RAFAEL ANDERY
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cristiano Ronaldo, 33, é o atual melhor jogador de futebol do mundo, segundo a Fifa. O português é o único atleta, ao lado do argentino Lionel Messi, a ter conquistado por cinco vezes o prêmio dado pela entidade máxima do futebol. Craque do Real Madrid e da seleção de Portugal, ele é a maior esperança das duas equipes para a conquista, respectivamente, da Liga dos Campeões e da Copa do Mundo.
Para sua mãe, dona Dolores, contudo, sua maior qualidade não é o chute forte, as corridas rápidas ou a personalidade magnética. “Ronaldo é humilde, respeita o próximo e é fiel a si próprio”, diz a portuguesa, em visita ao Brasil para promover o lançamento de sua autobiografia, “Mãe Coragem” e a inauguração do restaurante português Dona Dolores, de propriedade da família, em Gramado (RS).
“Ele tem os pés no chão”, diz Dolores, que também não poupa elogios ao maior rival do jogador, Lionel Messi. “Ele é um grande jogador. Claro que prefiro meu filho, mas Messi sempre me pareceu uma pessoa humilde e calma”.
Sobre o brasileiro Neymar, contudo, a coisa muda um pouco de figura: “Cheguei a conhecer o Neymar. Ele é um pouco mais extravagante, não? É a minha opinião, pelo menos”, diverte-se.
O elogio da simplicidade está presente em quase todas as respostas de dona Dolores. Às vezes, a portuguesa, que já foi cozinheira e artesã, soa quase como um jogador de futebol quando entrevistado após as partidas, tamanha a insistência em ressaltar valores como fé, luta e humildade.
“Acho que já passei por mais momentos tristes que felizes na minha vida, mas temos que ter força para dar a volta por cima”, lembra Dolores, que perdeu a mãe quando tinha apenas cinco anos e foi criada em meio a uma relação conturbada com a madrasta. “Acho que foi minha mãe que me deu essa força para lutar pela vida.”
Força que ela enxerga no filho caçula, Cristiano: “Ele tem um pouco da minha mãe, porque sempre foi um lutador. Ele sempre trabalhou para ser o melhor. É um valor que sempre procurei transmitir. Estava no meu sangue. E filho é filho”.
PORTUGUÊS VOADOR
De tanto lutar, aos dez anos Ronaldo acabou sendo aprovado nas categorias de base do Sporting, um time de Lisboa, distante quase mil quilômetros da Ilha da Madeira, uma ilha vulcânica em frente à costa oeste africana.
Ronaldo atravessou o Atlântico, Dolores ficou para trás: “Ele foi uma abelhinha, e eu o deixei voar”. O voo parece não ter terminado. A próxima escala é mais ao leste, onde Cristiano Ronaldo será o grande craque da seleção portuguesa na Copa do Mundo da Rússia, que será disputada entre os dias 14 de junho e 15 de julho. Dessa vez, Dolores vai atrás.
A mãe coruja acompanhará Portugal a partir da segunda fase da competição, supondo, claro, que a equipe chegue lá. O que não parece preocupar
Dolores: “Ronaldo já ganhou tudo o que tinha de ganhar”. O português, de fato, já ganhou cinco vezes o prêmio da Fifa de melhor jogador do mundo, cinco títulos nacionais por Real Madrid e Manchester United, uma Eurocopa por Portugal e quatro troféus da Liga dos Campeões, podendo até aumentar sua galeria neste sábado (26), quando disputará a chance do quinto título da Liga na partida entre o seu Real Madrid e o Liverpool, às 15h45 (horário de Brasília).
Tudo bem, mas falta a Copa, dirão os críticos. “Se ele ganhar a Copa, muito bom”, diz dona Dolores. “Mas, se não, tenho certeza que ele deu o seu melhor.”
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