São Paulo – O lobista Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, declarou à Justiça Federal que o suposto operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, lhe disse que estava sendo pressionado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, para o pagamento de propina. Os valores da propina teriam saído de compras de navios-sonda.
“Julio, realmente nós estamos com um problema, porque eu estou sendo pressionado violentamente, inclusive, pelo deputado Eduardo Cunha”, disse Julio Camargo, atribuindo a frase a Fernando Baiano.
Ainda segundo o lobista, Fernando Baiano disse a ele. “Isso aí vai chegar numa situação muita embaraçosa para mim, mas para você, com certeza vai ser muito mais embaraçosa”.
Julio Camargo depôs nesta quinta-feira, 16, em Curitiba, na Justiça Federal em uma das ações da Lava Jato. Ele disse que responde a Fernando Baiano. “Eu falei, bom, eu estaria à disposição para conversar com o deputado Eduardo Cunha explicar o que está acontecendo. Ele falou: Julio, ele não quer conversar com você. Ele quer receber.”
Julio Camargo afirmou que se reuniu pessoalmente com Cunha na Base Aérea Santos Dumont, no Rio. “Eu tive outros encontros com ele, mas não sobre esse assunto, tive encontro sobre a Premium”.
‘O sr. citou que o parlamentar era uma pessoa agressiva’, indagaram a Julio Camargo. “Agressivo não no tipo físico. Diria mais sob o ponto de vista verbal, uma pessoa que tenta lhe constranger, lhe colocar a corda no pescoço, no sentido de possuir as ideias”.
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