A declaração do ex-presidente ocorreu no podcast Mano a Mano — com Mano Brown. O petista afirmou que esta questão dever ser apreciada no âmbito institucional, com olhar de um chefe de Estado.
“Sou católico como ser humano, mas quando você vira chefe de Estado tem que ser todas as religiões. Você não tem que ter preferência enquanto chefe de Estado. É como o aborto”, afirmou o petista.
O político explicou também que não tem vergonha de ser contrário ao aborto, mas entende que a escolha deve ser “um direito da mulher”.
“Não tenho vergonha de dizer que eu, Lula, pai de 5 filhos, sou contra o aborto. Mas, enquanto chefe de Estado, tenho que tratar o assunto como saúde pública”, explicou o ex-chefe do Executivo.
No Brasil, a mulher só é permitida a realizar um procedimento de interrupção da gravidez nos casos de estupro, feto anencéfalo ou quando a gravidez causa risco à mãe.
O Brasil nunca superou o debate acerca de descriminalização do aborto, com um Congresso conservador e uma participação das igrejas intensa na política, o tema pouco ganha força, explicam sociólogos ouvidos pelo Diário de Goiás.
No ano passado, o aborto seguro e gratuito na Argentina se tornou lei depois de anos de reivindicações da população. Com isso acaba a punição às mulheres que decidem realizar o procedimento.
O atual presidente, Alberto Fernández, não demonstrou relutância à proposta, que permite o aborto até à 14ª semana de gestação.
Na conversa com o cantor Mano Brown, Lula afirmou ainda (sobre as mulheres) que houve avanço no Brasil com o debate no que se refere às políticas favoráveis às mulheres, mas ele reconhece que ainda está aquém do cobiçado pelo público feminino.
“A coisa está avançando, mas ainda é difícil mexer com a cultura. Qual era a cultura? Posso falar porque tenho mais idade, a minha cultura antes do PT e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) era a machista, de peão de fábrica”, pontuou.
Leia mais sobre: aborto / Entrevista / Luiz Inácio Lula da Silva / Destaque / Política