23 de dezembro de 2024
INOVAÇÃO

Lyceu fecha para reforma e, ao voltar, será primeira escola pública bilíngue de Goiás

Cepi vai oferecer ensino de português-francês com acompanhamento do Consulado da França no Brasil
Alunos atuais do Lyceu prestigiaram cerimônia que contou com ex-alunos e maquete virtual do futuro colégio. Fotos: Diário de Goiás
Alunos atuais do Lyceu prestigiaram cerimônia que contou com ex-alunos e maquete virtual do futuro colégio. Fotos: Diário de Goiás

Os 323 alunos do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Lyceu de Goiânia vão estudar provisoriamente no Cepi José Honorato, na rua 59, no Centro, durante dois anos. Nesse período, o Lyceu vai estar em obras. A meta é recuperar os estragos na estrutura que maculavam a imagem de escola histórica e modelo que o Lyceu já ostentou.

E quando os alunos voltarem, estarão matriculados na primeira escola pública bilíngue Português-Francês de Goiás. O ensino de francês no Lyceu foi acertado com o Consulado da França no Brasil.

Na noite desta segunda-feira, 31, o governador Ronaldo Caiado assinou a ordem de serviços para a reforma do Lyceu. A unidade tem 86 anos de fundação em Goiânia. Veio transferida da cidade de Goiás na década de 1930, onde funcionava desde o século anterior.

Dobro da capacidade

Serão investidos R$ 13,5 milhões no projeto, salientou Caiado, enfatizando a importância do Lyceu de Goiânia. “Não estamos recuperando um colégio apenas, é a história de Goiás”, frisou. O prédio do Lyceu foi construído em estilo clássico art déco e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O projeto prevê reforma, revitalização, e reestruturação hidráulica e elétrica das dependências em geral e do espaço pedagógico. Segundo o atual diretor da escola, Ricardo Marques Pinto, no final das obras, o Lyceu vai dobrar a capacidade de atendimento, superando 640 alunos matriculados em período integral.

A negociação para o ensino bilíngue foi realizada pela secretária estadual de Educação, Fátima Gavioli que fez o anúncio na cerimônia hoje.

Carta

Ela também foi a portadora de uma carta do senador Confúcio Moura, ex-governador de Rondônia, que estudou no Lyceu. Na carta, Moura detalhou de forma poética o tempo vivido na principal escola da cidade.

Depoimentos

Entre os presentes, muitos convidados foram alunos ou professore do Lyceu. O ex-prefeito de Goiânia, atualmente superintendente regional do Iphan, Pedro Wilson, era um deles.

Ao Diário de Goiás ele mergulhou no passado e citou colegas de turma, como o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meireles. Pedro Wilson foi matriculado no antigo ensino científico em 1962. Foi presidente do Grêmio Literário Félix de Bulhões, símbolo de mobilização e resistência na época do golpe militar.

Outro ex-aluno e ex-professor, o jurista Jônathas Silva, que ocupou vários cargos importantes no Executivo, também fez sua imersão durante o evento. Ao DG ele disse que foi matriculado em 1960 no antigo ensino clássico, voltado às ciências humanas.

Formação política

Nas memórias, também destacou a atuação do grêmio e a forte formação política dos estudantes. “Havia concurso para o melhor orador, tamanha a qualidade das turmas e em um deles o escritor Gilberto Mendonça Teles precisou ajudar na escolha do vencedor”, relembrou Jônathas Silva.

Já o deputado estadual José Nelto contou à reportagem que passou na prova de seleção para estudar no Lyceu em 1976. Nas lembranças, o parlamentar disse ter viva a qualidade da Banda Marcial do colégio, “a melhor de Goiás”, mas também citou os times de vôlei e outros esportes que a escola formava.  

Iris, Nion, e outras personalidades

A filha do ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado, Ana Paula Rezende, representou o pai, que faleceu em 2021. Assim como o ex-prefeito Nion Albernaz, Iris Rezende foi aluno de destaque no colégio. “Meu pai dizia que o Lyceu foi seu berço político, sua primeira vitória eleitoral, para presidente do Grêmio”, contou.

Na mesma linha discursaram outros dois ex-alunos que destacaram a importância de restaurar o Lyceu: o ex-governador Irapuan Costa Júnior e o deputado federal Zacharias Calil.

Dos que não estudaram, mas exaltaram o legado que o Lyceu deixou, falaram o vice-governador Daniel Vilela e o deputado estadual Virmondes Cruvinel, que representou a Assembleia Legislativa.


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