Ele voltou. Não para o palanque. Voltou para as páginas e a capa da revista Época. O governador Marconi Perillo (PSDB) é novamente tema principal de reportagem que ressuscita um tema que parecia sepultado: a venda de sua casa, a mesma na qual Carlinhos Cachoeira foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
“Como a Delta pagou Perillo”, diz a reportagem da revista no título. E detalha: “Um relatório da Polícia Federal obtido com exclusividade por ÉPOCA comprova os elos entre o esquema de Carlinhos Cachoeira e o governador de Goiás.”
E Marconi pode voltar mais. Pode voltar a Brasília para novo depoimento. “Parlamentares da CPI do Cachoeira querem reconvocar Perillo – Para eles, governador de Goiás tem de explicar o ‘compromisso’ firmado entre ele e a Delta Construções com a intermediação do contraventor Carlinhos Cachoeira.”
A volta de Marconi Perillo à pauta pega o governo de surpresa, já que no Estado o clima era de página virada. Os governistas já trabalhavam a todo vapor na reconstrução da imagem do tucano para tentar minimizar o impacto negativo de todo o caso nas eleições deste ano. Agora, o calvário volta com força via Rede Globo. E com pinta de cobertura em cadeia nacional com nova sessão de perguntas no Congresso.
A questão é: será que, em um novo depoimento, Marconi encontrará clima tão ameno quanto o que encontrou da primeira vez? Mais: o PSDB vai novamente blindá-lo – pagando o preço do desgaste político –, logo agora que vai começar o julgamento do mensalão e com as disputas eleitorais em curso? Os próximos capítulo dirão…
Veja, abaixo, o que publicou o Estadão:
Integrantes da CPI do Cachoeira defenderam ontem que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), seja reconvocado para explicar o “compromisso” firmado entre ele e a Delta Construções, com a intermediação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira assim que assumiu o cargo no ano passado. O acerto, cujo teor integra relatório da Polícia Federal revelado na mais recente edição da revista Época, inclui a liberação de dívidas milionárias da empreiteira com o governo goiano mediante suposto pagamento de propina a Perillo.
O “compromisso” envolveria até a compra da casa do governador por Cachoeira, paga, segundo a PF, com recursos da Delta. À medida que o governador recebia as parcelas pela venda da casa, segundo a polícia, os créditos da Delta eram pagos. De acordo com a revista, a direção nacional da empreiteira tinha conhecimento das negociações. Em depoimento à CPI no mês passado, Perillo sempre negou ter relações com a Delta ou Cachoeira. Ele tem dito que a venda da casa, onde o contraventor foi preso no final de fevereiro, foi legal. A reportagem não conseguiu contato telefônico com o advogado de Perillo, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
“São gravíssimos os fatos, o que torna inevitável a reconvocação do governador Marconi Perillo. Os elementos mostram que o governador mentiu para a CPI”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), que apresentará na segunda-feira o pedido para trazê-lo de volta à comissão e ter acesso ao relatório da PF que foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no inquérito que investiga o governador. “Está demonstrado o elo entre Cachoeira, Delta e Marconi”, disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
Para Miro, é preciso chamar Marconi para dar, pelo menos, o direito de ele se defender novamente. “Nós estamos diante da possibilidade de esclarecer que houve, de fato, duas transações: uma de propina e a outra da casa”, afirmou o deputado do PDT.
Randolfe defende que a comissão faça uma sessão extraordinária na próxima semana para aprovar os requerimentos e tentar agendar o novo depoimento durante o recesso parlamentar. Miro, contudo, acredita que somente em agosto será possível ouvir o governador.
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