18 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:41

Lojas no centro de SP são roubadas após tumulto na região da cracolândia

Foto: Paulo Gomes / Folhapress
Foto: Paulo Gomes / Folhapress

Comerciantes do centro de São Paulo foram surpreendidos na manhã desta quarta-feira (18) ao ver suas lojas destruídas e roubadas após confronto entre a Polícia Militar e moradores de rua na região da cracolândia na noite desta terça (17).

A Secretaria da Segurança Pública informou que oito pessoas foram detidas e levadas para o 2° DP (Bom Retiro) por furto, danos e arrombamento de lojas. Além disso, um policial ficou ferido na boca e foi encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo -seu estado de saúde não foi informado. A reportagem, contudo, presenciou ao menos três policiais com ferimentos na boca e cabeça por conta de objetos lançados contra eles.

O problema começou ainda no final da tarde, quando, segundo a polícia, dependentes atiraram pedras contra uma base da corporação. O incidente foi na base da PM no largo Coração de Jesus, de acordo com comerciantes da área -na esquina com a alameda Dino Bueno, portanto, onde fica o fluxo de usuários de crack.Usuários fizeram barricadas, ateando fogo em objetos na entrada da rua, e foi solicitado reforço policial, recebido com novos lançamentos de paus e pedras. A PM revidou com bombas de efeito moral e tiros com balas de borracha, o que provocou correria.

Os dependentes químicos se dispersaram pelas avenida Duque de Caxias, e um grupo arrombou portões de uma loja de calçados, roubando produtos que estavam na vitrine. Ao menos seis lojas foram saqueadas, segundo a polícia, como a loja de materiais elétricos na rua Santa Ifigênia. A polícia informou ainda que algumas lojas da avenida Duque de Caixas e da rua dos Andradas também tiveram produtos roubados.

PROVOCAÇÃO

Segundo relatos de moradores de rua ouvidos pela reportagem, no entanto, os policiais provocaram a reação dos usuários de droga. A prática é comum na região, como conta Raphael Escobar, do grupo com atuação em defesa dos direitos humanos na cracolândia A Craco Resiste. “Eles tratam mal, ficam chutando os moradores de rua, instigando uma reação”, diz Escobar.

Uma das integrantes do coletivo, a antropóloga Roberta Marcondes conta que um policial ameaçou atirar na direção do grupo. “Estávamos tentando passar e ele mandou a gente voltar. Falei ‘a gente é dos direitos humanos’ e ele respondeu ‘foda-se!'”, afirma Marcondes.

O grupo é contra a desarticulação dos programas de atendimento aos dependentes químicos na região. A gestão do prefeito João Doria (PSDB) já tinha anunciado o encerramento do Braços Abertos, programa da gestão anterior, de Fernando Haddad (PT).

Como uma das vitrines do tucano são as ações de zeladoria na cidade, como a promoção de mutirões de varrição e a campanha contra pichações, a expectativa tanto de dependentes químicos quanto de ativistas é a de que Doria, que em dezembro manifestou a intenção de ampliar a presença policial na cracolândia, promova em breve uma ação policial no local, em conjunto com o governo Alckmin.

(FOLHAPRESS)

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