14 de agosto de 2024
Política

Lúcia Vânia confirma vontade de deixar o PSDB

A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) anunciou nesta quarta-feira (4) que deverá sair do partido, em consequência de desentendimentos sobre a sua participação, como representante da legenda, na Mesa do Senado, para o biênio 2015-2016. A senadora disse que vai analisar a questão jurídica que envolve a  decisão, mas que não pretende ingressar de imediato em uma nova legenda.

Em entrevista à imprensa, após manifestar  desagrado com os fatos que envolveram sua candidatura para a Primeira-Secretaria do Senado, Lúcia Vânia explicou que tomou a decisão em razão de boato de que não teria votado com a bancada do partido na reeleição de Renan Calheiros para presidente do Senado, no domingo (1º). A senadora afirmou “não ter dúvida” de que o boato “saiu do PSDB” e reiterou que cumpriu a orientação da legenda, votando no senador Luiz Henrique (PMDB-SC), apoiado pela oposição.

Visivelmente emocionada, Lúcia Vânia disse que não tem mais motivação para ficar no PSDB, não porque a legenda não tenha aceitado sua indicação à Primeira-Secretaria do Senado, proposta por Renan, mas porque ela se sentiu “massacrada” com o boato de que não teria votado em Luiz Henrique.

— Quando o Renan impôs minha candidatura à Primeira-Secretaria, ele jogou a isca e o Aécio mordeu o anzol. Na verdade, ele podia ter dito: “Olha, eu agradeço a indicação, reconheço o valor da senadora, mas nós vamos discutir isso internamente na bancada”, e não levantar suspeita sobre o meu voto. Você quer coisa pior para um parlamentar que tem 30 anos de vida pública, credibilidade e respeito, ter colocado sob suspeição o seu voto ? — questionou.

Lucia Vânia disse que o PSDB não agiu de forma “justa”, e que o partido não tinha direito de dizer que ela tivesse acordo para assumir cargo na Primeira-Secretaria. A senadora ressaltou que apenas disputava internamente na bancada o direito de ir para o órgão, tendo em vista a experiência na atuação política. Ela observou, porém, que a sua intenção extrapolou a situação interna quando Renan disse que aceitava a sua participação na Mesa.

— Eles [do PSDB] não tinham o direito de fazer isso. Ao longo da minha vida partidária, participei do governo Fernando Henrique Cardoso, todos os programas sociais foram criados por mim. Eu criei a nova política de assistência social do nosso país, não é justo que o nosso partido venha me colocar sob suspeição — afirmou.

Lucia Vânia disse que já vinha enfrentando “dificuldades de toda ordem” no PSDB, e observou que o partido não deveria expô-la de uma forma “cruel” nesse episódio.

— Sou a única mulher na bancada, tenho tido muitas dificuldades. Não vim aqui para dizer amém. É uma coisa cruel. Eu me comportei da forma mais ética possível. Cheguei ao Renan e disse: “Não vou votar em você porque representamos aqui uma nova fase da oposição. São 151 milhões de votos que o Aécio recebeu, e eu não posso deixá-lo nessa situação” — afirmou.

Lucia Vânia frisou que iria disputar democraticamente o voto do PSDB por um cargo na Primeira-Secretaria, com a possibilidade de ganhar a indicação internamente, mas que desistiu da disputa para não constranger o senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado nas últimas eleições presidenciais.

— Estava tudo acertado, só que algumas pessoas do partido saíram e começaram a dizer que eu tinha sido retirada da disputa porque eu tinha votado no Renan. Em toda reunião, a gente procura buscar o equilíbrio na situação, mas a forma como foi conduzida, e as pessoas achando que eu votei no Renan, enquanto me comportei da forma mais ética possível. Eu falei com o Renan, e registrei meu voto diante de Luiz Henrique — afirmou.

Lúcia Vânia afirmou que a sua eventual participação na Mesa não deveria ser motivo para embate, e que esta seria apenas uma alternativa a mais para quem já participa de forma assídua dos trabalhos da Casa.

Lúcia Vânia confessou ter “mágoa” do PSDB, mas observou que as disputas “são normais para quem é político”.

— O que não é normal é deixar um companheiro ficar massacrado, um companheiro que você compreende que é correto e que trabalha. Quero me isolar um pouco de tudo isso. O PSDB tem que ter mais delicadeza para lidar com situações complexas. Não vou sair candidata à Mesa. Uma questão administrativa não deveria ser instrumento de disputa política — concluiu.

(Agencia Senado)


Leia mais sobre: Política

Comentários

0 Comentários
Mais Votado
Mais Novo Mais Antigo
Opiniões Inline
Ver Todos os Comentários