07 de agosto de 2024
Política

Maguito Vilela: “O PMDB tem história. Se não une pelo amor, acaba unido pela dor”

Em entrevista ao repórter Murilo Santos do portal do jornal O Hoje, o prefeito Maguito Vilela (PMDB) faz uma análise da situação atual do PMDB. Mostra que existe um certo descontentamento pela não candidatura de Júnior do Friboi e pede a união do partido. Para Maguito é preciso juntar os cacos.

Nunca se viu o PMDB em meio a tanta ebulição. O que aconteceu? A culpa foi de Iris Rezende, de Júnior Friboi, ou de todos?

Eu admito que a culpa foi de todos. Todos nós esperávamos por uma candidatura do Júnior e não vingou. Esperávamos uma candidatura do Iris e demorou o anúncio. Enfim, não se deu uma participação dos prefeitos, vereadores e deputados. O partido não soube se encontrar neste tempo e definir com mais rapidez o candidato.

E daqui pra frente é possível juntar os cacos?

É possível, sem dúvida nenhuma serão juntados. Até porque o partido é maduro, tem história e é importante. Se não juntar, perde as eleições. E ninguém quer perder as eleições. Se você não une pelo amor, você acaba unido pela dor. E é o que está acontecendo. Hoje o partido tem a perspectiva de um candidato muito forte, o que é muito importante para todos os candidatos à Assembleia e à Câmara Federal. Então é a união pela dor na qual me referi.

Os embates internos foram traumáticos. Iris Rezende vai conseguir unir o partido?

Vai sim. Ele sempre uniu. É o grande líder e um político excepcional. Ele é muito carismático e habilidoso. Vai conversar com todos os líderes. Ele vai unir o partido e terá boa performance na campanha eleitoral.

O deputado estadual Daniel Vilela (PMDB), filho do senhor,afirmou aqui no Hoje de Frente com o Poder: Iris é o maior político de Goiás, mas o povo quer um novo líder…

O povo sempre procura não só um líder, mas vários lideres. O povo geralmente opta pelo mais experiente. Mas em outra oportunidade quer renovação, que é o mais novo. Devemos estar sempre acompanhando, mesmo através de pesquisas, a vontade da maioria da população.

A coligação PMDB-PT ficou no sonho?

Em política tudo é possível e nada você pode por como ponto final. O Vanderlan (Cardoso-PSB) esteve no PMDB e poderia ser o candidato do partido, mas não teve paciência de esperar e fazer as costuras necessárias, como o Júnior também. Grande figura, empresário e pessoa, mas não teve paciência. A política é um jogo de paciência. É o jogo do poder. O poder é fascinante e alucinante. Todo mundo quer poder. O poder é mais importante do que dinheiro. Por isso que às vezes o cara é milionário e quer deixar a vida dos negócios para a vida pública. Porque o poder é fascinante. É importantíssimo. O Júnior, embora seja um grande líder, também não teve paciência, tolerância, jogo de cintura para ser um político. Um político tem de saber a hora de avançar, recuar, estagnar, falare ficar quieto. Isso é do jogo. Eles não tiveram paciência, até porque não tiveram uma formação política. Não passaram pela Assembleia ou Câmara Federal como muitos passaram e têm equilíbrio político. Os dois são grandes e estão dando contribuições onde estão.

E a aliança com o PT, do pré-candidato Antônio Gomide?

O PT deu a oportunidade. Por meio do presidente nacional e dos líderes disseram: “podemos estar aliados, juntos, mas o PMDB não definiu, não decidiu”. A culpa não é do PT. A culpa é do PMDB, é nossa. Não definimos até a desincompatibilização do Antônio Gomide. Não é justo o indivíduo deixara Prefeitura de uma cidade tão importante e emblemática como Anápolis, renunciar um mandato, e agora querer que ele desista em favor do nosso partido. Assim como o PMDB quer ter candidato os outros partidos também querem e têm o direito, principalmente neste caso onde esperaram até a décima hora. O PMDB não se manifestou. Acho que ele anunciou a pré-candidatura até não acreditando mais em lançamento de candidatura pelo PMDB devido ao impasse surgido.

O senhor vê com bons olhos o deputado federal Ronaldo Caiado(DEM) na chapa majoritária do PMDB como candidato a senador?

Vejo com bons olhos. Ronaldo Caiado é um político que tem história, tem serviços relevantes prestados à Goiás, é de palavra e tem posição. Às vezes divirjo dele ideologicamente. Ele está muito à direita e eu do Centro para à esquerda, mas não vejo problema nenhum na aliança PMDB e DEM, Ronaldo Caiado candidato ao Senado e Iris ao Governo. Isso é da política. O Lula não chamou o José Alencar para ser o seu vice?

Chamou até o (Paulo) Maluf para se aliar ao PT…

Exatamente. O Maluf hoje apoia a presidente Dilma. Acho que todo mundo tem que defender suas ideias, seu plano e não fazer nenhuma rejeição a alianças. O PMDB tem que procurar o Ronaldo Caiado, o Vanderlan, o PDT, o Armando Vergílio (SDD), Jovair Arantes (PTB). Se quiser ganhar a eleição vai ter que fazer alianças bem amplas, como o PT também procura outros partidos, o PSDB procura. A aliança é fundamental para o tempo de televisão e rádio, isso é preponderante em política. O PMDB não vai entrar em uma campanha sem tempo de televisão para expor suas ideias.

As indefinições do PMDB e da própria oposição favorecem a candidatura à reeleição do governador (Marconi Perillo)?

