O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, afirmou, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), Humberto Aidar (MDB), está trabalhando a serviço do governo para derrubar os incentivos fiscais no estado em troca de um cargo no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Mabel se refere a um dos projetos aprovados, de autoria do emedebista, nesta terça-feira (15), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa, que revoga o artigo que concede incentivo fiscal e crédito outorgado para os setores sucroalcooleiros, têxtil, automobilístico e logística, instituídos em 1998.
“Foi a serviço do governo, a troca de um cargo no Tribunal de Contas do Estado. A conversa é essa, ouve-se em todos os corredores. Fez um acordo com o governador Caiado, vai ganhar uma aposentadoria de um conselheiro do Tribunal de Contas, enquanto isso vai complicar a vida de muitos coitados dos empregados que perderão seus empregos”, alegou Mabel.
A proposta ainda pode ser derrubada em plenário, mas o presidente da Fieg acredita que Caiado acionará a base para manter o corte dos benefícios. “O governo não quer. Ele (Humberto Aidar) está derrubando incentivado pelo governo. Isso não é do Humberto Aidar. Ele não tem capacidade técnica para fazer um projeto desse. Isso é o pessoal do Sindifisco, da Secretaria da Fazenda, que está no gabinete do Humberto Aidar, montando os projetos para ele”, disse.
Críticas
Áspero quando se trata da CPI, Mabel voltou a utilizar palavras fortes para opinar sobre a comissão. Conforme o presidente da Fieg, alguns parlamentares expõem loucuras e podem dar fim a até 70 mil empregos no estado.
“Eu nunca vi tanta loucura junta. Estou estarrecido com isso. Há 36 anos, trabalho continuamente para ajudar a trazer indústrias a Goiás. O primeiro Fomentar foi feito para a Arisco e depois guardado numa gaveta. Depois, tiramos da gaveta e trouxemos muitas empresas. Goiás criou a fama de um lugar bom para fazer negócios, que tem segurança jurídica, que o incentivo era bom. Por isso, Goiás foi crescendo ao ponto de trazermos para cá, sem nenhuma vocação, indústrias automobilísticas e farmacêuticas. Foram dezenas de milhares de pessoas empregadas através da indústria. Agora há uma CPI que está destruindo isso tudo. É sangrando que vejo essas atrocidades que estão sendo feitas. A Assembleia Legislativa, através do Humberto Aidar, vai colocar talvez 70 mil pessoas na rua”, advertiu.
O presidente da Fieg argumentou que já há redução no número de protocolos de intenção de instalação de novas indústrias em Goiás sob o governo de Caiado. Mabel diz que o atual governo assinou apenas 25% do que foi fechado nos primeiros seis meses de mandato do José Eliton. Ele ainda criticou a falta de diálogo do governador com o setor.
“Já conversamos, mas ultimamente não há mais diálogo. Não existe diálogo. O governador está querendo ser gerente financeiro, olhando as dívidas de curto prazo. Não vai se criar emprego em Goiás. Essa medida que está se tomando não é de curto prazo. Não é que amanha se acabam os empregos. É uma medida que vai ser ampliada. Nossa secretaria de Economia é excelente economista, mas está num desvio de função quando a colocam numa secretaria de receita”, pontuou.
Resposta
À reportagem da Rádio BandNews FM de Goiânia, Aidar garantiu que a investigação continuará, independente das reclamações de Mabel ou de quaisquer outros presidentes de entidade ou empresários. De acordo com o parlamentar, há uma estratégia montada para dar fim à CPI.
“Vou até o final, incomodando ou não. Não adianta presidente de entidade, setor daqui ou acolá. Candidate-se a deputado e venha para cá. Nada vai tirar o meu foco. Posso ser fraco aos olhos deles. A estratégia é simples: eu ataco o deputado Humberto Aidar, com isso eu amedronto os demais deputados da casa e certamente eles não chancelarão as leis apresentadas pelo deputado Humberto. A CPI vai até o final, doa a quem doer”, asseverou.
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