Enquanto relata os problemas mentais do filho Diego Novais, 27, a dona de casa Iracema de Moraes, 49, conta que teme pela vida dele. Solto ou preso.
O receio de ele ficar na rua, sujeito a praticar novos ataques e também se tornar vítima de justiceiros, converteu-se no medo sobre o que pode acontecer com ele dentro da cadeia. Novais teve a prisão preventiva decretada neste domingo (3). No dia anterior, foi detido após esfregar o pênis em uma mulher dentro de um ônibus.
Foi o segundo ataque em menos de uma semana. No total, são ao menos 17 casos registrados pela polícia.
A mãe, que mora em um bairro pobre do extremo sul de São Paulo, insiste que o filho não é uma pessoa ruim, mas que precisa de tratamento e que não tem condições de ficar livre.
“Se ele ficar solto, vou dizer uma coisa: aqui onde a gente mora é periferia e os bairros são muito perigosos. Tem muita gente ruim e se ele chegar aqui tenho medo de que possam fazer mal com ele”, disse a mãe neste domingo.
“Agora não sei se tem segurança onde ele vai ficar preso, ainda mais com foto dele aparecendo em todo lugar, deram o nome completo dele. Você acha que os bandidos vão perdoar?”
Iracema não vê o filho desde terça-feira (29), quando foi detido após ejacular em uma mulher dentro de um coletivo. No dia seguinte, ele foi solto pelo juiz, decisão que a mãe criticou.
“Ele não faria essas coisas com juízo bom, não pode ficar livre”, diz. “O juiz não podia ter soltado, podia ter mantido ele lá, falado com a família. Mas soltou e ficamos caçando ele todos esses dias.”
A saúde mental de Diego se deteriorou, segundo a família, após um acidente de carro em 2006. Passou 15 dia internado, fez duas cirurgias na cabeça. Ainda tem sangramentos pelo nariz.
“Quando saiu do hospital ele ficava conversando sozinho”, diz. “Dizia ver muitas coisas, fantasmas, cabeças de gente. Deu pra ver a avó dele, que já é falecida. Um dia nem me reconheceu e perguntou ‘quem é essa mulher?'”, disse a mãe.
Visita
A família tem dificuldades financeiras e não conseguiu garantir a continuidade do acompanhamento médico. De acordo com Iracema, Diego não tem amigos, nunca namorou, era mantido em casa e passava o tempo diante da TV e jogando videogame.
“Ele nunca foi violento, eu mantinha ele dentro de casa, tinha medo que podia acontecer alguma coisa”. O problema é que Diego fugia e, em algumas ocasiões, não voltava para dormir.
A dona de casa não sabe como fará para encontrar o filho. Soube da decisão judicial que determinou a prisão preventiva de Diego ao ligar na delegacia.
Espera conseguir visitá-lo nesta segunda (4), quando descobrir para onde ele foi encaminhado. “Estamos esperando pra ver se a gente pode fazer algo por ele.” (Folhapress)
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