BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, afirmou que a empresa já pagou resgate de funcionários no exterior.
“A gente atuava muito em país de guerra, por exemplo. A gente pagou resgate no Iraque, a gente pagou resgate em Angola, pagou resgate na Colômbia. A gente chegou a ter mais de cem pessoas nossas sequestradas na Colômbia”, afirmou Odebrecht.
“Você tinha, muitas vezes, que fazer pagamentos para milícias em países que você tem guerrilha”, disse.
O depoimento foi prestado no dia 1º de março ao ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer nas eleições de 2014.
A reportagem teve acesso ao documento.
O tema dos resgates foi mencionado no contexto em que Marcelo Odebrecht explica a criação do Departamento de Operações Estruturadas da empresa, apontado nas investigações como a área que contabilizava a propina que a empresa pagava.
O dinheiro para resgatar os funcionários, segundo ele, saía deste setor, criado, relatou, há 30 anos.
“Olha, tem uma má interpretação isso aí. Na verdade não existia o setor de operações estruturadas para pagamento de propina. Na verdade, o que aconteceu foi o seguinte, acho difícil ter uma empresa no Brasil que não faz pagamento não contabilizado -isso não se refere necessariamente propina, ou até mesmo caixa dois de campanha”, disse.
Ex-presidente da Construtora Odebrecht, Benedicto Júnior, o BJ, disse, também em depoimento ao TSE, que pagou ao menos US$ 300 mil – equivalente a cerca de R$ 1 milhão, no câmbio atual -para conseguir repatriar o corpo de um funcionário morto no Iraque. “Eu perdi um funcionário e tivemos que pagar no Iraque um recurso expressivo, US$ 300 ou US$ 400 mil dólares para o resgate do corpo dele”, disse BJ.
Leia mais sobre: Brasil