07 de agosto de 2024
Política

Marconistas preferem disputar com Júnior Friboi; saiba o por quê.

 

(Texto publicado originalmente no Tribuna do Planalto, 21/12/13)

O PT e o PMDB ainda não decidiram qual será o candidato da oposição a disputar o governo do Estado em 2014. Se depender dos adversários, porém, esse nome é o do empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi (PMDB). Governistas e aliados do governador Marconi Perillo (PSDB) acreditarem que, pelo comportamento “inocente” do pré-candidato peemedebista, ele é a opção menos difícil para 2014. A falta de expressão e experiência política, bem como ausência de melhor discurso, de convencimento do eleitorado são alguns dos fatores que integrantes da base de Marconi citam para escolherem Friboi como o melhor candidato para disputar com Perillo.
Além disso, muitos ressaltam que ele tem feito um grande favor à base, que é fazer a oposição bater cabeça, ao se colocar como candidato definido e criticar o PT, maior parceiro do PMDB em Goiás e em Brasília. Ou seja, para os governistas, Friboi ainda desagrega a oposição e pode fazer com que PMDB e PT caminhem em chapas diferentes no primeiro turno.

Muitos governistas relatam não ter nada contra o empresário, do ponto de vista pessoal, mas explicam que politicamente Friboi ainda peca por não ter experiência na vida pública e até mesmo com o jogo político, que na época eleitoral se torna mais complexo de se entender. No entanto, Friboi tem destacado em algumas entrevistas à imprensa que subestimá-lo pode ser um erro.
Diante desse quadro, a base governista se empolga ao ver que Friboi tem boas chances de disputar o pleito e acredita que esta seria a opção menos difícil para o embate eleitoral. Para um deputado da base, que preferiu não se identificar, o empresário é o melhor adversário porque que ele “não tem expressão política e capacidade de convencimento”. O parlamentar compara Júnior ao também pré-candidato Vanderlan Cardoso que, em 2010, mesmo com o apoio de Alcides Rodrigues e também da máquina do governo a seu favor, não conseguiu vencer o pleito.
Carisma é outro fator que o governista cita como algo que falta a Friboi. Segundo ele, é fundamental para que o eleitorado faça identificação com o candidato a governador e também acredite que o plano de governo que ele propõe seja exequível. Na avaliação de outro governista, o fato de Friboi ter origem em uma família de sucesso financeiro, ele encontrará resistência da população mais humilde.
Outro ponto favorável ao melhor desempenho do candidato da base governista é a falta de um discurso mais articulado por parte do empresário, na avaliação de outro palaciano. “Inapto Friboi não é, mas tem se mostrado despreparado ao comentar sobre as articulações entre o PMDB e o PT”, prega.

Quem é quem para os governistas

Pontos altos e baixos de cada pré-candidato da oposição segundo aliados de Marconi

Júnior do Friboi (PMDB)
Fatores positivos: Poder de investimento na campanha, apesar de muitos governistas minimizarem o fato, já que a base aliada também teria condições de contar com um alto índice de contribuições financeiras.

Fatores negativos: Discurso fraco, o que poderia complicar o candidato na hora dos debates. Além disso, atualmente Júnior está sendo fator de desunião da oposição com as suas declarações pesadas contra o PT.

Iris Rezende (PMDB)
Fatores positivos: O bom índice de intenção de votos segundo as pesquisas pré-eleitorais e o conhecimento de seu nome pelo interior do Estado. Além disso, Iris é forte na Região Metropolitana de Goiânia.

Fatores negativos: Falta de discurso contra o governador Marconi Perillo, já que o tucano venceu o ex-governador por duas vezes. Aliados acreditam que Perillo leva vantagem na comparação dos governos.

Antônio Gomiode (PT)
Fatores positivos: É um nome novo e bem avaliado em Anápolis, importante cidade do Estado e que tem sido decisiva nas últimas derrotas da oposição. O embate entre Marconi e uma novidade é temido pela base.

Fatores negativos: O prefeito ainda não debutou em uma disputa estadual e pode ter dificuldades para conseguir alavancar o seu nome em todas as regiões do Estado. Neste ponto, Iris tem mais experiência e conhecimento do eleitorado.

