23 de novembro de 2024
Economia • atualizado em 13/02/2020 às 01:09

Lucro do Bradesco cresce 13% no 1º trimestre e atinge R$ 4,65 bilhões

O lucro líquido recorrente do Bradesco -que exclui despesas e receitas extraordinárias- cresceu no primeiro trimestre do ano e atingiu R$ 4,648 bilhões, alta de 13% em relação ao mesmo período de 2016. Em relação ao quarto trimestre, o aumento foi de 6%.

O banco, o segundo maior privado do país, atribuiu o crescimento do lucro à redução dos valores provisionados para perdas com calotes e também ao corte de custos administrativos e com pessoal.

O lucro líquido contábil, que serve como base para a remuneração de acionistas, recuou 1,2% em relação ao primeiro trimestre de 2016, mas cresceu 13,3% ante o quarto trimestre do ano passado.

Os valores incluem o desempenho do HSBC Brasil, incorporado aos resultados os banco desde o terceiro trimestre de 2016. O Bradesco comprou a operação brasileira do HSBC em agosto de 2015 por R$ 16 bilhões. A operação foi aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em junho do ano passado.

As provisões que o banco faz contra calote de clientes recuaram 10,8% no primeiro trimestre, para R$ 4,862 bilhões. Isso significa que o Bradesco estima queda futura nas perdas com inadimplência. Ainda assim, o nível é considerado elevado pelo diretor de Relações com o Mercado do banco, Carlos Firetti, que participou de conferência de divulgação dos resultados do banco nesta quinta-feira (27).

“As provisões estão altas, mas isso vai se normalizar, assim como a margem financeira do banco vai diminuir. Com a queda de juros, a tendência é que a margem financeira se reduza, mas isso vai ser compensado pela queda da inadimplência”, afirmou Firetti.

A margem financeira de juros do banco cresceu 7,9% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período de 2016, para R$ 15,9 bilhões. Em relação ao quarto trimestre, porém, houve recuo de 5%.

A inadimplência total do banco, que inclui pessoas físicas e jurídicas, subiu para 5,6% no primeiro trimestre, ante 5,5% no quarto trimestre e 4,2% um ano antes.

Segundo o Bradesco, o número foi impactado pelo calote de uma empresa de grande porte que começou a apresentar dificuldades financeiras em 2015, mas que, por características de contrato, passou à condição de inadimplente apenas no primeiro trimestre deste ano. “É um caso antigo, mas não temos mais casos desse porte na nossa carteira”, afirmou o executivo.

O banco não revelou o nome da empresa, mas disse que, excluindo o efeito desse calote específico da carteira, o indicador teria recuado para 5,2% no primeiro trimestre.

As despesas totais -administrativas e com pessoal- cresceram 22,9% em relação a um ano, para R$ 9,676 bilhões. Houve queda de 7,7% na comparação trimestral. Excluindo o efeito HSBC Brasil, as despesas totais teriam caído 2,8% ante o primeiro trimestre do ano passado.

Na ponta da receita com tarifas e serviços, o banco registrou aumento de 16% na comparação anual, para R$ 7,43 bilhões. Em relação ao quarto trimestre, houve queda de 1,5%. Quando se exclui o efeito HSBC Brasil, o aumento da receita em relação ao primeiro trimestre de 2016 é mais modesto, de 2,9%.

Crédito

O Bradesco aumentou os empréstimos para pessoas físicas e empresas em relação a um ano, mas diminuiu na comparação trimestral. A carteira de crédito do banco cresceu 8,5% em relação ao primeiro trimestre de 2016, para R$ 502,7 bilhões. O número, porém, significa queda de 2,4% ante o quarto trimestre.

As concessões de crédito para pequenas e médias empresas caíram 6,6% em relação a um ano e 5,9% na comparação com o quarto trimestre. Os empréstimos para pessoas físicas subiram 16,3% em relação ao primeiro trimestre de 2016, para R$ 171,8 bilhões, mas recuaram 0,1% em relação ao quarto trimestre.

Segundo Alexandre Glüher, vice-presidente e diretor de relações com investidores do Bradesco, a expectativa é que as linhas direcionadas a pessoas físicas voltem a crescer com a recuperação da confiança que deve ocorrer após a retomada da economia e também com a melhora dos indicadores de desemprego.

“As duas coisas acontecendo em conjunto deverão trazer investimentos maiores, que trarão necessidades de crédito para suportar esses investimentos, e confiança para que pessoas voltem a consumir”, diz.

Firetti vê a retomada das concessões de crédito a partir do segundo semestre. “A tendência é que o crescimento das concessões se mantenha. Já vemos melhora na originação de crédito em várias linhas.”

Outro fator que deve contribuir para diminuir a inadimplência do banco e melhorar os empréstimos é a liberação das contas inativas de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), a partir de março. O impacto maior, avaliam os executivos, deve se dar na inadimplência, com a circulação desses recursos na economia. (Folhapress)

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