23 de dezembro de 2024
Política

Magda Mofatto : “Se eu fosse para a oposição, seria vira folha”

 

A deputada federal Magda Mofatto (PR) diz que foi procurada pela oposição, mas preferiu não deixar a base aliada

(acompanha a entrevista concedida pela deputada a equipe de política do jornal Tribuna do Planalto)

 

 

A deputada federal Magda Mofatto (PR) causou uma grande movimentação na política goiana na semana passada ao ter seu nome lançado, por partidos aliados para o cargo de vice-governadora na chapa da base aliada no lugar do vice-governador José Eliton (PP).

A questão, que fez com que várias reuniões fossem realizadas às pressas para a definição do nome, ocorreu por conta de um descontentamento geral dos maiores partidos da base aliada com o PP, partido presidido por José Eliton em Goiás, que não quis fazer parte do chamado ‘chapão’ para deputado estadual.

Com a postura dos progressistas, representantes do PTB, do PSD e do PR lançaram o nome da deputada federal à vice-governadoria, aproveitando uma desconfiança de partidos da base aliada na força política do vice-governador e na necessidade, defendida há meses por PTB e PR, de discussões em torno dos nomes que comporiam a chapa majoritária encabeçada por Marconi Perillo.

Com o rebuliço, foi marcada uma reunião na noite da quinta-feira, 26, com representantes de PP, PR, PTB, PSDB e PSD, que deliberaram pela permanência de José Éliton como vice de Marconi, já que o PP aceitou compor com o ‘chapão’ da base aliada. Confira a entrevista dada à Tribuna por Magda Mofatto quando ela ainda pleiteava a vice-governadoria, na quinta, 26.

Tribuna do Planalto – Há muito tempo que a senhora e o deputado federal Jovair Arantes ressaltam a necessidade de discussão em torno da chapa majoritária da base aliada. Por que apenas na última semana antes das convenções a discussão acabou tomando corpo desta forma?

Magda Mofatto – É fato. Você fez uma observação muito certa. Há muitos meses, desde quando se aventou a possibilidade de indicação do nome do deputado federal Vilmar Rocha para o Senado e do vice-governador José Eliton para a vice, nós argumentamos que a melhor chapa para Marconi Perillo ganhar as eleições com muita força seria trazer o DEM, do Ronaldo Caiado, para o Senado e discutirmos um vice-governador que tivesse mais representatividade. O José Eliton é uma pessoa excepcionalmente boa, íntegro, fiel, parceiro e tem sido um excelente governador na ausência de Marconi Perillo. Muito querido por todos nós. Porém, na política, o que interessa é a candidatura majoritária e nós todos estamos empenhados nisso. Aparentemente com a decisão já tomada, começou-se a formar as chapas proporcionais. Para deputado federal nós do PR vamos com chapão. Já é tradicional também para aqueles que compõem a chapa majoritária para a disputa do governo do Estado de Goiás, que a chapa de deputados estaduais acompanhe também a chapa proporcional aonde façam parte a sigla do governador, a sigla do vice e a sigla do candidato ao Senado. Foi nesse ponto que se iniciou uma divergência, já que o PP, partido de José Eliton, pareceu querer se impor com a decisão de não entrar no chapão, tendo uma chapa proporcional separada só deles o que possibilitaria, em hipótese, eleger mais deputados estaduais. Porém, na política temos que ser maleáveis. A falta de maleabilidade do PP causou descontentamento em outros partidos pelo partido querer lançar chapa pura. Não temos porque concordar com tudo que José Eliton possa querer como presidente do PP. No entanto, volto a frisar, é uma pessoa que todos nós admiramos muito, porém não esta ocorrendo uma concessão naquilo que precisaria. Mas isso é uma questão de partido. Eu, como deputada federal, não acompanho essas questões de maneira nenhuma. Quem acompanha é o presidente da sigla assim como ocorre com outros partidos que estão envolvidos, que têm interesse. Isso mostra que o candidato não deve participar dessas discussões. Ele tem que se preservar. Porém, como sou parceira do governador Marconi Perillo e partidária, o meu nome está à disposição.