Pressão
As afirmações do pré-candidato peemedebista ao jornal Opção, na semana passada, tentando pressionar o PT, ao utilizar o argumento de que caso a legenda não apoie sua postulação o PMDB pode não referendar a candidatura de Dilma Rousseff em Goiás, gerou desconforto nas duas agremiações. Friboi disse que seu partido poderia buscar alianças com outras forças, citando o DEM de Ronaldo Caiado e o PSB de Vanderlan Cardoso. “Ultima­mente o Friboi só tem cometido deslizes. Pra que melhor candidato que ele? Isso facilitará a vitória do Marconi”, atacou outro deputado.
Além disso, o deputado cita que embora Friboi se apegue a empresa JBS, como exemplo de gestão com sucesso, esse discurso poderá chegar ao esgotamento em pouco tempo. O governista bate na tecla de que não se faz gestão pública da mesma forma que se controla uma empresa privada. Para ele, administrar um Estado é complexo porque é necessário cumprir burocracias, algo inexistente no ramo empresarial.
O mesmo deputado ainda insiste em afirmar que a dificuldade do empresário em se articular melhor politicamente nos discursos facilitará a base aliada durante os debates eleitorais. A teoria é que pelo atual modo que Friboi se comporta, ele possa se “equivocar e errar” quando questionado sobre denúncias envolvendo a JBS que, acredita o parlamentar, surgirão durante a campanha. Os demais candidatos que estão colocados já tiveram participação nos debates, exceto Friboi que é uma incógnita. Lembrando que bom desempenho nos debates, principalmente os de televisão, são decisivos para nortear a preferência de boa parte dos eleitores.
Falando abertamente sobre Friboi, o deputado estadual Talles Barreto (PTB) também concorda com os demais colegas ao afirmar que o empresário é um candidato menos difícil de derrotar, justamente pela sua origem na iniciativa privada, de uma família bem abastada de recursos financeiros e pela sua falta de experiência na vida pública. Além disso, sublinha que o pré-candidato do PMDB não conta com a simpatia de um setor importante da atividade econômica, que é o agronegócio. “Qualquer produtor de gado tem pavor de Friboi”, explica o parlamentar relacionando isso ao fato da suspeita de cartel entre as empresas do setor de proteínas.

Dinheiro
Nem mesmo o fato de Friboi ter a possibilidade de alocar mais recursos em sua campanha causa receio na oposição. A maioria dos ouvidos pela Tribuna acredita que isso, em uma chapa majoritária, pode não fazer muito diferença, pelo menos com o eleitorado. “Dinheiro influência apenas deputados, vereadores e lideranças partidárias que estão de olho nos recursos de Friboi para serem empregados em suas campanhas”, ressalta um parlamentar.
Talles Barreto afirma que o que pesará e fará diferença serão a história do candidato, os projetos e a credibilidade. Nesse quesito, segundo ele, o governador Marconi Perillo ganha. “Em eleição é preciso ter espírito de lealdade. Marconi se mantém com antigos e faz novos aliados. Todos têm confiança na sua lealdade”, disse o deputado ao afirmar que em política é preciso raízes, dando a entender que isso não é característica de Friboi que, inicialmente no PSB, mudou de sigla para viabilizar sua candidatura ao governo de Goiás pelo PMDB.
Outro parlamentar ressalta que recursos não são problemas para Marconi, Iris e Friboi, embora o último se destaque pela abundância. Para ele, Marconi tem recursos próprios para empregar na campanha e, se necessário for, vende até propriedades particulares para bancar sua candidatura. Além disso, conta com a máquina do governo para mostrar seus feitos nesses quatros anos. A mesma avaliação o governista faz sobre Iris, que é proprietário de grandes fazendas e que se quiser utilizar seus recursos em uma campanha pode fazer a diferença em 2014. Segundo o governista, porém, o peemedebista é famoso por não utilizar verbas próprias em campanhas e não ser generoso financeiramente com outros partidários.

