Após encerrar as duas primeiras etapadas da Missão Comercial do Governo de Goiás ao Oriente Médio, com intensa agenda de trabalho nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita, o governador Marconi Perillo afirmou neste sábado, ao chegar ao Líbano, que o bem-estar das pessoas é a principal causa das missões comerciais. Conforme pontuou, ao abrir espaços para Goiás no mundo, o governo estadual busca atrair investimentos que vão melhorar a economia e, consequentemente, a vida dos cidadãos goianos, com o aprimoramento dos setores essenciais para a população goiana. Marconi e a delegação permanecem no Líbano até esta segunda-feira (6 de março), para a terceira etapa da missão, e retornam a Goiás.
“O bem-estar das pessoas é a causa principal dessas missões. É abrir espaços no mundo inteiro para que Goiás se torne conhecido, para que os investimentos venham para que possamos ter mais compradores dos nossos produtos e possamos ter mais empregos. Isso tudo acaba significando um grande círculo virtuoso em prosperidade e em desenvolvimento que impacta na economia, na infraestrutura, e acaba também viabilizando mais recursos para o governo do Estado investir em áreas essenciais.
Marconi destacou que as missões comerciais realizadas até hoje (somente na atual gestão já foram dez) influenciam no aumento no PIB, das exportações “e, consequentemente, o que é mais importante, nos empregos”, considerou. “Todo trabalho que é feito para ativar a economia tem como objetivo, grande consequência, emprego, especialmente num momento em que temos muito desemprego no Brasil. Quanto mais investimentos nós conseguirmos levar para o Estado, quanto mais nós pudermos produzir e exportar, mais empregos nós estaremos gerando”, ressaltou.
Ele ressalvou que, além do setor econômico, outras áreas de Goiás são apresentadas nas missões. Na Arábia Saudita, conforme pontuou, pôde discutir com o ex-ministro da economia daquele país a experiência com as Organizações Sociais nos hospitais e também a do Conecta Sus. “Eles ficaram bastante impressionados e me pediram para enviar um VT com informações sobre o que nós estamos fazendo em termos de avanços na área da saúde, para que depois eles definam uma missão para visitar in loco os nossos hospitais e conhecer a nossa tecnologia avançada na área de saúde, que é hoje um modelo para o Brasil”, declarou.
Leia, abaixo, a íntegra da avaliação do governador Marconi Perillo sobre os resultados da missão:
COMÉRCIO COM ORIENTE MÉDIO
Essa região do Oriente Médio é muito pouco visitada pelos brasileiros, principalmente pelas autoridades brasileiras. Aqui na Arábia Saudita, por exemplo, há muitos anos não vem um presidente da República. Governador de Estado o primeiro que veio foi em 2002. Quinze anos depois eu estou vindo para poder falar das potencialidades do Brasil e, principalmente, de Goiás. Os pontos altos foram os encontros que tivemos até agora em Abu Dhabi, em Dubai. Eu participei da feira mundial de alimentos em Dubai e me avistei com dois fundos soberanos, e com outras autoridades importantes dos Emirados Árabes; todas elas muitos interessadas em realizar investimentos no Brasil, mas também querendo saber sobre segurança jurídica, sobre a estabilidade política do País, como está a questão política do Brasil e também querendo informações sobre a economia, sobre a retomada do crescimento econômico e as reformas que estão sendo feitas. Na Arábia Saudita, eu encontrei um mundo que o Brasil não conhece. As oportunidades são enormes. Encontrei-me com os maiores herdeiros daqui, incluindo o príncipe herdeiro, o Muqrin. Todos eles nos receberam muito bem. Com todos eles nós conversamos efetivamente sobre possibilidades de investimentos no agronegócio, na ferrovia para Brasília, em saneamento básico, infraestrutura.