Eu não entendo assim. Ano eleitoral é muito nervoso mesmo. O PMDB teve problemas. O PSB teve com o Ronaldo Caiado, o Eduardo (Campos) e a Marina Silva. O governador quando acenou com a possibilidade de aproximar do Caiado, o Vilmar Rocha com razão ou não, o vice-governador (José Eliton) também teve problemas. Isso é muito comum, imprevistos e discussões políticas. Mas a poeira está baixando. É lógico que o PMDB vai ter candidato. O governador já é candidatopraticamente declarado pelas suas ações. O Vanderlan, o Antônio Gomide… Agora, eleição se decide nos últimos dois meses quando começam os programas de rádio, televisão, os debates. Eleição não é decidida antecipadamente. Nem as pesquisas hoje têm muito valor e vão mudar substancialmente durante a fase aguda das eleições.

Muitos peemedebistas ficam extremamente irritados com a boa proximidade do senhor com o governador Marconi Perillo…

Temos que descer dos palanques após as eleições e unir a classe política em favor do povo. Não adianta eu me eleger prefeito em Aparecida e depois ficarmos brigando com governador ou presidente e o povo sofrendo com os seus problemas. Temos que parar com isso em Goiás e no Centro-Oeste. O Nordeste tem as disputas, muito acirradas, ficam até inimigos pessoais, mas na hora de levar verbas e emendas para os Estados se unem todos na defesa dos interesses da região.

E aqui?

Aqui não, é um puxando de um lado para o outro a corda, que sempre vai arrebentar do lado mais fraco. Tenho excelente relacionamento administrativo com o governador Marconi e sou grato as parcerias. Ele está cumprindo tudo que falou conosco em Aparecida. Sou grato à presidente Dilma pelas parcerias que estamos fazendo também e o povo de Aparecida é quem está ganhando muito. Se fosse fazer oposição e brigar com eles o povo estaria a ver navios. Fui eleito para cumprir o mandato e acudir as demandas da cidade. Não me incomodo com estes ciúmes políticos ou com estes que falam. O que me preocupa é o bem estar do povo aparecidense e o futuro de Aparecida.

O custo de campanha ao Governo de Goiás gira mesmo em torno de R$ 100 milhões como revelou Júnior Friboi aqui no Hoje de Frente com o Poder?

Não vou discutir valores, mas que gasta muito, gasta. A eleição de presidente da República, governador de Estado, prefeito de uma grande capital, de uma grande cidade, gasta sim. Em Goiás tem que mandar propaganda para 246 cidades, em média é muita propaganda. Tem que deslocar de aviões e às vezes aeronaves mais rápidas, a hora fica mais cara. Tem combustível. Enfim, os gastos são enormes para se fazer campanha política. Tem que montar estrutura em ‘tudo’ quanto é cidade. Não sei qual o montante disso, mas que gasta muito dinheiro, gasta. E não adianta o candidato ficar falando: “olha não tenho dinheiro para gastar”. Se não tem dinheiro para a estrutura mínima não deve ser candidato.Tem que sair fora. Não adianta. É esse o costume político e a cultura política.

Isso deveria mudar ou não?

Nos Estados Unidos quem sai na frente e tem maior visibilidade é aquele que capta mais recursos. Aquele que tem mais dinheiro para a campanha sobe nas pesquisas. Em todo o lugar é assim. Vi muita gente criticar o Júnior e não o critiquei por isso. Ele estava gastando o dinheiro delee ele faz do dinheiro o que quiser. Não merece reparos nenhum, porque quem não gastar não vai ganhar eleição.

O pré-candidato a governador Vanderlan Cardoso afirma que o maior gargalo em Goiás hoje é a questão energética. E muitos dizem: “o problema foi Maguito Vilelavender(a usina de) Cachoeira Dourada”. O senhor enxerga uma saída para a Celg?

Enxergo e é uma saída muito fácil.

Qual?

É só injetar os recursos que a Celg precisa em função do que perdeu nos últimos anos. A Celg é extremamente viável, importantíssima e tem potencial muito grande. As empresas de todos os estados brasileiros praticamente foram privatizadas e não tiveram problema. Privatizar vai inviabilizar uma empresa? Pelo contrário. Uma empresa se viabiliza é com recursos mesmo e a Celgprecisa é de recursos. A Celg não teve prejuízo com a venda de Cachoeira Dourada. Até porque compra a energia de Cachoeira Dourada e de Furnas e vende pelo triplo. Comercializa energia. Quem percebe isso é quem ganha, não é quem produz e nem quem consome. A Celg é uma empresa produtiva. Quanto tempo ficou sem aumentar a tarifa? É só o governo federal adequaras coisas que a Celg vai voar.

Em 2016, quando terminar o mandato de prefeito,serão 40 anos de vida pública. Não está nos planos do senhor encerrar a carreira política…

Posso até encerrar. Não tem problema nenhum. Tenho a consciência tranquila de que fiz o melhor para oEstado, para as cidades onde atuei. Tenho um filho (Daniel Vilela) que vai fazer boa carreira. Começou como vereador, é deputado estadual e pré-candidato a deputado federal. Vamos passar o bastão para ele. Tem o (deputado federal) Leandro Vilela (PMDB) também que está representando o Sudoeste goiano. Estou fazendo tudo que é possível fazer, depois outros darão continuidade.

 

Para acessar a entrevista completa e em video (clique aqui)


Leia mais sobre: Política

Comentários

0 Comentários
Mais Votado
Mais Novo Mais Antigo
Opiniões Inline
Ver Todos os Comentários