22 de novembro de 2024
Política • atualizado em 12/02/2020 às 23:39

Marconi põe a Polícia Federal em xeque e dá nó no PT ao indicar delegado para SSP

Não é só a Polícia Militar (PM) que resiste à indicação do Superintendente da Polícia Federal (PF) em Goiás, Joaquim Mesquita, ao cargo de secretário de Segurança Pública e Justiça de Goiás. Entre os policiais federais, tanto em Goiás quanto em Brasília, há um grande constrangimento com a escolha.

 
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Na terça-feira, 16, o jornal O Popular noticiou que Associação dos Cabos e Soldados (ACS) e a Associação dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Goiás (Assego) rejeitam o nome de um policial federal para o comando da Segurança Pública no Estado. 

A rejeição da PM goiana ao comando de um policial federal é justificada pela ação da PF na Operação Sexto Mandamento, que prendeu dezenas de policiais militares sob acusação de formação de grupo de extermínio no Estado.

Ninguém fala publicamente, mas entre os delegados da Polícia Federal o entendimento é que o governador Marconi Perillo (PSDB) deu um verdadeiro ‘baile’ no ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e na ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, ao negociar com eles a indicação de um nome da Polícia Federal para suceder o desgastado João Furtado na Secretaria de Segurança Pública.

A justificativa de Marconi é que uma ação conjunta do Estado e da União, sob o comando da Polícia Federal e com reforço da Força de Segurança Nacional, seria primordial para diminuir a violência em Goiás. Na gestão do tucano os índices de criminalidade explodiram. Cardozo e Rosário acreditaram no discurso do tucano.

Mesmo em meio à Operação Monte Carlo e com uma onda de crimes no Estado, Marconi praticamente cruzou os braços. Fez uma troca protocolar de comando das polícias, mas manteve João Furtado no comando da Segurança Pública, apesar de todas as denúncias de associação dele ao grupo de Cachoeira. Ou seja, Marconi jamais se preocupou em resolver a situação. Preocupa-se, agora, tão somente com a imagem de seu governo.

Para os delegados da PF, Marconi vira o jogo com uma só tacada. Tacada de mestre, para muitos. Ao repassar o comando da Segurança Pública para a Polícia Federal, o tucano inverte um jogo fundamental: passa a ser nas palavras de um delegado da PF “o investigado que comanda o investigador” – sob o comando de Joaquim Mesquita, a PF desencadeou a Operação Monte Carlo, da qual Marconi é um dos nomes investigados.

Com Mesquita no governo de Goiás, Marconi esvazia qualquer possibilidade de uma nova ação da Polícia Federal em seu governo. Ora, um alívio e tanto!

Além disso, avaliam os delegados mais experientes, Marconi também divide um hipotético ônus do fracasso de seu governo na política de Segurança Pública com a Polícia Federal – e com o PT da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula. Em caso de melhoria nos índices, a iniciativa de mudança terá sido dele e, obviamente, os louros também.

Um delegado da Polícia Federal ouvido pelo Diário de Goiás avalia que Cardozo foi ‘absolutamente inocente’ ao avalizar tal composição. O mesmo delegado observa ainda que Mesquita aceitou o cargo com o discurso de ser uma missão a ele atribuída.

O mesmo delegado considera, no entanto, que a aceitação do convite se dá meramente por vaidade pessoal. Mais uma vez, Marconi foi habilidoso ao fisgar o peixe.

De qualquer forma, O governador tucano conseguiu desagradar PMs e PFs com a indicação do novo Secretário de Segurança Pública. Se conseguir contornar esses entraves, porém, dará uma cartada de mestre sobre dois ministros petistas, e debaixo dos olhos de todos os petistas, sobretudo os de Goiás, que cada vez mais viram reféns das esperteza de Marconi e da conivência dos petistas nacionais com o tucano avalista do mensalão.

Mas vale uma ressalva: os dois ministros não poderão alegar que não foram alertados. Muito menos os petistas de Goiás. Foram a tempo e a hora.

 

 


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