05 de dezembro de 2025
ENCONTRO DA UNE • atualizado em 17/07/2025 às 16:23

Lula discursa em congresso da UNE, critica Bolsonaro e Trump e convoca jovens para 2026

Lula convoca jovens para 2026, critica influência dos EUA e propõe retomada do humanismo político durante o 60º Congresso da UNE
Presidente apela a movimento estudantil para ajudar a fortalecer a base em 2026 - Foto: Altair Tavares / DG
Presidente apela a movimento estudantil para ajudar a fortalecer a base em 2026 - Foto: Altair Tavares / DG

A estudantes universitários vindos de todo o Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se dirigiu nesta quinta-feira (17) fazendo exaltações à soberania nacional e alertando o movimento estudantil para o perfil dos candidatos nas eleições de 2026. Lula participou da abertura do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Goiânia, cercado de ministros.

Impactados pelo acidente trágico com um comboio do Pará, lembrado reiteradamente em homenagens no evento – o presidente esteve com sobreviventes minutos antes da abertura -, os estudantes ouviram o discurso atentos e aplaudiram só nas falas mais contundentes, em anúncios de interesse do movimento estudantil, mas, especialmente, nas críticas do presidente à atuação da família Bolsonaro no episódio do tarifaço dos Estados Unidos.

Sobre isso, Lula repetiu os discursos dos ministros que o antecederam e da presidente da UNE, Manuela Mirella, repudiando fortemente a tentativa de ingerência política e econômica de Donald Trump.

Lula citou que os Bolsonaro aparecem “abraçados” à bandeira dos EUA e afirmou e sugeriu que eles transfiram o título e votem nos Estados Unidos.

Nós vamos tomar a bandeira verde e amarela. Ela vai voltar para o povo brasileiro

– Lula

Como fez em outros eventos no fim da semana passada, em vários momentos, Lula ridicularizou os pedidos de Eduardo Bolsonaro (PL) para que a Casa Branca pressione o Brasil visando anistia para beneficiar o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que corre o sério risco de ser preso por tentativa de golpe.

Presidente cita prisão inédita de generais

Lula ainda respondeu às críticas de Donald Trump sobre o processo de julgamento do ex-presidente e citou: “É a primeira vez na história desse país que nós temos 3 generais de 4 estrelas presos” e acrescentou que o próprio Trump seria alvo da Justiça brasileira se o episódio da invasão ao Capitólio tivesse ocorrido no Brasil.

Mas o presidente também ironizou a capacidade de Trump como negociador e falou da sua longa trajetória como líder sindical e de difíceis decisões em momentos de greve. “Todo mundo aqui sabe que eu nasci na política fazendo greve. E quando a gente faz greve, a gente faz acordo. Você faz uma greve para conquistar uma coisa”, afirmou, completando que é preciso ter coragem para retroagir em muitas ocasiões para garantir alguma conquista.

Se você não tem força para conquistar tudo o que você quer, você é obrigado a fazer negociação (…) [um negociador covarde] Ele não tem coragem de reconhecer quando a coisa está ruim. Ele não tem coragem de ser, porque como ele falou muita bobagem ao começar a greve, ele não tem coragem de voltar atrás (…) Eu tenho certeza que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida. Jamais

– Lula 

Convocação para as eleições de 2026

O presidente fez um apelo por fortalecer a base no próximo ano. “É importante que vocês, ao saírem daqui, comecem a pensar que Brasil que vocês querem a partir de 2026”, sinalizou.

Ele ainda detalhou: “É preciso a gente saber com quantos deputados e senadores a gente quer sair a hora que abrir a urna. É preciso a gente saber por que o povo que a gente pensa que tem desejo naquilo que a gente fala, não vota nos deputados de esquerda. Não vota nos senadores de esquerda. Esse é um desafio para estudar. Esse é um desafio para a juventude pensar”, disse.

A estratégia do presidente é uma reação à articulação fragorosa que tem sido empreendida pela extrema-direita na mesma linha: fazer maioria em 2026. Especialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e líderes evangélicos, têm dito reiteradamente sobre a necessidade de eleger deputados e principalmente senadores da direita no próximo ano. Com isso, entre outras coisas, apontam a possibilidade de fragilizar o Supremo Tribunal Federal, alvo de críticas do campo ideológico conservador.

Lula frisou: “Vocês têm que lembrar que [atualmente] nós devemos ter 12 senadores entre 81 [eleitos]. E para a gente aprovar alguma coisa, você tem que ter pelo menos metade. Por que eu estou dizendo isso? Porque é preciso a gente transformar o nosso sonho, o nosso desejo, em ação. É preciso o PT se perguntar por que o PT é capaz de eleger um presidente da República 5 vezes, Lula e Dilma, e só fez 70 deputados federais? Por que o PCdoB fez tão poucos deputados federais?”.

Lula disse que vai cobrar imposto das empresas norte-americanas de tecnologia, novamente em resposta às ameaças de Trump. Além disso, também indicou que a juventude precisa se preparar e se proteger da “máquina das empresas digitais”.

Se a juventude não estiver ligada nessa luta, se a juventude não estiver disposta a não repassar bobagem e a tentar fazer com que as pessoas recebam apenas coisas que sejam importantes, a gente vai fazer uma eleição [em 2026] com base numa guerra da inteligência artificial

– Lula

Defesa da inteligência humana e crítica à IA

Ele defendeu que a próxima eleição foque na “inteligência humana, via compromisso de luta” e afirmou:

Eu não quero uma sociedade de algoritmos. Eu quero uma sociedade humanista. Eu não quero que a pessoa pense com o dedo. Eu quero que a pessoa pense com a cabeça. Eu quero que a pessoa pense com o coração. Porque nós precisamos recuperar o humanismo para o ser humano. Nós precisamos recuperar a fraternidade. Nós precisamos recuperar o companheirismo. Nós precisamos recuperar a solidariedade

– Lula

Saudosista, o presidente lembrou do antigo Projeto Rondon envolvendo estudantes voluntários no atendimento de populações periféricas brasileiras. “E eu acho que vocês da UNE poderiam fazer um projeto periferia”, sugeriu, alertando que especialmente a juventude das periferias precisa conhecer as experiências e ver que a chance de mudar as próprias realidades existe.


Leia mais sobre: / / / / Brasil / Educação / Goiânia / Política