O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), optou por se manter em silêncio durante o depoimento à CPMI do 8 de janeiro (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), dos Atos Golpistas do Congresso Nacional nesta terça-feira (11). Mesmo com decisão, para não ter risco de promover provas contra si mesmo, a sessão não deixou de ter seus momentos acalorados e que repercutiram em polêmicas pela internet.
Antes das polêmicas, porém, Mauro Cid disse que sua nomeação para ser ajudante de Bolsonaro não teve ingerência política e que não participava de decisões de governo. A partir daí, ficou em silêncio. “Por todo o exposto, e sem qualquer intenção de desrespeitar vossas excelências e os trabalhos conduzidos por esta CPMI, considerando minha inequívoca condição de investigado, por orientação da minha defesa e com base no habeas corpus 229323, concedido em meu favor pelo STF, farei uso ao meu direito constitucional ao silêncio”, disse ele.
Uma das polêmicas que acabou ofuscando a presença de Cid na CPMI, porém, foi a acusação de que o deputado federal Abílio Brunini (PL-MT) foi transfóbico durante sessão. Segundo o senador Rogério Carvalho (PT-SE), Brunini proferiu comentários preconceituosos no instante em que a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) começava a questionar o depoente. A deputada Erika Hilton é uma mulher trans.
“O senhor Abílio foi homofóbico”, acusou Carvalho, que, durante o depoimento, está sentado na fileira de cadeiras à frente de Brunini. “Ele fez uma fala homofóbica quando a companheira [Hilton] estava se manifestando, acusando-a de estar oferecendo serviços. Isso é homofobia e um desrespeito”, acrescentou o senador, pedindo ao presidente da comissão que determinasse que o deputado federal se retirasse do recinto.
Brunini negou ter sido desrespeitoso com a deputada federal, chegando a receber o apoio de outros parlamentares, como o deputado André Fernandes (PL-CE). “Se ele [Brunini] falou, o que isso tem a ver com homofobia?”, questionou Fernandes, criticando a forma como Erika Hilton tinha se dirigido a Brunini pouco antes.
Por fim, foi decidido pelos membros da CPMI do 8 de janeiro aprovaram, entre os diversos requerimentos, quebras de sigilo dos depoentes. Mauro Cid teve a quebra de sigilo telemático e George Washington, condenado por planejar explosão de bomba perto do aeroporto de Brasília, o sigilo bancário. Quebra de sigilo telemático tem por foco o acesso ao fluxo das comunicações presentes e futuras.
A Comissão também aprovou de forma separada a quebra do sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático do Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O coronel Jean Lawand, acusado de pedir um golpe de Jair Bolsonaro em conversa com Mauro Cid, teve aprovada a quebra de sigilo telefônico e telemático.
Vale lembrar que Mauro Cid está preso desde maio por suspeita de fraude no cartão de vacinas do então presidente da República para que Bolsonaro pudesse entrar nos Estados Unidos informando ter se vacinado contra a Covid. Como Bolsonaro sempre disse que não havia se vacinado e consta no cartão de vacinas dele a imunização contra a Covid, fica clara a manipulação dos dados. Cid, por sua vez, é suspeito de ter atuado para fraudar o sistema do Ministério da Saúde com tais dados.
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