Para a jornalista Fabiana Pulcineli, do Jornal O Popular, o evento de lançamento da pré-candidatura de Júnior Friboi ao governo do Estado, pouco altera na discussão da oposição para o pleito do ano que vem. Na coluna Cena Política, assinada por ela, Pulcineli destaca que a decisão de Iris Rezende de dar respaldo aos aliados de Friboi para o lançamento da pré-candidatura dele, indica duas preocupações do maior líder peemedebista: Não ser acusado de não abrir espaço para outro nome e não perder a aliança com Friboi.
Veja o artigo da jornalista na íntegra:
“Risco n’água
O ato previsto para hoje de oficialização da candidatura do empresário José Batista Júnior, conhecido como Júnior do Friboi, a governador pelo PMDB pode até alimentar seu ego ou renovar suas esperanças, mas, na prática, pouco altera o quadro e as articulações para 2014.
Há meses, Júnior vem cobrando do partido uma posição oficial. Acha que precisa do respaldo da sigla à sua pré-candidatura para se fortalecer na articulação de apoios e para crescer nas pesquisas.
À medida que assistia às movimentações nada discretas do ex-governador Iris Rezende, intensificou suas pressões, batendo na tecla de que Iris não se apresentou como candidato. Propôs prévias, queixou-se em entrevistas, reclamou com aliados, insistiu nas cobranças, acionou a cúpula nacional.
Iris polariza com o governador Marconi Perillo (PSDB) nas pesquisas eleitorais, mantém bom trânsito com os demais partidos da oposição, em especial o PT, e abriu escritório político para um entra-e-sai frenético de aliados. Dá todos os sinais de que está disposto a encarar nova candidatura, embora não se apresente como postulante. Na semana passada, com respaldo de Iris, a direção do partido decidiu fazer a vontade de Júnior. Vai anunciar hoje seu nome como o pré-candidato da sigla.
Por trás da decisão de Iris estão duas preocupações. Primeiro não ser acusado novamente de não abrir espaço para novas lideranças, agindo de forma autoritária e centralizadora no partido. Segundo, o ex-governador sabe que a oposição não pode abrir mão de um forte financiador de campanha como Júnior.
Bem define um aliado de Iris: “Quem enfrentou uma campanha com uma estrutura muito inferior à do PSDB, quando faltou até santinho, não vai brigar com Júnior agora”. Iris costuma mesmo atribuir a derrota de 2010 à disparidade de estrutura.
A frase dá o tom da tese do grupo irista. Eles não acreditam que Júnior tenha potencial para deslanchar nas pesquisas e muito menos capacidade de aglutinação.
Como os próprios integrantes da direção do partido têm declarado, o empresário terá até abril ou maio para mostrar robustez. Sem isso, será difícil. E, claro, Iris estará lá no banco de reserva para se apresentar. E aí Júnior não poderá reclamar de falta de apoio nem terá motivos para romper com o partido e não colaborar na campanha.
Na prática, Iris não deixará de cuidar de suas articulações. Os defensores de sua candidatura não deixarão de se manifestar, como já fizeram nos jornais e nas redes sociais na semana passada. As dúvidas sobre as intenções do ex-governador permanecerão. E os partidos aliados continuarão levando em conta sua pré-candidatura.
Júnior continuará não sendo a estrela principal do partido. Restará a ele o tolo “apelo” para que o nome de Iris não seja incluído nas pesquisas – como fez semana passada, provocando novos atritos com o grupo irista –, ou o discurso, que até soa como ingênuo, de que a maioria do PMDB quer Iris candidato ao Senado.
A situação para Júnior, portanto, continua difícil. Terá de se desdobrar nas articulações – nas quais não valerá só promessa de recursos para campanha –, na elaboração de um bom projeto político, na melhoria dos discursos e na posição mais firme e crítica em relação ao governo.
Entusiasmar-se com ato formal soa como mais um sinal de imaturidade para o jogo político.”
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