O governador disse, em entrevista rápida após seu nome ser lançado, que a pauta sobre a definição da chapa continuaria em discussão. Isso demonstrou que todas as declarações anteriores de que a chapa estava fechada caíram por terra?

A discussão continuou sim. O pleito é justo. Somos um partido forte e, de acordo com alguns analistas políticos, eu tenho características altamente positivas para compor a chapa. Primeiramente eu sou mulher. Também sou independente, empresária, política, fiz um trabalho altamente positivo nessa última campanha para os prefeitos, o meu nome está projetado no momento, tem trânsito livre no Congresso Nacional e tudo isso ajuda muito o meu nome na composição da chapa como vice. Mas volto a insistir: sem defeito nenhum à pessoa de José Eliton. A situação, única e exclusivamente se formou por José Eliton não ter cedido naquilo que precisaria ter cedido. Era importante que ele tivesse presente no momento da reunião dos partidos da base ou mandado um representante, pois teria a oportunidade de defender o porquê de ele pleitear ser candidato ou então que a pessoa que lá estivesse defendesse a candidatura dele a vice-governador, bem como explicar o porquê de ele querer uma chapa sem coligação. Nessa discussão poderia ter se chegado a um acordo. O ruim é quando existe ausência na conversação, tornando o acordo mais difícil. Na visão dos partidos aliados, foi dada uma importância menor do que na realidade a chapa tem. Estiveram na reunião quatro dos maiores partidos: o PTB, o PSDB, o PSD e o PR e todos nós nos sentimos menosprezados pelo não comparecimento de nenhum representante do PP.

O vice-governador tem dado entrevistas, inclusive acerca da decisão de lançamento do nome da sra., dizendo que já houveram discussões sobre escolha do nome dele e de Vilmar Rocha na chapa majoritária. Houve realmente?

Desconheço. Desconheço totalmente ter havido discussões anteriores em torno da chapa já estar fechada. Com relação ao PR nunca fomos chamados. Normalmente quando se chama partidos para conversar leva-se à mesa de discussão e eu desconheço que isso tenha acontecido.

Muitas vezes dá a impressão de que o PR, mesmo com a representatividade que tem, sofre certo bloqueio dentro das discussões. Há realmente uma dificuldade de aproximação com outros partidos?

Não. É importante lembrar que eu me filiei ao PR em setembro do ano passado, então é tudo ainda muito novo. Eu fazia parte do PTB, fui eleita deputada pelo PTB e conforme nós conseguimos trazer o PR – que era adversário de Marconi Perillo – para a base, é que tudo se organizou. Tive que ter muito cuidado para não ter cassação de mandato por conta de infidelidade partidária no momento de minha transferência de partido e o fato é que, por conta de ter sabido conduzir bem, tive a felicidade de ter êxito nisso. Eu fui muito bem recebida pelo governo. O fato de ter ou não mais espaço junto ao governo eu vejo isso como secundário. De setembro pra cá passou muito pouco tempo. Tudo é novo. Quando fui para o PR, o partido no Estado inteiro estava sendo abandonado, desarticulado, não tinha uma liderança, não tinha nada. Com relação a isso estou muito satisfeita, somos muito respeitados. Estou absolutamente tranquila com relação a isso. É bem verdade que agora vamos iniciar outra campanha. O partido já está bem mais consolidado e vamos trabalhar para nos fortalecermos mais, não só em nível de deputados federais, estaduais, mas a nível também de prefeitos e vereadores.

O fato de o candidato mais forte da oposição, Iris Rezende, ter montado uma chapa com nomes fortes como os de Ronaldo Caiado e Armando Virgilio, que são, inclusive, ex-aliados de Marconi Perillo, fez que com acendesse a discussão em torno da chapa governista novamente?

