O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (18), que vai vetar o chamado PL da Dosimetria logo que ele for enviado pelo Congresso Nacional. O texto foi apresentado há cerca de 15 dias prevendo a redução de penas de condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado, tramitou rapidamente e foi aprovado no Senado na quarta-feira (17) sob a crítica de que enfraquece a democracia no Brasil.
“As pessoas que cometeram crime contra a democracia brasileira terão que pagar pelos atos cometidos contra esse país. Nem terminou o julgamento, ainda tem gente sendo condenada, e o pessoal já resolve diminuir as penas. Eu quero dizer para vocês que, com todo o respeito que eu tenho ao Congresso Nacional, a hora que chegar na minha mesa, eu vetarei. Isso não é segredo para ninguém”, afirmou Lula.
A informação é da Agência Brasil, com base em entrevista concedida pelo presidente à imprensa, no Palácio do Planalto. “Nós precisamos levar muito a sério o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023 e tem gente que quer que a gente esqueça, mas a gente não pode esquecer. Porque se a democracia esquecer da importância que ela tem para uma nação, a gente termina perdendo o jogo”, reforçou.
O presidente negou que houvesse algum tipo de acordo em jogo para que o projeto fosse aprovado em troca da aprovação de outras matérias de interesse do governo. Ele admitiu a tendência de seu veto ser derrubado.
Punição mais amena
O PL da Dosimetria determina que os crimes de tentativa contra o Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, quando praticados no mesmo contexto, implica no uso da pena mais grave em vez da soma de ambas as penas.
O foco do projeto é uma mudança no cálculo das penas, “calibrando a pena mínima e a pena máxima de cada tipo penal, bem como a forma geral de cálculo das penas, reduzindo também o tempo para progressão do regime de prisão fechado para semiaberto ou aberto”, descreve a Agência Brasil.
As mudanças vão beneficiar réus como o ex-presidente Jair Bolsonaro, além dos militares Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil; e Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Zezé di Camargo e feminicídios
Na mesma entrevista, Lula se solidarizou com as filhas do apresentador Silvio Santos, à frente do SBT, devido ao ataque verbal desferido pelo cantor goiano Zezé di Camargo esta semana. Ele chamou a atitude Zezé de “cretinice”. Em mensagem dirigida a profissionais do grupo, ele disse que se solidariza com as mulheres da família Abravanel e destacou que esse tipo de ataque não deve ser tolerado.
Lula também reforçou o compromisso da sua gestão com pautas feministas, tais como a redução do feminicídio no Brasil, problema que tem chamado a atenção nacionalmente.
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