Em uma entrevista em tom exaltado, na qual entrou em embate com os jornalistas, a candidata a vice-presidente de Ciro Gomes, Kátia Abreu, criticou nesta segunda-feira (3) a divulgação pelo Ministério do Trabalho da lista de empregadores com denúncias de trabalho análogo à escravidão.
Para ela, a iniciativa é um “apedrejamento antecipado” e deveria ser feita apenas após investigação formal das acusações. “Nós vivemos em um estado de direito e as leis devem ser cumpridas. A lista é uma condenação antecipada e um apedrejamento antecipado. O sujeito não foi investigado”, disse em entrevista à GloboNews.
Ela afirmou ainda que o trabalho análogo à escravidão é “inaceitável”, mas que as denúncias têm de ser devidamente apuradas. Segundo ela, a presença na lista impede, por exemplo, um pecuarista de vender gado a frigoríficos e um produtor de cana a comercializar açúcar.
Luiz Alfredo de Abreu, irmão de Kátia, já chegou a integrar a lista suja do trabalho escravo. O nome dele foi retirado em outubro, por ordem judicial liminar da Justiça do Trabalho. Ela disse, em entrevista à reportagem, que a presença do nome dele foi “injusta”.
Durante a entrevista, Kátia respondeu a críticas e rebateu acusações, protagonizando discussões com os jornalistas. Ela afirmou que processo contra ela no rastro da Operação Lava Jato, baseado em delação premiada, foi arquivado por falta de provas.
Líder do setor ruralista, ela negou que tenha sido acusada de desmatamento e defendeu a preservação ambiental. No passado, quando era presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) foi premiada com o troféu “Motosserra de Ouro” pelo Greenpeace.
A candidata a vice-presidente adotou discurso contrário ao de Ciro Gomes sobre a extinção da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) em 2007. Ela afirmou que o imposto foi criado com boa intenção, mas que depois virou um “engodo à população” e se tornou desnecessário.
“A CPMF foi criada com a melhor intenção possível. Mas ela virou ad eternum e se tornou desnecessária e um engodo à população”, criticou, lembrado que foi a relatora da proposta de fim da contribuição.
Em discursos durante a campanha eleitoral, Ciro tem criticado o fim do imposto e afirmado que a sua extinção comprometeu o financiamento da saúde no país. Ele tem cogitado, inclusive, recriar a contribuição. “Isso tudo está sendo discutido e tem de ser aprovado pelo Congresso Nacional”, ponderou Kátia.
Na entrevista, ela disse que, caso fosse vice-presidente de Dilma Rousseff, a petista não teria sofrido processo de impeachment. “Se fosse vice, ela não teria caído, porque eu não faria uma traição”, disse. Kátia foi ministra da Agricultura de Dilma e é sua amiga.
Ela também lamentou o incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e disse esperar que, das cinzas do acervo, o país ressurja como “uma fênix”.
No final da entrevista, reconheceu o nervosismo. “Eu estava muito ansiosa e nervosa e agora acho que passou rápido demais”, disse.
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