segundo turno.

Anápolis reelegeu Gomide, mas votou em peso em Marconi nas últimas eleições. Por que isso?
Gomide, em 2010, estava apenas no segundo ano de gestão. O eleitor é muito sábio. A pessoa não transfere o voto assim. Não acontece isso. Tem um processo e também tem uma construção. Nós trabalhamos muito para a eleição do nosso candidato da época, Iris Rezende. Achamos que o Estado perdeu não elegendo o Iris. Dificuldade nossa, da oposição. Agora numa construção que o Gomide é o nosso candidato, ou se o Gomide não fosse o candidato, mas se fosse outra pessoa do PT, com certeza os números de Anápolis serão diferentes.

Ele conseguirá transferir votos, caso não vá para o segundo turno?
Sim, eu não tenho dúvidas. Porque na verdade nós vamos ter aqui um acerto de contas da sociedade com esses 16 anos. Como é que estava, por exemplo, a saúde há 16 anos atrás. Eu sou da saúde, posso falar perfeitamente o que era a pauta: era ao hospital no nordeste do Estado, interiorização de alta e média complexidade, valorização de trabalhadores. E qual que é a pauta hoje? É a mesma, ou até pior.

Mas o governo diz que as OSs estão resolvendo o problema da saúde?
É, basta ver onde o povo está morrendo; está morrendo nos Cais, morrendo nas ambulâncias. Você tem uma fila de espera, não sei se você conhece, as pessoas não saem de Jataí, por exemplo, sem garantia da UTI aqui. Se não há, ela fica presa lá em Jataí. Nós temos que pensar o seguinte: em 16 anos não era possível construir nenhum hospital, a não ser o que o Alcides construiu em Santa Helena? Você vai na educação, houve um rebaixamento. O setor produtivo consegue abrir uma fábrica? Em Mambaí, um empresário queria abrir uma fábrica e a Celg respondeu que ele poderia abri-la só a quatro anos. Você pega o que era há 16 anos a situação nossa, de segurança em Goiás e o que é hoje. Você faz o balanço e em 16 anos esse governo conseguiu quase acabar com a segurança pública. Sem dizer em grupo de extermínio, sem dizer o despreparo dos grupos, sem dizer a omissão de dados.

O governador justifica a contratação dos voluntários do Simve dizendo que o Estado hoje não tem recursos para chamar os concursados. E culpa a distribuição dos recursos por parte do governo federal.
Primeiro que o governador é mentiroso. Ele está dando aumentos, aumentando a folha para todo mundo. Ele mandou uma mensagem ano passado que o Estado precisava de 30 mil policiais militares e tem 11 mil. No meu entendimento, ele mostra o descaso com a vida humana. Pega policial sem concurso, despreparado, sem proteção nenhuma.

O sr. não acredita que PMDB e o PT separados no primeiro turno enfraquece a oposição, visto que o segundo só tem três semanas?
Não. Eu acho que a gente poderia até fazer uma pergunta. Será que a gente deixasse de ter dois turnos, e tivesse um turno só, seria melhor para a oposição? Eu acho que não. Nós temos aqui, 3, 4 candidaturas de oposição fazendo todo um questionamento de 16 anos. Tendo a sabedoria e a capacidade de entender que nosso adversário é esse governo.

Mas não vira uma guerra para saber quem vai para o segundo turno?
Não vira, não. É obvio que vai ter apenas dois nomes. Nós estamos passando também por uma transição no processo de hegemonia da oposição. Isso também é normal. É normal um partido se firmar, querer crescer. Mas eu não estou preocupado com uma possibilidade de PT e PMDB divergirem no primeiro turno, que no segundo turno não estarão unidos.