PERSPECTIVAS DE NEGÓCIOS
Nessa região do mundo é preciso primeiro ganhar a confiança dos interlocutores, dos empresários, das autoridades. É preciso vir aqui. Não adianta enviar e-mail, não adianta falar por telefone, não adianta teleconferência. Aqui, é olho no olho. É fio do bigode. As pessoas querem conhecer a gente, querem conhecer as potencialidades que existem no País e, principalmente, ninguém sabe onde fica Goiás nessa região. Então é preciso falar onde está Goiás, que Goiás está na região mais central do Brasil, que Brasília se encontra dentro de Goiás e contar o que acontece em Goiás hoje. Goiás tem uma economia diversificada, importa e exporta para mais de 150 países; falar do crescimento do PIB nos últimos anos, das exportações e das múltiplas opções que temos. Nós somos o segundo maior produtor de etanol, a terceira maior província mineral do País. É preciso falar que nós produzimos agora 21 milhões de toneladas de grãos, que nós temos um rebanho de quase 23 milhões de cabeças e que temos várias montadoras de veículos, temos polos de turismo, de confecções. Enfim, é preciso apresentar o estado para depois a gente começar a efetivar os negócios. Nós estamos plantando uma semente. Uma coisa é clara: algumas missões sairão daqui, do Oriente Médio, para a América Latina, e se não haviam incluído o Brasil e muito menos Goiás, uma ou outra missão será efetivada.
EFEITOS NO AGRONEGÓCIO
Eles têm muito interesse no agribusiness. Eles têm muito interesse em comprar alimentos para esta região. Mas eles têm interesse também em levar dinheiro. Aqui sobra dinheiro. Faltam aqui projetos para investimento em outros países. Eles gostam muito dos brasileiros e gostaram muito da nossa delegação. Então, eu estou convencido de que tanto nós poderemos vender mais para cá – apesar de que a nossa balança comercial em relação aos Emirados e a Arábia Saudita é muito favorável a Goiás; nós podemos ampliar muito as vendas pra cá e, ao mesmo tempo, levar dinheiro para ser investido em nosso Estado. Ainda teremos, a partir de hoje, a missão no Líbano. No Líbano, nós vamos nos avistar com vários ministros do governo de lá. O Líbano tem uma relação histórica com o Brasil. Nós temos no Brasil o dobro de libaneses com descendência libanesa que existe no próprio Líbano. Então, há uma relação muito familiar, uma relação de muita amizade entre o Líbano e o Brasil. Eu vou me encontrar com alguns empresários muito importantes, para os quais eu vou apresentar um portfólio de negócios que pode ser realizado com o nosso Estado.
ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA INVESTIMENTOS
O primeiro projeto que eu apresentei, que estou apresentando aqui nesses países, é o trem de passageiros de alta velocidade, ligando Brasília a Goiânia. Esse é um projeto do governo federal, que tem a nossa participação, a participação de Goiás e do governo de Brasília. É um projeto de R$ 9 bilhões, que será concedido à iniciativa privada. Nós já temos o interesse dos chineses. Eu estou trazendo esse projeto para apresentar aqui, até porque quanto mais concorrentes tivermos, especialmente de fundos soberanos do Oriente Médio, melhor para que ele se torne viável. Outro projeto que tem sido apresentado é a concessão de rodovias e também projetos relacionado ao agronegócio. Da parte pública, nós trouxemos um pen drive com todas as principais possibilidades de investimentos que estão no PDE – o Plano de Desestatização do Estado. Aí a gente inclui as rodovias, a Plataforma Logística e o Aeroporto de Cargas de Anápolis; e também, como já me referi, o trem Brasília-Goiânia. Dentre outras oportunidades que estão no PDE, que é o Programa de Desestatização do Estado de Goiás.
IMPORTÂNCIA DO INVESTIMENTO ESTRANGEIR
O O governo brasileiro está sem dinheiro. Aliás, nós amargamos um déficit de mais de R$ 150 bilhões no ano passado. Para este ano há também a projeção de um déficit muito grande no governo federal. As empresas maiores também estão todas enroladas na Lava Jato. Então, é preciso buscar empresários, investidores em outras partes do mundo para viabilização dos nossos projetos. O governo federal apresentou agora um amplo plano de concessões, de privatizações. Mas é preciso que haja interessados fora do País. Concessões de ferrovias, de aeroportos, de portos, de novas rodovias, de duplicações. Eu acho que a nossa visita aqui, além de ajudar o Estado, ajuda também o Brasil. Sinto que as pessoas aqui querem algo concreto. É como se dissessem “o que é que vocês tem no Brasil para que a gente possa efetivamente investir?”. Nesse aspecto, existem muitas oportunidades no Brasil e muitas oportunidades no estado de Goiás. Por outro lado, os parceiros estrangeiros só vão investir no Brasil e em Goiás se sentirem que há segurança jurídica para os investimentos deles, se há estabilidade econômica e democrática. E eu afirmei a todos aqui da importância da democracia no Brasil, da estabilidade política quando o governo e o Congresso estão dialogando bem. Também estabilidade do Judiciário. Investidores de qualquer parte do mundo só investem em países e em estados se eles tiverem segurança de que o seu capital terá retorno.
