11 de dezembro de 2025
PRISÃO PREVENTIVA

Mantida prisão de presidente do Sindicato Rural de Rio Verde acusado de abusar de três funcionárias; uma adolescente

Justiça decide manter Olávio Teles preso; investigação aponta abusos, intimidação de vítimas e sala trancada automaticamente
Justiça decidiu pela prisão preventiva do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Rio Verde - Foto: reprodução de vídeo / TV Anhanguera
Justiça decidiu pela prisão preventiva do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Rio Verde - Foto: reprodução de vídeo / TV Anhanguera

A prisão do presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Rio Verde, Olávio Teles Fonseca, foi mantida na audiência de custódia dessa sexta-feira (14). Ele foi preso pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Rio Verde suspeito por abusos sexuais contra duas funcionárias adultas e estupro de uma adolescente dentro da sala da Presidência do sindicato. O processo corre em segredo de Justiça.

Olávio foi conduzido na quinta para a Casa de Prisão Provisória de Rio Verde, onde aguardou pela audiência de custódia. Ele pediu afastamento do cargo logo após a prisão.

A audiência de custódia foi acompanhada pela defesa, que estaria com o advogado Fábio Sanches (ele não foi localizado para comentar) e pelo promotor do Ministério Público de Goiás Thiago Galindo Placheski. O promotor que acompanha a denúncia da Deam é Augusto César Borges Souza.

Intimidação

Por cerca de três meses, a delegada titular da Deam, Fernanda Simão, investigou denúncias anônimas relatando os abusos. Ao pedir a prisão provisória do presidente do sindicato, a delegada argumentou que ele vinha intimidando as vítimas e é uma pessoa muito influente em Rio Verde.

“Foi feito o pedido de prisão provisória a fim de resguardar a garantia da ordem pública e também a conveniência da instrução criminal. Justamente porque algumas testemunhas e outras possíveis vítimas estariam intimidadas em dar o depoimento, em falar abertamente sobre esses fatos. Justamente em razão dessa influência que ele mantinha, não só lá no sindicato, mas ao nível da cidade mesmo. Ele é um senhor que tem muita representatividade”, afirmou na quinta-feira.

Ela acredita na existência de outras vítimas e se colocou à disposição para ouvir essas mulheres.

Investigação contra Olávio Teles Fonseca

A investigação apontou que os supostos atos ocorriam durante o horário de expediente das vítimas, principalmente dentro da sala do presidente, trancada automaticamente. Além disso, as vítimas alegaram que sofriam intimidações para não denunciarem os fatos.

Após os abusos, como forma de evitar a denúncia, segundo a delegada, Olávio ameaçava as funcionárias abusadas de forma velada.  “Ele falava que, se os fatos fossem a conhecimento público, elas não iam conseguir emprego em nenhum lugar, que ele era uma pessoa muito influente. [Agia] sempre no sentido de manchar a reputação delas, tanto pessoal quanto profissional”, informou na quinta-feira. 

Conforme a delegada, uma das vítimas relatou que “os crimes aconteciam contra ela há cerca de um ano, na sala da presidência”. Ela destacou que a sala era um ambiente totalmente controlado por ele, com uma tranca automática, que só ele ou a autorização dele para a secretária poderia abrir”. 

Delegada cita quatro crimes

De acordo com a delegada, as investigações da Deam apontam a prática dos crime de estupro, abuso sexual, violência psicológica e coação no curso do   processo. Algumas das vítimas também apresentaram laudos de afastamento por adoecimento mental, “possivelmente ligado a esse trauma”. As vítimas tiveram acompanhamento psicológico da delegacia, frisou ela.

Nesta sexta-feira a assessoria de Imprensa do Sindicato dos Produtores Rurais de Rio Verde não respondeu ao pedido de informações quem está à frente do sindicato e como os desdobramentos do caso estão sendo vistos.

Na quinta, houve o envio de uma nota que não respondeu se o assunto era de conhecimento de outros diretores da representação sindical e se havia medidas internas a respeito.

A nota destacava que o sindicato confia na Justiça e está à disposição: “A entidade aguarda que os fatos sejam esclarecidos com a devida imparcialidade e dentro do devido processo legal”. Informa ainda que Olávio Teles Fonseca voluntariamente pediu afastamento da presidência “permanecendo afastado pelo período que se fizer necessário para o regular andamento das investigações”.

A defesa de Olávio Teles Fonseca ainda não retornou às mensagens que abrem espaço para a versão dele.

Leia a íntegra da nota do Sindicato enviada na quinta-feira abaixo!

Nota

“O Sindicato Rural de Rio Verde acompanha os acontecimentos recentes e manifesta confiança no trabalho da Justiça e das autoridades responsáveis.

Informamos que o Sr. Olávio Teles Fonseca, solicitou, de forma voluntária, o afastamento de suas funções na data de hoje, permanecendo afastado pelo período que se fizer necessário para o regular andamento das investigações.

A entidade aguarda que os fatos sejam esclarecidos com a devida imparcialidade e dentro do devido processo legal.

No mais, o Sindicato segue trabalhando e à disposição para eventuais esclarecimentos institucionais que se fizerem necessários.”

Rio Verde, 13 de novembro de 2025


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