O sr. é pré-candidato a deputado federal. Quais são as propostas do sr.? A base aliada já disse que ela pretende eleger entre 11 e 13 das 17 cadeiras. O sr. acredita que é possível?
Eu não acredito. Até porque a base, no meu entendimento, a base vai é murchar, vai é reduzir as cadeiras que tem. Apesar de estarem com campanhas milionárias, bem organizadas. Nós da oposição vamos eleger o governador, aumentar a bancada de deputados estaduais e de federais. Nós do PT trabalhamos para eleger de 2 a 4 deputados federais. Nós temos vários nomes no interior, nós devemos lançar de 8 a 10 deputados regionalizados, que é uma estratégia importante. A gente está lançando o desafio de uma candidatura a deputado federal porque a gente já trabalha com alguns temas que eles são efetivamente para serem resolvidos no plano federal. Quero estar no congresso para votar PEC 51 e outras matérias que reorganizam o sistema de segurança pública. Eu quero estar no Congresso para fortalecer a democracia participativa no Brasil. Nós precisamos passar poder para a sociedade. Acho que é muito importante no Brasil a gente fortalecer a cultura. E tem um projeto que nós queremos apresentar para fortalecer os grupos culturais que fazem cultura sem nenhuma ajuda do governo. Quero defender a pauta dos trabalhadores. Nós precisamos reduzir a carga horária nesse país. Jornada de 44 horas é abusiva. Eu sou da saúde, nós precisamos discutir a saúde, nós precisamos ver financiamento para a saúde. Nós precisamos barrar a morte desse sistema de saúde através das OSs.

O PT e o governo foram muito criticados ano passado quando eles deixaram a comissão de Direitos Humanos. E logo depois veio o Marcos Feliciano (PSC-SP, ex-presidente). Como você avalia isso?
Há uma pressão muito grande para o rodízio. Nós não temos uma maioria tranquila para isso. Houve, na verdade, uma ação de partidos aliados ao próprio governo que acabou pegando a presidência e fez o que fez. Mas o governo é o executivo. Quando você vê a agenda do governo federal em relação aos direitos humanos, ela é altamente avançada.

Quais partidos vocês estão conversando para compor a chapa de Gomide e como estão as conversas para vice e o Senado?
Tanto vice como senado vai ficar condicionado a esses partidos que nós estamos conversando. Estamos conversando com o Pros, com o Solidariedade, conversando também com o PDT, com o PHS, há um conjunto de partidos dialogando. Com o próprio PMDB que está em um momento de definição. A partir desse diálogo nós vamos ter a composição ideal da chapa.

Gomide está preparado para enfrentar os demais candidatos, especialmente o governo e, se for o caso, Iris Rezende que vem bem nas pesquisas?
Nós entendemos que nós estamos muito bem preparados para enfrentar a máquina do Estado, porque hoje com um orçamento muito menor, com dificuldades bem maiores o Gomide mostrou uma eficiência muito maior do que nesses 16 anos que o governo está aí. Então eu acho que nós temos capacidade. Iris, não é um adversário direto nosso, ele é um concorrente pontual, nós podemos até ser aliados.

Depois de tudo o que o Friboi falou sobre o PT , o diálogo com ele hoje é difícil?
Não é um diálogo difícil. O Friboi naturalmente vai colaborar. Claro que vai depender dele. No momento adequado, agora estamos na fase de pré-campanha, mas nós temos as convenções até final de junho. Acreditamos que ele tem que entrar em outro caminho, porque a política é uma relação direta com a sociedade, conhecer a realidade, ter essa ligação. Não é uma coisa empresarial.

Com as manifestações do ano passado, a presidente propôs um plebiscito sobre a reforma política. Como está essa questão?
Concordo com a Dilma, quando ela fala que na questão das regras eleitorais nós vivemos em uma ditadura. Estou participando de duas atividades totalmente importantes, a proposta de reforma política e a outra iniciativa que nós achamos que tem muita viabilidade é a resposta para a pergunta: como fazer um Brasil melhor? A grande campanha é para fazer um plebiscito popular por uma Constituinte exclusiva e soberana do sistema político. Então nós queremos, do dia primeiro ao dia sete de setembro, levar 30 milhões de pessoas às ruas do Brasil para dizer que nós precisamos convocar uma constituinte exclusiva. Quando a Dilma apresentou que ia convocar um plebiscito, porque que rapidamente foi abafado? Porque era uma tentativa concreta e real de fortalecer a sociedade. Hoje nós temos uma política velha, atrasada, de conchavos, as pessoas se vendem se envolvem negativamente e nós temos que mudar essa regra.

 


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