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Eu informei a todos aqui do nosso Goiás Solar, um programa que nós lançamos há poucos dias em Goiânia e que certamente será um programa inovador e pioneiro no Brasil. Na Arábia Saudita, por exemplo, eles querem em 25 anos transformar 30% da geração e distribuição de energia em energia renovável. Apesar de serem os maiores produtores de petróleo do mundo, o governo daqui já deu uma determinação de que, em 25 anos, 30% da matriz energética do País seja de energia renovável. Enfim, eles também estão pensando no futuro do planeta e também pensando no aquecimento global e em todas as consequências de se continuar utilizando fontes não renováveis de energia, como é o caso do petróleo. O programa Goiás Solar foi muito bem recebido aqui no Oriente Médio, até porque, efetivamente, nós estamos falando da inovação e falando do futuro do planeta e do nosso Estado.
AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES
O agronegócio é algo que enche os olhos desses países, principalmente os Emirados Árabes, que hoje são um rugby em toda essa região do Oriente Médio e da Ásia, mas também aqui na Arábia Saudita e no Líbano é muito importante essa relação bilateral comercial envolvendo o agronegócio. Mas existem outras áreas da economia e, principalmente, das relações comerciais, que podem ser incrementadas. Nós podemos, em várias áreas, exportar muito mais para cá, e também podemos importar especialmente componentes de maior valor agregado e também componentes de alta tecnologia.
APOSTA NO ORIENTE MÉDIO
As autoridades brasileiras vêm muito pouco aqui, principalmente na Arábia Saudita. Há muitos anos veio aqui um presidente da República. Como eles não têm nenhum tipo de relação maior, mais afetiva com o Brasil, como eles sequer conheciam Goiás, era muito difícil haver um incremento maior nas relações bilaterais. O povo árabe gosta de ter contato, olhar nos olhos, de conhecer melhor as oportunidades, as estatísticas, ter mais informações, conhecer melhor as oportunidades, vantagens comparativas, competitivas. Isso tudo eu fiz questão de mostrar aqui.Eles ficam muito impressionados quando a gente mostra o mapa do mundo, mostra o mapa do Brasil, situa Goiás, mostra que Brasília está dentro de Goiás. Que nós temos um mercado consumidor de 10 milhões de pessoas, que somos um rugby pro Brasil todo, que temos um raio de mil quilômetros, 70% da população brasileira. Essas informações são fundamentais, até porque se a gente não anda, não conhece as pessoas, não abre o relacionamento, sinceramente é impossível ampliar as relações comerciais ou as exportações, ou mesmo buscar novos investimentos.
CONTRATO COM A CARACAL
Nós assinamos um memorando em Goiás. A gente conhecia por ver vídeos, internet, informações. Uma coisa é assinar em Goiânia um memorando, ouvir dizer e ver apresentações de VTs. Outra coisa é vir aqui e sentir que é uma realidade, uma fábrica que tem o apoio do governo dos Emirados. Nós fomos à fábrica e a vimos produzindo. Isso nos dá mais segurança. E foi por isso que nós assinamos o protocolo de intenções. À medida que eles nos conheceram melhor também, eles estão falando inclusive em cronograma para o início das obras e das atividades. Vale destacar, que um dos príncipes de Abu Dhabi nos acompanhou em todos os encontros que tivemos com a direção da Caracal aqui nos Emirados.
MISSÃO NO LÍBANO
Nós temos mais libaneses no Brasil ou descendentes libaneses do que no próprio Líbano. Ou seja, mais do que o dobro de libaneses vive no Brasil e há uma relação histórica de mais de cem anos entre o Brasil e o Líbano. Eles gostam muito do Brasil. Existem libaneses com muito capital. Esses que já conhecem, porque têm familiares lá ou já foram ao Brasil, querem conhecer as oportunidades de melhores investimentos.No Líbano, um grande investidor que está radicado há mais de 40 anos em Londres, que é iraquiano, vai nos receber com um grupo de ministros e investidores para que eu possa apresentar todo o portifólio de oportunidades que existem em Goiás. Eu acho que será uma grande oportunidade para incrementarmos as relações bilaterais comerciais e culturais, e também para apresentar projetos específicos de investimentos em Goiás.
Leia mais sobre: Cidades