ANGELA BOLDRINI E JOELMIR TAVARES
BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, justificou seu apoio ao tucano Aécio Neves no segundo turno das eleições de 2014, e disse que partidos do centrão praticam “corrupção braba”.
A candidata foi entrevistada nesta quinta-feira (30) pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
“Hoje, com as informações que vieram com a Lava Jato, não teria declarado apoio”, afirmou, quando questionada pelo apresentador William Bonner sobre a aliança.
“Nas eleições de 2014, a maioria das pessoas conscientes acabou votando em alguém. Mesmo com tudo que tinha, alguém escolheu um candidato no segundo turno, mas eu tenho certeza que muitos de nós aqui não teriam votado se tivessem as informações da Lava Jato”, disse.
Marina não respondeu quando o apresentador mencionou o caso do aeroporto de Cláudio, construído pelo governo mineiro em terreno do tio de Aécio, polêmica da campanha do candidato tucano conhecida já em 2014.
Bonner também questionou a candidata a respeito das alianças regionais de seu partido, que em estados está coligado com partidos que ela critica, como DEM, PT e PSDB. O apresentador afirmou que o centrão é conhecido pelo “toma lá, dá cá”.
“É mais do que isso, é corrupção brava mesmo”, retrucou Marina. Apesar disso, ela voltou a afirmar que suas alianças são coerentes e que busca os melhores em cada partido.
“Desde 2010 eu digo que pessoas boas existem em todos os partidos”, afirmou.
O apresentador questionou a ex-senadora sobre as citações em delação do ex-governador Eduardo Campos (PSB), cabeça de chapa em 2014 que morreu durante as eleições em um acidente de avião.
Marina lembrou Campos, morto um dia após sua própria entrevista no JN, e disse que hoje está “muito bem calçada pela Lava Jato”. “Não tenho compromisso com erros”, afirmou.
Sobre a reforma da previdência, a candidata evitou se comprometer com um número concreto de idade mínima, mas fez aceno aos eleitorado feminino. “Nós vamos manter a diferença [de idade mínima] entre homens e mulheres”, afirmou.
As mulheres foram novamente focadas em suas considerações finais, quando tratou de sua trajetória, citando credenciais que seus apoiadores consideram que aumentam sua aceitação nesse nicho. “Eu sou mulher, sou negra, mãe de quatro filhos, fui seringueira, empregada doméstica, me alfabetizei aos 16 anos.”
Também fez aceno aos eleitores que devem ficar órfãos do ex-presidente Lula, cujos votos ela tenta herdar. “E eu sei que muita gente acha que pessoas com a minha origem não têm capacidade para ser presidente da República”, disse.
A candidata também repetiu o aceno que tem feito ao agronegócio, quando questionada sobre seu possível relacionamento com a poderosa bancada ruralista. Marina repetiu que o setor não é homogêneo e que há pessoas que “já fazem o dever de casa”.
A presidenciável é a quarta a ser entrevistada pelo Jornal Nacional. Já passaram pela bancada nesta semana Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB).
Em segundo lugar nas pesquisas em cenários em que o ex-presidente Lula não aparece, com 16% das intenções de voto, a ex-senadora tem apenas 21 segundo de tempo no horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio.
A avaliação da campanha é de que a candidata se mostrou segura para rebater Bonner e fechou com seu “maior ativo”, a trajetória de superação, que eles avaliam que a conecta com a população.
“Marina mandou bem, foi firme e tranquila. algumas perguntas não estavam a altura do Brasil, mas Marina esclareceu bem que não é um coronel de partido”, afirmou o porta-voz da Rede, Pedro Ivo Batista, à Folha após a entrevista.
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