Não. Talvez não. O que pode ter acontecido para meu nome ser lançado da maneira como foi é por conta de eu ter sido muito assediada pela oposição. De repente, o que os adversários enxergaram, o nosso lado começou enxergar também. Quando eu fui procurada pela oposição (Iris Rezende), o meu partido em nível nacional me incentivou a me aliar, dizendo que seria importante. Então o que eu vejo que eles observaram que o meu nome é muito agregador na chapa majoritária. Colocaram até analistas políticos para analisar a situação e me incentivar dizendo que se eu aceitasse isso, a chance de Iris Rezende ganhar seria muito forte. Chegaram até usar um palavreado popular classificando que seria a ‘chapa batida’ com a minha entrada. Na realidade eu tenho de ser fiel aos meus princípios. Então se eu fosse para a oposição, eu não seria mais digna de confiança nem do grupo de Marconi Perillo e nem do grupo de lá, seria vira folha e eu não sou vira folha, eu não posso fazer isso, eu sou coerente, eu tenho uma posição, eu tenho uma postura. Em política, é bem verdade que muita coisa acontece, mas eu não posso fazer isso, eu tenho que ter firmeza na minha posição. Eu tenho um compromisso com Marconi Perillo, eu quero que a minha fama de companheira, de parceira, de fidelidade seja preservada. Eu prefiro ser deputada federal com Marconi Perillo do que ser senadora ou vice com outra chapa. Prefiro fazer jus aos meus princípios.

E sra. pensou sobre isso? Estaria preparada para assumir o papel de vice-governadora?

É recente, bastante recente. Esses últimos dias eu tenho me preparado emocionalmente. Tenho analisado bastante, pois essa é uma responsabilidade muito grande, que não pode ser analisada com emoção, mas sim analisada com muita razão. Um passo desse pode ser altamente positivo para a chapa majoritária, porém se eu não estiver consciente da responsabilidade e do preparo, pode ser ao contrário. Tenho recebido inúmeras ligações de apoio, mas é preciso bom senso e análise.

Caso Marconi se reeleja e a sra. fosse sua vice, a sra. poderá ser a primeira governadora de Goiás. E, em um Estado com poucas representantes dentro da política, isso ajudaria a quebrar certas barreiras, como a sra. já pode ter quebrado sendo empresária, por exemplo?

Com certeza. É importante você lembrar que a minha família é de imigrantes e é pequenina. Parte da minha família. Minha mãe veio da Itália e meu pai veio já adulto da Hungria. Mas não há a projeção daquilo que você quer ser. Há um esforço diário para se fortalecer, para conquistar, para ter nome, para ser querido. Isso aconteceu sem que eu planejasse. Eu nunca pensei na minha vida que queria ser governadora. Em pensava em trabalhar bem, fazer por onde progredir na vida, que tinha que ter o nome respeitado e, automaticamente, as coisas aconteciam. Eu só entrei na política depois de consolidada minha vida na iniciativa privada. A política veio porque eu senti que poderia fazer alguma coisa a mais por Goiás. E o fato de eu ter galgado o espaço cada vez maior na política, cada vez mais alto, me fortalece e me dá prazer e orgulho de ver o resultado do meu trabalho. Se eu dissesse que isso não traria prazer eu estaria mentindo. É claro que traz. Principalmente porque para a mulher sempre tem mais dificuldade. Com certeza como mulher eu me sinto realizada, tanto na vida empresarial quanto na política.

Estamos quase chegando ao momento do início das campanhas e, de acordo com as pesquisas divulgadas ultimamente, haverá mais uma vez a polarização entre Marconi Perillo e Iris Rezende. O eleitorado goiano não se cansou dessa bipolaridade?

Eu não diria que o eleitor não se cansou de Marconi ou Iris. São os dois mais bem articulados e por isso estão na frente. São os dois que sabem fazer política. É só você observar. Marconi Perillo é carimbadíssimo e conseguiu juntar 17 partidos para apoiá-lo em sua base aliada. Isso é um fato que não pode ser desconsiderado. Iris Rezende também é um político de primeiríssima grandeza, que sabe articular muito bem. Nós acompanhamos as suas articulações e o objetivo do Iris, hoje nós vemos muito claramente, que era ser candidato. Durante todo tempo ele vinha falando que não, mas trabalhando internamente para ser candidato até que chegou a um ponto que a corda arrebentou e o Júnior Friboi desistiu.

