O relatório do Comando de Policiamento da Capital (CPC) aponta reduções expressivas em crimes violentos ocorridos entre meia-noite e 5h da manhã, período em que as distribuidoras de bebidas passaram a operar com restrição de horário, conforme determina a Lei Municipal nº 11.459/2025. Apesar dos avanços, os números não confirmam a informação divulgada pela Prefeitura de Goiânia de que as ocorrências teriam sido “zeradas” após a entrada em vigor da norma.
De acordo com o comandante do CPC, coronel Pedro Henrique Batista Alves de Paiva, o impacto da medida é “positivo e mensurável”. Em entrevista ao Diário de Goiás, o coronel evitou polemizar em relação ao discurso do Executivo municipal, mas destaca que “os dados são claros” e devem orientar qualquer decisão sobre flexibilização. “Respeitamos a Câmara Municipal e o grupo de empresários das distribuidoras que busca mudanças na lei, mas os números falam por si. Será que queremos voltar ao tempo em que noticiávamos homicídios e brigas em distribuidoras?”, questionou.
Nós fomos surpreendidos positivamente. Imaginávamos uma redução, mas não nessa proporção. Tivemos uma queda de 50% nos homicídios de 12 para 6 casos e de 40% nas tentativas de homicídio, comparando o mesmo período de 2024 e 2025.
O levantamento, elaborado pelo Observatório de Segurança Pública do CPC, também registrou redução de 20% nas agressões e 29% nos acidentes de trânsito com vítimas, ocorridos no intervalo analisado entre agosto e outubro. Segundo o coronel Batista, os resultados confirmam uma relação direta entre o consumo de álcool e os índices de violência. “Era comum vermos pessoas que iam às distribuidoras já sob efeito de álcool, saíam dirigindo e se envolviam em acidentes graves”, observou.
O coronel também ressaltou que a segurança pública é dever do Estado, mas responsabilidade compartilhada. “É preciso que o Poder Legislativo e o Executivo ouçam a população. Recebemos relatos de mães que moram próximas a distribuidoras e que voltaram a ter sossego após a meia-noite. Há um sentimento coletivo de alívio”.
Monitoramento contínuo
Para garantir transparência e evitar interpretações equivocadas sobre a eficácia da norma, o CPC pretende manter o monitoramento mensal dos indicadores. “Nosso observatório faz essa análise diariamente, mas vamos divulgar balanços mensais para acompanhar o impacto real da lei”, informou o comandante.
Pesquisa de opinião encomendada pela Prefeitura também indicou aprovação de 73% da população goianiense à restrição, enquanto 61% afirmaram já ter presenciado situações de risco em distribuidoras antes da mudança no horário.
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