22 de novembro de 2024
Protesto • atualizado em 19/05/2023 às 19:41

Manifestantes fazem ato em frente a Colégio que demitiu professora por usar camiseta com obra de Hélio Oiticica

Demissão foi provocada após pressão feita por deputado federal de extrema-direita
Professores e ativistas protestam contra em frente ao Colégio Expressão (Foto: Sérgio Bartolomeu)
Professores e ativistas protestam contra em frente ao Colégio Expressão (Foto: Sérgio Bartolomeu)

Seja marginal, seja herói”. A frase do artista plástico Hélio Oiticica estampada na camiseta de uma professora demitida pelo Colégio Expressão em sala de aula, ainda ecoa frente a porta da instituição. Professores e manifestantes de movimentos sociais foram à porta da unidade escolar nesta sexta-feira (19/05) em forma de protesto.

O Colégio sucumbiu à pressão do deputado federal de extrema-direita Gustavo Gayer (PL), promoveu nas redes sociais e demitiu a professora que lecionava História da Arte na instituição. Para colegas da professora, a demissão é um atentado à liberdade de cátedra, direito assegurado pela Constituição Federal.

“A camiseta representava um período histórico que o Brasil viveu em que a ditadura militar reprimia de forma bruta e violenta qualquer tipo de manifestação que não fosse do seu interesse”, explica ao Diário de Goiás, o professor João Coelho, uma das lideranças do movimento. O contexto do período histórico justificava o  uso da camiseta. 

Autor da ilustração, Oiticica é um dos mais renomados artistas brasileiros com reconhecimento internacional. Sua obra é utilizada em provas de concursos públicos e também está presente no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). “Professores de História, Filosofia, Sociologia, Artes precisam de ter sua liberdade garantida para conseguir tratar sobre temas polêmicas que existem na história do Brasil”, destacou João Coelho.

Para o professor, é importante que os professores tenham autonomia de ensino. Principalmente diante de pautas sensíveis ao conservadorismo da sociedade. “Temas que vão de algum modo o conservadorismo da sociedade brasileira. Isso sim é tratar de cidadania. Os alunos não necessariamente precisam saber só daquilo que eles gostam ou do que faz parte da suas culturas mas também compreender culturas diversas daquilo que pensam suas famílias”, salienta.

Entenda a demissão da professora

Após o deputado federal extremista Gustavo Gayer (PL) levar o assunto em suas redes sociais, grupos de bolsonaristas foram até o perfil do colégio nas redes sociais cobrar providências por parte da instituição, além das ofensas desferidas contra a professora. O Colégio sucumbiu a pressão.

A professora explica que sempre aberto sou camisetas com obras de arte. “Sempre uso camisetas com obras de arte. É um jeito que tenho para conversar sobre arte com os alunos, de forma despretensiosa. Naquele dia expliquei e eles entenderam o contexto histórico da obra”, disse.

A professora conta que trabalhava no Colégio Expressão, em Aparecida de Goiânia, desde janeiro de 2023. Ainda de acordo com ela, a demissão foi meio de telefone, na última quinta-feira (4), após publicação do deputado.

Em nota à época, divulgada nas redes sociais, os Colégios Expressão e Expressão Júnior, afirmam que “escola não é lugar de propagar ideologias políticas, religiosas ou preconceituosas”.


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