E a situação de Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide?

Vanderlan, apesar de ter sido prefeito, candidato a governador e tudo mais, talvez não tenha sabido articular o suficiente para ter a projeção necessária. O mesmo ocorreu com Antônio Gomide que talvez não tenha sabido articular o suficiente para conquistar esse apoio. Quando você consegue apoio de muitos partidos são eles quem carregam também o candidato.

Marconi Perillo trabalha para se reeleger pela quarta vez, mas há muita crítica em torno de seu nome por fazer aquilo que combateu há 16 anos, quando o PMDB estava no poder. Como é que ocorreria essa reoxigenação para que ele tentasse se eleger mais uma vez? Qual vai ser o mote para essa campanha?

Principalmente a superação própria. A cada governo de Marconi Perillo ele se supera com os seus programas. Não só com os investimentos, com a visão de desenvolvimento do Estado. Dou um exemplo: o Daia, em Anápolis, estava morto. Olha no que ele se transformou? Veja a mineração do Estado: ele trouxe mineradores e nós somos o terceiro Estado do Brasil em mineração; olhe as rodovias; olhe os programas sociais; o Goiás Junto de Você, que tem atendido a tantos municípios… Então ele deu atenção para investimentos e deu atenção para o segmento social. Os programas que ele fez até hoje são copiados pelo governo federal. O início desses programas foi realizado pelo governador Marconi Perillo. Ele trocou a cesta básica, que era pesada, difícil de carregar, pelo cartão. Olhou a dignidade do ser humano. Os outros programas de moradia que ainda existem até hoje também ajudaram. A cada mandato ele se supera. Então o mote dele vai ser a própria superação. Eu o vejo com grande chance à reeleição por conta dessa superação.

Na questão política, Marconi perdeu por questões diferentes dois aliados antigos, Caiado e Demóstenes Torres, que o auxiliaram muito em eleições anteriores. Faltará um nome de peso na campanha deste ano?

Não acredito muito. Se você for ver a história, na primeira campanha de Marconi Perillo ele não era conhecido, fez uma campanha belíssima e venceu as eleições. Depois em 2006, aconteceu uma coisa que ninguém imaginava que pudesse acontecer. Ele elegeu o seu vice, Alcides Rodrigues, que também começou com uma campanha onde sua intenção de voto era baixíssima e, mesmo assim, conseguiu eleger Alcides Rodrigues, além de se eleger também senador. Voltou em 2010, sendo eleito em segundo turno é verdade, mas sendo eleito. Então eu não acredito realmente que falte nome de peso para unir na campanha dele. Ele é capaz e competente o suficiente para saber conduzir a campanha. Não digo também que A ou B irá ganhar para senador. Eu vejo que está totalmente aberta essa disputa para o Senado. Mesmo que o Iris tenha se cercado de um deputado federal com um partido forte como o Solidariedade para ser vice, como é Armando Vergílio, que representa um segmento muito forte que é o ramo das seguradoras, e que tem Ronaldo Caiado, presidente do DEM que é um figura muito forte e marcante de discurso, ainda assim eu não vejo que um cargo possa alterar a eleição de Marconi. Eu enxergo como o favorito sendo o atual governador Marconi Perillo.

A senhora tem tido apoio de muitos prefeitos, dentre eles alguns do PP, como do prefeito de Caldas Novas, Evandro Magal. Isso te trouxe muito auxílio?

Com certeza, para quem é político e pleiteia algum cargo, ter o apoio inclusive de vários prefeitos do próprio PP e de outros partidos, e também de deputados do PP, bem como de outros partidos, isso dá um vigor muito maior e te deixa mais segura naquilo que você pleiteia. Se o apoio dos prefeitos e deputados não tivesse acontecido, com certeza eu não estaria tão firme em minha decisão em ser vice-governadora na chapa majoritária da base aliada.

Para acessar a entrevista clique aqui

 


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