22 de novembro de 2024
Política

Sandro Mabel quer voar alto

A reportagem de o jornal valor econômico aponta que uma briga interna no PMDB pode levar o deputado goiano Sandro Mabel a liderança do partido na câmara dos deputados. O atual líder Eduardo Campos que vai ser presidente da câmara a partir de fevereiro decidiu não indicar o substituto. O nome de Eduardo Cunha (RJ) não agrada o governo porque ele tem sempre aparecido em noticiários com as ligações próximas ao Furnas centrais elétricas. Sandro Mabel explica como vê a candidatura de Eduardo Cunha “Vejo Eduardo Cunha pregando guerra com o governo. Nunca fiz guerra para fora, faço guerra por dentro. Tem que ter o equilíbrio. Não podemos ficar contra o governo nem também ficar ouvindo promessa do governo”.

 

Valor econômico

Raymundo Costa e Caio Junqueira

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, comunicou à bancada do partido que não se envolverá na escolha de seu sucessor, mas exigirá declaração de apoio dos candidatos derrotados ao vencedor da disputa. Na prática, a decisão do líder deve levar à escolha do deputado Eduardo Cunha (RJ) na eleição marcada para 3 de fevereiro, uma solução que desagrada ao Palácio do Planalto, ao PT e a parcelas do PMDB.

Durante boa parte do primeiro ano de mandato da presidente Dilma Rousseff, Alves – que deve se eleger presidente da Câmara – e Cunha exercitaram uma parceria que causou incômodo ao Palácio do Planalto. O temor do PT é que a dupla, aparentemente separada nos últimos meses, volte a criar problemas para o governo. Já o PMDB reclama que abriu mão de espaços (Funasa, Embratur e INSS) para assegurar a eleição de Alves, e que agora, após as eleições de ambos, terá de continuar a abrir mão de cargos e verbas para a garantir a vaga do vice-presidente Michel Temer na chapa à reeleição de Dilma.

A bancada de 75 deputados está literalmente dividida. No momento, os dois candidatos favoritos são Cunha e o deputado Sandro Mabel, deGoiás, de volta ao PMDB depois de uma temporada no PR. Por fora corre o deputado gaúcho Osmar Terra (RS). O cearense Danilo Fortes continua no páreo, mas já analisa a hipótese de entendimento com um dos grupos favoritos, no momento.

O deputado Marcelo Castro (PI) era considerado o candidato natural pelo líder Henrique Alves, por sua condição de vice-líder, no entanto, diante da divisão, desistiu logo no início da disputa. Mas ainda não deve ser considerado fora do páreo.

O vice Michel Temer, presidente licenciado do PMDB, ainda acredita que até fevereiro a bancada consiga chegar a um acordo para manter a unidade. Antes de seu grupo assumir as principais funções da Câmara e do partido, o PMDB chegou a ter três líderes na Câmara, no mesmo dia – o grupo do Senado é que dava as cartas no governo.

Essa é a situação que o grupo, formado, entre outros, por Geddel Vieira Lima (BA), Eliseu Padilha (RS) – que seria o candidato natural não fosse sua condição de suplente do ministro Mendes Ribeiro (Agricultura) – e Moreira Franco (ministro da SAE), quer evitar. Afinal foi graças ao precário entendimento entre as correntes pemedebistas que o partido conseguiu impor o nome de Temer como candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff a presidente da República.

Por essa época, PT e PMDB fizeram o acordo de rodízio entre os dois partidos na presidência da Câmara. Agora chegou a vez de o PMDB ocupar o cargo e o partido vai indicar o líder Henrique Eduardo Alves, o que Dilma aceitou sem muito entusiasmo. A indicação de Cunha para líder torna o prato ainda mais indigesto para a presidente. Desde que assumiu ela enfrentou problemas com Cunha devido à influência do deputado na empresa Furnas Centrais Elétricas.

A disputa entre os favoritos atuais está acirrada. “Eu sou candidato e vou disputar com ou sem o Henrique, com ou sem o Palácio, com ou sem o PT. Minha candidatura independe desses apoios. Nem que seja para ter só o meu voto eu vou disputar”, diz Eduardo Cunha.

“Minha visão é diferente do Eduardo Cunha, são estilos diferentes”, diz Sandro Mabel, que passou uma temporada no PR, chegou a ser mencionado entre os mensaleiros e deixou o partido brigado com seu presidente Valdemar Costa Neto, condenado a sete anos e três meses de prisão por integrar o esquema do mensalão.

Mabel não esconde ser adepto do modelo fisiológico de fazer política. “Minha visão é cuidar da bancada, para ter emendas aprovadas, presença em plenário, boa assessoria. Não tenho nenhum interesse além disso”, diz. “Vejo Eduardo Cunha pregando guerra com o governo. Nunca fiz guerra para fora, faço guerra por dentro. Tem que ter o equilíbrio. Não podemos ficar contra o governo nem também ficar ouvindo promessa do governo”.

Cunha contorna perguntas sobre suas relações com Henrique Alves. “Tenho evitado falar com o Henrique sobre isso. Ele é candidato a presidente. Não pode e não deve se meter nisso, seria um erro entrar em favor de um ou de outro candidato”. O deputado acha que pode vencer no primeiro turno. “Estou muito perto de obter essa maioria. Mas pode haver segundo turno”.

Danilo Fortes (CE), lamenta a falta de um debate de projetos entre os candidatos, lamenta as críticas que parte da bancada faz ao ministro Gastão Vieira (Turismo) e faz uma advertência: o número de eleitores do PMDB, na eleição municipal, se reduziu em um terço. “É preocupante”, diz.

O suspense no PMDB e no PT é se a escolha de Cunha poderá afetar a eleição de Alves.

Por enquanto, o entendimento entre as duas maiores legendas que apoiam o governo é que caberá ao PMDB o comando do Legislativo – o senador Renan Calheiros (AL) é o favorito para suceder a José Sarney (AP) na presidência do Senado, outra solução que o PT também considera desconfortável para Dilma.


Leia mais sobre: Política