Cenário
O cenário ainda é incerto na oposição porque vários nomes estão colocados na disputa, mesmo que de forma não oficial, como é o caso de Iris Rezende (PMDB). Teorica-mente Friboi é o mais cotado para se tornar o candidato, já que recebeu o apoio oficial Executiva estadual do PMDB, que afirma que ele é o único pré-candidato. Iris, publicamente não se coloca na disputa, mas nos bastidores aliados esperam um posicionamento mais claro a partir de março, quando será possível verificar se a candidatura de José Batista Júnior é viável. Um exemplo de que o ex-governador não está parado são suas andanças por algumas cidades do Estado para receber homenagens aos seus 80 anos de vida, onde muitos aliados de PMDB, e até do PT, exigem a sua presença no processo eleitoral.
Antônio Gomide, prefeito de Anápolis, é outro nome citado como opção para representar as oposições. No dia 9 de dezembro, quando o novo presidente do PT em Goiás, Ceser Do­ni­sete, tomou posse, foi praticamente lançado como pré-candidato. Sua indicação para compor a chapa majoritária é devido à boa imagem que construiu com a boa gestão em Anápolis.
Ainda corre por fora, mas também é oposição ao governo do Estado, o ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (PSB). Ele tenta viabilizar a chamada ‘Terceira Via’, mas a corrente perdeu fôlego com a saída do deputado Ronaldo Caiado, que teve divergências com a cúpula nacional do PSB.

Iris e Gomide formam a chapa mais temida

Uma chapa que poderia impor mais receio na base governista, segundo membros ouvidos pela Tribuna, seria a formada com Iris Rezende como candidato ao governo e Antônio Gomide na vice-governadoria. Nesse caso estariam aliados fatores importantes para se ganhar uma eleição. A capilaridade eleitoral de Iris Rezende e do PMDB em todo o Estado e a boa relação que Antônio Gomide e seu irmão, o deputado federal Rubens Otoni, têm com o governo federal, que poderia intensificar sua participação no processo eleitoral em Goiás.
Além disso, fortaleceria essa chapa o fato de Gomide ter ótima avaliação administrativa em Anápolis e agregar um colégio eleitoral para a aliança. Vale lembrar que a cidade tem sido a ‘pedra no sapato’ do PMDB nas últimas eleições. Em 2010, por exemplo, o governador Marconi Perillo obteve cerca de 75% dos votos válidos no segundo turno, contra apenas 25% de Iris Rezende. O desempenho na cidade é visto por muitos como um dos motivos das sucessivas derrotas peemedebistas para o governo do Estado nos últimos anos.
A avaliação de um parlamentar é que Iris está bem nas pesquisas e é um nome conhecido em todo Estado, portanto deve ser respeitado sempre. Além disso, Iris tem um bom recall em Goiânia, onde foi prefeito por mais de cinco anos e teve uma gestão bem avaliada. Já Gomide poderia ser visto como uma novidade e trazer mais credibilidade para a chapa devido à boa governança em Anápolis, que é conhecida em toda região metropolitana de Goiânia.
Apesar de já ter perdido em duas ocasiões para o governador Marconi Perillo, Iris Rezende ainda gera muita preocupação na base governista, já que os desgastes sofridos por Marconi Perillo nos dois primeiros anos de governo, como a operação Monte Carlos, podem pesar nas eleições. Além disso, o nome de Iris pode ser a alternativa para unir as oposições em Goiás, o que não é bom para base marconista e dificulta o processo para o candidato do governo. Hoje, PT e PMDB vive uma eterna discussão para definir o candidato que encabeçará a chapa, caso as duas siglas sigam unidas no primeiro turno das eleições em 2014.

Novo embate
Embora Iris Rezende cause certo receio na disputa com Marconi, parlamentares na base citaram que um novo embate entre os dois poderia favorecer o tucano já que um dos argumentos mais utilizados pelo peemedebista, de que Perillo não investiu na infraestrutura do Estado, estaria desconstruído. “Marconi modernizou o Estado, trabalhou fortemente para reconstruir a malha rodoviária. Isso quebra o discurso do Iris”, ressalta um deputado, que acredita que Marconi tem mais feitos a mostrar. (M.T.)

 


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