05 de dezembro de 2025
REAÇÃO AO TARIFAÇO • atualizado em 06/08/2025 às 18:56

Lula reage a tarifa dos EUA e articula Brics contra ofensiva de Trump

Presidente pretende contatar líderes do Brics após aumento de tarifas dos EUA sobre produtos do Brasil, Índia e outros países do grupo
Presidente vai ligar para presidentes da Índia e da China, entre outros - Foto: Ricardo Stuckert / PR
Presidente vai ligar para presidentes da Índia e da China, entre outros - Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (6) que vai ligar para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e para o presidente da China, Xi Jinping, e outros representantes dos países que integram o grupo do Brics para conversar sobre a taxação dos Estados Unidos aos produtos desses países. A declaração foi durante entrevista à agência de notícias Reuters.

Atualmente o grupo é formado por África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia.

Lula aguarda receber ainda nesta quarta-feira o texto da medida provisória (MP) com as ações planejadas pelo governo em resposta ao tarifaço. O Ministério da Fazenda finaliza o texto após ser confirmada nesta quarta a entrada em vigor das tarifas de 50% impostas sobre parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos.

Brics se torna alvo de ofensiva econômica dos Eua

No mesmo dia, de forma considerada surpreendente também para os indianos, o presidente dos EUA, Donald Trump, publicou um decreto impondo tarifa adicional de 25% sobre os produtos da Índia. Diferente da chantagem política feita contra o Brasil, o argumento foi de que o país importa direta ou indiretamente petróleo da Rússia.

Com isso, Trump afetou diplomaticamente, de uma vez, três importantes nações do Brics: Brasil, Índia e Rússia – além da China, que já estava sendo retaliada -, dando combustível aos que atribuem as medidas da Casa Branca como jogada geopolítica para enfraquecer a união do grupo de países.

Sobre os telefonemas aos chefes das nações parceiras, Lula afirmou: “Vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como cada um está dentro da situação, qual é a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão”, lembrando que o Brics tem dez países no G20, o grupo que reúne 20 das maiores economias do mundo.

Prioridade é buscar novos mercados para empresas nacionais

Segundo Lula, a prioridade do governo brasileiro, nesse momento, é ajudar as empresas brasileiras a encontrar novos mercados para seus produtos e cuidar da manutenção dos empregos.

O presidente ressaltou que não vê abertura para negociação com Trump neste momento.

“Eu não liguei porque ele não quer telefonema. Não tenho por que ligar para o presidente Trump, porque nas cartas que ele mandou e nas suas decisões ele não fala em nenhum momento em negociação, o que ele fala é em novas ameaças” – Presidente Lula

Lula: “Não quero brigar com os Estados Unidos”

Conforme divulgado pela Agência Brasil, o presidente reafirmou que quer fazer tudo o que for possível antes de “tomar outra medida que signifique que as negociações [com os Estados Unidos] acabaram”.

“Eu estou fazendo tudo isso [negociando] quando poderia anunciar uma taxação dos produtos americanos. Não vou fazer porque não quero ter o mesmo comportamento do presidente Trump. Eu quero mostrar que quando um não quer, dois não brigam, e eu não quero brigar com os Estados Unidos”.

O presidente lembrou que o Brasil recebeu o comunicado da taxação de forma totalmente autoritária.

“Não é assim que estamos acostumados a negociar”, afirmou.

Intromissão que afronta soberania

O presidente Lula afirmou que não é admissível que o presidente americano resolva “dar pitaco” no Brasil

“Não é uma intromissão pequena, é o presidente da República dos Estados Unidos achando que pode ditar regras em um país soberano como o Brasil. Não é admissível que os Estados Unidos e nenhum país grande ou pequeno resolva dar um pitaco na nossa soberania”, afirmou.

“Ele que cuide dos Estados Unidos, do Brasil, cuidamos nós. Só tem um dono esse país, e só um dono que manda no presidente da República, é o povo, o povo que elegeu, o povo que pode tirar” – Presidente Lula

Ele  também citou trechos da decisão de Trump que criticam a legislação brasileira sobre as grandes empresas de tecnologia americanas, as big techs.

“Esse país é soberano, tem uma Constituição, tem uma legislação. É nossa obrigação regular o que a gente quiser regular de acordo com os interesses e a cultura do povo brasileiro. Se não quiser regulação, saia do Brasil”, afirmou ainda.


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