Embora o Brasil seja governado por uma mulher e sua população seja composta por 51% de mulheres, o país ocupa a 158ª posição entre 188 nações no ranking da presença de mulheres nos parlamentos do mundo, segundo levantamento feito no fim de 2014 pela União Interparlamentar. Para mudar esta realidade é que parlamentares lançaram nesta quinta-feira (10) em Goiás a campanha “Mais Mulheres na Política”, que visa fomentar maior participação feminina na política.
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A senadora Lúcia Vânia (PSB-GO) defende a viabilização de duas propostas que tramitam no Congresso Nacional. A primeira é a que institui a reserva de vagas destinadas às mulheres, nos três níveis federativos das Casas Legislativas. A segunda é a reserva de recursos do Fundo Partidário para incentivar os partidos a buscar uma maior bancada feminina.
A proposta para fixar percentuais no parlamento prevê 10% das cadeiras na primeira legislatura, 12,5% na segunda, e 16% na terceira legislatura, após a aprovação do texto.
A proposta foi rejeitada em junho na Câmara. Obteve 293 votos, mas não alcançou os 308 necessários para ser aprovada. Nesta semana ocorreu aprovação da proposta no Senado e a sua manutenção na votação posterior na Câmara.
“Na Câmara dos Deputados nós iniciamos a proposta e por falta de 15 votos não conseguimos a aprovação, porque tem que ser uma emenda constitucional e no Senado conseguimos aprovar com larga maioria, já em segundo turno. Goiás é o primeiro estado que a gente visita após a aprovação. Isso é um ganho para a democracia”, destaca a Senador Vanessa Grazziotin (PC do B- AM).
Em termos de representação feminina na política, estamos atrás de países como Ruanda, Senegal e Sudão. Na América Latina, só estamos à frente de Haiti, Belize e São Cristóvão e Nevis. Na vizinha Argentina, a representação feminina no Parlamento alcança 36%; na Bolívia, 53%.
Na Câmara Federal, as 51 deputadas que tomaram posse em fevereiro ocupam o equivalente a 9,9% das cadeiras. No Senado, a proporção é um pouco maior. As 12 senadoras em exercício representam 13% dos 81 parlamentares.
“Essa campanha iniciou dentro do Senado e da Câmara Federal e depois sendo deslocadas para os estados convocando as mulheres. O objetivo é de mostrar as mulheres as conquistas que nós já tivemos na Constituição, na Reforma do Código Penal e que poderemos ter com a Reforma Política que está em andamento no Congresso Nacional”, destaca a senadora Lúcia Vânia.
Também presente no evento, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) destacou que pretende tomar atitude, conversando com colegas da Câmara Federal e do Senado para que possam aprovar as propostas em tramitação no Congresso Nacional.
“Vou conversar com os seis deputados do meu partido que estão lá, são meus amigos. Votar contra este projeto é ser muito machista. A gente tem que tomar um pouco de vergonha, antes de tomar este tipo de atitude. Como sou amigo deles, eu vou fazer este tipo de brincadeira e vou trabalhar para que todos eles votem a favor deste projeto “, descreveu o governador.
A senadora Marta Suplicy argumentou durante o evento realizado no Centro Cultural Oscar Niemeyer que a mulher tem enfrentado dificuldades na política. Ela avalia que as condições não são iguais entre homens e mulheres, mas que as leis recentemente aprovadas no Senado poderão mudar este quadro.
“O que tem acontecido nos últimos 20 anos. A mulher não consegue, porque a oportunidade não é igual. Você pega um homem e uma mulher e vão num comércio pedir apoio financeiro para a campanha, o dono da loja dá apoio para o homem. A mulher tem uma chance menor de competição. É uma luta árdua. Esta lei vai permitir que em vez dos partidos por laranjas, agora vão colocar mulher pra valer para disputar”, avalia Marta Suplicy.
Para Lúcia Vânia existem várias causas que provocam o afastamento da mulher da atividade politica no parlamento. Uma das principais na visão dela é que os partidos estão estruturados de forma autoritária. “ As mulheres não fazem parte das executivas dos partidos”, analisa.
Cutucada
Em entrevista a senadora Marta Suplicy argumentou que o povo brasileiro não pode confundir o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) com a atividade feminina na política.
“Eu espero que as pessoas não confundam o governo dela com o gênero (feminino)”, afirmou.
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