Em palestra proferida no seminário Brasil Central a Força do Agronegócio na Transformação do País, promovido pela revista Globo Rural e pelo jornal O Globo, na manhã desta sexta-feira (15) no Rio de Janeiro, o governador Marconi Perillo criticou o “exército corporativista” que tem impedido a transformação do País. “Temos um exército corporativista que impede a aprovação das reformas capazes de fazer o Brasil avançar”, disse. Os ministros Alexandre Baldy (Cidades) e Blairo Maggi (Agricultura) participaram do seminário.
Marconi usou como exemplo as dificuldades políticas em torno da aprovação da reforma da Previdência Social, que vem defendendo sob a observação de que o desequilíbrio entre as receitas e pagamento de benefícios está quebrando a União e os Estados. “A batalha (da aprovação da reforma da Previdência) não é ideológica, mas em torno da manutenção ou corte de privilégios”, disse. Sobre a reforma trabalhista, o governador alertou para a necessidade de se enfrentar com coragem as barreiras burocráticas, a regulação do mercado e a definição de regras claras e competitivas que assegurem segurança jurídica para quem quer investir.
Ao analisar o atual quadro da economia brasileira, Marconi enumerou alguns desafios a serem vencidos para que o Brasil retome o crescimento. Para ele, a principal causa para a baixa velocidade do crescimento do País está no fechamento do mercado.
“O protecionismo, visto como a zona de conforto, vem impedindo os investimentos estrangeiros que já teriam feito do Brasil uma fronteira de produção muito acima do que somos”, declarou. No entendimento de Marconi, a consequência mais imediata do limite de investimentos tem sido a informalização do mercado, o que sobrecarrega de tributos a parcela formal da economia.
Marconi disse que “a combinação de economia informal, fragilidade dos governos e tributação mal distribuída tem o resultado explosivo que vivenciamos hoje com a corrupção e com o crime”.Mesmo diante do atual contexto, o governador observou que a agroindústria tem conseguido superar o protecionismo e juntar índices de produtividade suficientes para avançar mesmo na crise e ancorar a recuperação que o País procura.
Na avaliação do governador, “a força do setor agropecuário é tão grande que conseguiu nos alertar para uma nova organização geopolítica surgida no Brasil Central, onde promovemos uma espécie de repactuação federativa entre estados cuja característica é o crescimento elevado do PIB a cada ano”.O governador fez referência ao Consórcio de Governadores do Brasil Central que, em pouco mais de dois anos de existência, realizou 19 encontros e solidificou uma pauta conjunta que vai de um pacto de segurança pública integrada, passa pela institucionalização de um mercado comum, de uma aliança municipal pela competitividade e chega a uma agenda legislativa positiva com o acompanhamento conjunto da tramitação de projetos no Congresso Nacional.
A região, segundo o govenador, é a que mais cresceu nos últimos dez anos e que apresentou a maior taxa de redução de pobreza. “Na safra 2016-2017, o Brasil Central deverá ser responsável por mais de 90 milhões de toneladas de grãos, de um total estimado em 213 milhões de toneladas”, estimou.Marconi destacou a densidade populacional do eixo Brasília-Goiânia – hoje de 7,4 milhões de habitantes – e as cidades de Anápolis e Aparecida de Goiânia como polos de atração de novos negócios entre os dez principais eixos de desenvolvimento brasileiro. “Nestes pouco mais de 200 quilômetros que ligam Brasília a Aparecida de Goiânia, desde 2009, fixaram-se mais de 31 mil empreendimentos”, disse. “Outras 70 mil empresas deverão se juntar até 2025”, informou o governador com base em estimativas da Urban Systems feitas para a revista “Exame”.
GargalosA ineficiência dos precários modais de transportes existentes na região mereceu análise de Marconi durante os debates que precederam as palestras dos ministros Blairo Maggi, da Agricultura e Alexandre Baldy, das Cidades, também presentes ao Seminário. O governador fez um histórico das principais ferrovias que cortam a região, algumas em construção, para demonstrar que a falta de agilidade nos processos de concessão estão causando prejuízos ao País.
Ele lamentou que, três anos após ser concluída, a Ferrovia Norte-Sul, no trecho de Anápolis ao Tocantins, continue sem operar. Também cobrou mais agilidade nas obras de outras rodovias que ligam as regiões Norte, Nordeste e o Centro-Oeste, assim como a extensão da Norte-Sul até Estrela D’Oeste, em São Paulo.
O governador também citou a necessidade de se destravar o processo de concessão da BR-153, a partir de Anápolis na rota para a região Norte. “A concessionária abandonou a rodovia e não fez a duplicação necessária e nem mesmo obras de manutenção”, lembrou.
Na contramão da realidade nacional, Marconi enumerou os investimentos que o Governo de Goiás tem feito na infraestrutura de transporte do Estado. Citou as grandes obras de duplicação, reformas, reconstrução e manutenção de 21 mil quilômetros de rodovias. “As nossas rodovias nunca estiveram tão boas. Estamos trabalhando para levar rodovias de qualidade onde está a produção”, reafirmou.
Paralelamente aos investimentos na infraestrutura, Marconi defendeu no Seminário mudanças de comportamento em relação a logística nacional. Ele pediu mais agilidade e menos burocracia para destravar os projetos de investimentos. “Não se pode trabalhar contra quem quer investir. Temos que desburocratizar, principalmente a legislação ambiental. Não é aceitável que um processo de investimento se perca há mais de três, até cinco, seis anos, na burocracia”, criticou.
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