17 de dezembro de 2024
Brasil

Maluf começa a cumprir pena nos Jardins

Paulo Maluf cumprirá pena em prisão domiciliar. (Foto: A7 Press/Folhapress)
Paulo Maluf cumprirá pena em prisão domiciliar. (Foto: A7 Press/Folhapress)

O deputado federal afastado Paulo Maluf (PP-SP) chegou nesta sexta-feira (30), a bordo de um Chrysler preto, em sua casa na região dos Jardins, na zona oeste de São Paulo, para começar a cumprir prisão domiciliar.

Ele passou “uma noite dramática”, com agravamento de seu quadro de saúde, segundo seu advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay.
Maluf, 86, estava internado num hospital em Brasília desde quarta-feira (28), com fortes dores na lombar, após três meses detido no Complexo Penitenciário da

Papuda. Na tarde desta Sexta-Feira Santa, voou num jatinho com equipe médica para São Paulo.

De acordo com Kakay, Maluf não pôde embarcar numa UTI móvel, que o levaria direto para um hospital na capital paulista, pois não tem autorização judicial para tanto.

Na noite anterior, o parlamentar passou por uma “lavagem estomacal horrível”, afirmou o advogado. Ele também precisa tomar injeção no olho, pois está ficando cego (já perdeu a visão de um deles), acrescentou. Com cabelos brancos (ele não podia tingi-los na cadeia), Maluf está usando cadeira de rodas.

O defensor disse que voará de Paris, onde passa o fim de semana, para a capital paulista na segunda-feira (2), para se encontrar com seu cliente. A ideia, contou por telefone, é fazer um requerimento ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, que concedeu a prisão domiciliar a Maluf, para saber quem será o juiz de execução penal. Assim poderá solicitar pedidos de exames para avaliar seu estado de saúde.

Em sua decisão, Toffoli afirma que a defesa do ex-prefeito paulistano apresentou documentos que comprovam que o deputado “passa por graves problemas relacionados à sua saúde no cárcere”.

Em nota à imprensa, os advogados de Maluf afirmaram: “Ele ainda está debilitado. O ideal seria que ele fosse diretamente ao hospital para exames. Isto será requisitado ao STF e ao juiz responsável pela execução penal”.

A cabana

Em fevereiro, Maluf recebeu a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo na Papuda. Lá reclamou do regime fechado e contou sobre sua rotina de presidiário.

“Eu tive câncer de próstata. Eu sou cardíaco. Tomo 15 remédios por dia”, disse ele, que na cela tinha como livro de cabeceira “A Cabana”, de William P. Young, um presente das netas.

O deputado receberá médicos em sua casa, numa região que concentra parte da elite paulistana (o presidenciável Flavio Rocha mora a dois quarteirões, e Wesley Batista, da JBS, também é vizinho). Uma cesta de frutas foi entregue na residência, onde parentes já o esperavam.

Em maio de 2017, Maluf foi condenado pela primeira turma do STF a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro. Também foi condenado à perda do mandato. A Câmara dos Deputados ainda não avaliou o pedido de cassação do mandato do deputado.

Maluf está na Câmara desde 2007 e teve outras duas incursões como deputado, além de ter sido prefeito e governador.

De acordo com a denúncia, enquanto era prefeito de São Paulo (1993 a 1996), ele ocultou e dissimulou dinheiro desviado da construção da avenida Água Espraiada (atual av. Roberto Marinho).

Um homem gritou “ladrão” enquanto passava de bicicleta na frente da mansão de Maluf, um de seus bens bloqueados pela Justiça. “Deixa o homem em paz, seus merdas”, disse outro, de moto, a jornalistas e fotógrafos que aguardavam a chegada do parlamentar. Quase bateu. (Folhapress)

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